As verdadeiras vítimas não vêm queixar-se à televisão

A introdução de câmaras de filmar no interior dos táxis colidiria com o direito à protecção da imagem e segurança dos assassinos de taxistas, consignado na lei. Mais consensual seria de facto a atribuição de uma linha telefónica aos taxistas encalacrados. “Está lá, é para avisar a minha mulher que esta noite não janto em casa”. Claro que, nesse caso, teria de se introduzir uma cláusula advertindo que a utilização indevida e abusiva seria punida por lei. Caso sobrevivesse, seria aplicada uma coima nunca inferior a um ano de salários do prevaricador, que reverteria a favor da assistência social do lesado. O legislador não pode ficar indiferente à demorada e minuciosa preparação de um assalto, ao gorado investimento intelectual e material do proponente, arrastando na penúria famílias e veias sôfregas, sobretudo num período em que o país padece tão amargamente das consequências da falta de iniciativa privada.

Publicado por Nino 08:30:00  

8 Comments:

  1. Anónimo said...
    A questão da segurança dos taxistas é um bom exemplo de como funciona Portugal e os portugueses.

    Há vários anos que existem muitos fabricantes de sistemas tecnológicos muito interessantes e a preços bastante acessíveis. Desde um simples sistema com camara dissuasor que grava para uma caixa negra as imagens até aos sistemas mais avançados com multi-camera, gps, mapas de ruas e trajectos, facturação e tracking central. Os preços podem ir dos 500€ até aos 1500€.

    Alguns destes sistemas mais caros para além da segurança, também servem outras finalidades. Seria possível por exemplo às centrais de teletaxi encaminharem de forma automática um cliente para o carro mais próximo pois na central o computador analisa em tempo real onde está toda a sua frota, e qual é de facto a viatura mais próxima do cliente. O taxista recebe as instruções no seu painel central, com mapa de tudo.

    Mas regressando à questão: havendo no mercado tanta opção disponível, porque é que andamos há anos à espera que sejam implementados ? Simplesmente porque querem ser subsidiados, qurem que o Estado pague os sistemas.

    Falou na iniciativa privada. E falou muito bem. Mas aqui esbarramos noutro muro à portuguesa. Eu até poderia achar tudo isto um interessante negócio, e montar eu uma empresa do ramo. Mas não tenho qualquer hipotese. Não venderia um único sistema. Os taxi's estão organizados de forma muito fechada em torno de determinadas organizações. E estes é que podem ou não fazer os negócios. Aqui há uns anos um amigo meu com algum knowhow na area montou um negócio de venda de sistemas para taxis. Ele importava taximetros muito mais evoluidos, de menor manutenção e mais baratos. Não teve qualquer hipotese.

    É um pouco assim que funciona Portugal.
    Anónimo said...
    Por acaso não sou lá muito adepto de fazer humor negro com casos reais de dramas pessoais.
    Não sei porquê mas não consegui descobrir a piadinha com que o autor do post nos quis brindar.

    1 - Isto não tem piada nenhuma.
    2 - Não deve haver problemas nenhuns legais à introdução das câmaras tal como não há em bancos, passeios, etc (há uma série delas em espaços públicos).
    3 - Deve é haver (como diz o colega de cima) o costume em Portugal: os industriais do ramo não se mexeram o suficiente para se defender; e esperam pelo Estado a quem clamam na hora da tragédia.

    Não há enquadramento legal? Então usem do tal "direito à indignação", instalem as câmaras, e depois vamos ver quem tem coragem política de as tirar.

    Não venham é abusar dos corpos dos taxistas mortos para defender a própria incúria. É desonesto e desvaloriza uma posição que era forte.
    Manuel said...
    Humor Negro ? parece-me uma metáfora muito real sobre um certo excesso de garantismo.
    Anónimo said...
    Então expliquem lá por favor em que país de excesso de garantismo estão os bancos, as estações de serviço, os centros comerciais, os hipermercados, as ruas junto a caixas multibanco, etc., que estão carregadas de câmaras de vigilância.
    Ainda ontem no debate sobre Oeiras uma candidata garantia o reforço (é porque alguma haverá...) de video-vigilância em passeios públicos.
    E se isso é possível nesses locais todos e ainda não caiu a República porque não há-de ser possível nos táxis.

    E era Humor Negro sim, é essa a definição de "metáfora muito real" quando envolve piadas sobre mortos reais.
    Manuel said...
    Ó fernando, P-E-N-S-E. E releia com atenção.
    Anónimo said...
    Ó Sr. Manuel

    Vá tratar assim as criancinhas que quiser e poupe-me à sua arrogância, pois não me conhece de lado nenhum.

    Se tiver metade da inteligência de que se arroga, faça-nos lá então o favor de responder à questão que é colocada, em vez de jogar à canela.
    Anónimo said...
    Sr Fernando,
    O autor deste post não quis de maneira nenhuma fazer "piadinha" bem pelo contrário... releia com atenção.
    Anónimo said...
    Vai haver alguma altura em que param de tratar da cosmética e alguém nos esclarece sobre a única coisa que interessa mesmo: (se é ou não possível hoje instalar câmaras nos táxis, e se não, porquê)?

    É que se alguém que perceba disto me explicar que há mesmo uma lei qualquer que permite isto nos tais bancos, espaços públicos, etc. mas proíbe nos táxis, então eu passo a dar total razão ao post e passo a indignar-me enquanto isso não for resolvido.

    É esse o objectivo disto, não? Somos todos crescidos, certo?

    Se querem um pedido de desculps pela história do humor negro, ele aí está. Lamento.

    Podem então agora responder-me?
    S.f.f.

Post a Comment