O Centro Hospitalar de Vila Real / Peso da Régua, SA anuncia na secção dos “empregos” do JN de hoje a intenção de contratar um administrador hospitalar em regime de contrato individual de trabalho, com remuneração a “combinar”. Trata-se de uma situação mais do que estranha. Em primeiro lugar, porque os administradores não devem ser contratados neste regime, mas sim no de comissão de serviço, dada relação e confiança que deverá existir entre esta figura e a direcção de topo, neste caso o conselho de adminsitração. Em segundo lugar, a remuneração “a combinar” é algo que faz pouco sentido, o vencimento de um administrador hospitalar está mais do que tabelado, daí que não se combinem ordenados e muito menos quando é para fazer parte do quadro da organização. Também não faz sentido anunciar no mês de Agosto, altura em que a maior parte dos profissionais estão em férias e menos atentos aos anúncios dos jornais, diminuindo-se assim o leque de concorrentes. É claro que se trata de um hospital SA, aonde se vai permitindo tudo e mais alguma coisa em nome da pretensa agilidade de gestão, acontece que isto não é boa gestão – uma empresa de capitais privados não contrataria um administrador em regime de CIT, nem iria ao mercado procurá-lo durante o mês de Agosto. Dir-me-ão alguns que nos hospitais públicos sempre existiram administradores de carreira, o que é verdade, mas que eu saiba à ideia dos hospitais/empresas estava subjacente o princípio de corrigir os eventuais vícios que pudessem existir nos de natureza pública e não persistir no erro, como parece estar a acontecer. Obviamente que, a partir do momento em que os hospitais SA passem a EPE a brincadeira, imagina-se, vai acabar, até lá desconfio que ainda vão aparecer muitos anúncios como este.