Gulbenkian - memória

Os grandes vultos de Azeredo e Madalena Perdigão foram os motores de uma instituição com um prestígio e dignidade notáveis. O amor pelas pessoas e pela cultura de Azeredo Perdigão obrigava a preços muito económicos nos concertos, Perdigão se visse pessoas à porta do grande auditório sem bilhete, muitas vezes jovens sem dinheiro, dizia aos porteiros: “deixem entrar toda a gente, não fica ninguém à porta na Fundação Gulbenkian”. Longe estão os dias de Azeredo Perdigão, longe está a elegância e a qualidade do homem que fez da instituição o verdadeiro ministério da cultura de Portugal. Hoje em dia a administração da Gulbenkian decide acabar com um património, que já não é pertença de uma instituição mas universal, de um dia para o outro, sem reflexão pública, de forma autoritária e como se tratasse de uma empresa que se quer deslocalizar. O respeito pelo público e pelos artistas foi o primeiro património a desaparecer o que se seguirá?

in Crítico

Publicado por Manuel 17:05:00  

3 Comments:

  1. António Torres said...
    É sempre fácil querer fazer coisas e não sermos nós a pagar.
    Ainda não ouvi ninguém sugerir ao governo que use na cultura uma ínfima quantia do que quer esbanjar no TGV e na Ota.
    Todos gostamos muito de cultura, especialmente em alturas destas, mas o normal é exigir-se Ópera a pataco e não reclamar do preço dos bilhetes de futebol.
    Ah! esquecia-me que futebol, para estes efeitos, não é cultura.
    Por isso, pode ser caro...
    Anónimo said...
    “... longe está a elegância e a qualidade do homem que fez da instituição o verdadeiro ministério da cultura de Portugal... “
    INDISCUTÍVEL.
    Mas ... para se manter a chama viva, é necessário alimentar as despesas, manter as infra-estruturas operacionais, pagar aos mestres, dançarinos, artistas, enfim, uma panóplia que naturalmente não se alimenta só de expressão cultural pura e rigor artístico. Das mais prestigiadas, aliás. Um ex-libris. Mas o público já não pode ser o mesmo. Discutem-se décimas!

    E o problema são mesmo as contas. O vil metal. Se como empresa atravessa uma difícil época financeira deve agir como empresa. Se não podes concorrer sozinho, alia-te a quem possa!

    Porque não recorrer a subsídios do respectivo Ministério da Cultura?
    Ah! Pois! Não há rubricas nem disponibilidades para esse efeito. Talvez abrindo-se para aí mais um Choque Cultural, sei lá...
    Bem, então procurem parceiros lá fora.
    Aliem-se a Grupos de Dança de Escola Chinesa de Macau, Beijing. Deixemos de ser pequeninos. Os chineses tinham uma oportunidade ímpar de entrar no Ocidente pela porta do saudoso arménio com o seu riquíssimo historial. Será uma heresia? O importante, na minha humilde perspectiva, é perpetuar o valiosíssimo património da Gulbenkian. Deixemos de lado o orgulho. Evitemos enquanto é tempo, à ultima representação sem o Cisne porque ter sido comido pelos ratos... Mexam-se!


    Kalonge
    Anónimo said...
    Em vez de protestar, devíamos era agradecer à Fundação Gulbenkian o muito que tem feito!

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