fazer sentido
quarta-feira, julho 27, 2005
A notícia vem serena e só surpreende os crentes. António Costa recupera negócio (o do SIRESP) que anulou a Santana, e faz a capa do Diário Económico. Ao que parece e depois do barulho todo não foram afinal encontrados vícios relevantes (estranho eufemismo). Renegoceia-se e pronto. Num país normal tudo isto seria um caso de polícia, antes, durante, e agora, mas como o que interessa são as formalidades e a ordem dos factores vai acabar tudo bem, para todos, pelo que até o Dr. Lopes pode ir de férias descansado.
Há, é claro, uma série de coisinhas que ninguém explica adequadamente, e uma delas é a necessidade última do SIRESP tal como está pintado neste estranho "concurso". De certeza que é preciso criar quase de raiz um novo operador móvel, com tecnologia proprietária - com o fim único de servir as forças de segurança e protecção civil ? De certeza mesmo ? Não seria possível - tal como acontece noutros lados - o Estado garantir para si - no âmbito das contrapartidas que os operadores fixos e móveis são obrigados a dar - serviços e largura de banda "mínima", para emergências, sendo que no topo desta largura de banda garantida, haveria então sim uma integração uniforme. Não ficaria assim tudo mais barato, escalável e funcional. A redundância que quatro ou cinco ou seis operadores podem dar é infinitamente superior à que um único dá mas... as coisas são o que são.
A propósito doutro grande mistério dos nossos tempos - a Ota - alguém dizia nos nossos comentários que...
acredito que a decisão do governo tem outros fundamentos. acredito que tenha sido pensada e estudada. de outra forma, nada faz sentido.
Pensemos pois que tudo faz sentido, que tudo foi pensado e estudado, e foi-o, por financeiros e banqueiros, e assobiemos para o lado. Há aliás tradição. Durante 40 anos vivemos numa ditadura "suave", onde - dizem - até não se vivia mal, no Leste era pior, desde que não se pensasse muito e não se fizessem perguntas. Os outros, os que sabiam, decidiam e pensavam por todos. Faz sentido.
Publicado por Manuel 13:13:00
É curiosa a proporção inversa que se estabelece de forma evidente entre o número de pontos de exclamação e o número de argumentos que façam alguma espécie de sentido.
Get a life!