Casa da Música (V)


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Na página oficial da Casa da Música encontramos no seu lado esquerdo uma referência aos “agrupamentos residentes”, abrindo a hiperligação descobre-se que o único agrupamento residente que lá está é o Remix Ensemble. Tudo estaria bem, se não fosse o facto se o RE não ser, pela sua natureza, um agrupamento residente, mas sim um mero serviço ou marca da CdM, criado pela CdM e financiado exclusivamente pela CdM, pelo que a estar em algum lado nunca deveria ser no espaço dedicado àqueles agrupamentos pois deles, em bom rigor, não deveria fazer parte. Desconhece-se, inclusive, se a própria CdM tem actualmente alguma política para a criação de residências permanentes ou temporárias no edifício, no tempo da administração de Manuel Alves Monteiro havia essa intensão, tendo-se alviterado na altura a possibilidade de o agrupamento Drumming ser uma estrutura residente da CdM, o que (é)ra de toda a utilidade para um grupo com provas dadas, que passaria a ter as condições de excelência para poder trabalhar o seu repertório, apesar do reconhecimento unânime da qualidade do trabalho que está a produzir, o que, por nós, não deixaria de ser considerado serviço público.

Um pequeno parêntesis, não me move contra a CdM em geral e ao RE em particular, em relação ao edifício na altura certa fomos dos que também elogiaram a sua construção, destacando pela positiva a sua inauguração. Em relação ao RE, consideramos que este, é o projecto mais inteligentes que em torno da CdM se desenvolveu e que, entendo, é aquele que, do ponto de vista de projecto artístico, melhores condições tem para se destacar pela positiva, parecendo-me (porque não tenho elementos para ser mais conclusivo) que, a par de alguns projectos educativos desenvolvidos por Fausto Neves, foi dos poucos que, desde o início, foi trabalhado de modo a constituir efectivamente uma mais valia patrimonial, ainda que intangível, para a CdM. Move-me sim, e de facto, a falta de rigor na utilização do conceito de residência que, a não ser utilizado de forma despicienda o que seria igualmente lamentável por ser um sinal de que não se tem a noção do que se anda a fazer, parece-me, não tem outro intuito que não seja o de tornar a realidade RE em algo efémero, temporário, desligado aparentemente da CdM, podendo esta, em qualquer altura, dele se descartar, extinguindo-o por mera decisão, fazendo tábua rasa dos muitos milhares de euros gastos, e bem, a criar um agrupamento de altíssimo nível, através de um repertório específico e com intérpretes de qualidade, promovendo-o de forma a que, a nível nacional e internacional, seja já uma marca implantada no mercado, porque não usar esta palavra, da música contemporânea, gerando um conjunto de externalidades positivas, decorrentes do enorme valor acrescentado da sua prestação.

Uma última nota acerca do RE, entendo que este agrupamento num futuro mais ou menos longínquo poderia vir a ser de facto e de direito, não esquecer, um agrupamento residente da CdM, esta, contudo pressuporia a sua autonomização jurídica como um ente colectivo, associando-lhe uma operação de MBO ou eventualmente uma cessão da sua exploração ou trespasse, por exemplo a uma editora discográfica internacional ou a uma agência de artistas, ficando a CdM com a propriedade da marca RE, garantido ao mesmo tempo a residência deste no edifício ao qual não deixariam de estar associados um conjunto de espectáculos como contrapartida da residência ou a custos francamente interessantes do ponto de vista da gestão.

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Publicado por contra-baixo 15:46:00  

2 Comments:

  1. Anónimo said...
    Mas essa casa da musica, fica no terceiro mundo? o que aconteceu a
    todos os comilões que se fartaram de comer dinheiro do contribuinte
    para voce escrever algo, que não è de um país civilizado!
    Que fizeram todos? nem capaciada tecnica, nem administrativa, nada
    o fracasso total dum país que não consegue gerir uma pseudo casa da musica. Aconselho a irem à Nova Zelandia, onde o mesmo arquitecto
    fez outra igual e talvez arranjem alguem para não deixar isso começar-se a afundar pelo chºao abaixo!
    A proposito não existe neste país uma ministra da cultura? dá impressão que não, mas existe ela
    que justifique perante os contribuintes, porque esta a a deixar afundar a casa da musica
    ou se não è capaz demita-se-....
    contra-baixo said...
    caro anónimo,

    Não me parece que a posta justificque o radicalismo da sua intervenção, em bom rigor a mesma serviu mais até para destacar o que de positivo se fez na CdM, como é o caso do Remix Ensemble, e não para destilar sobre amarguras alheias ao equipamento.

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