Têm em comum algumas coisas. De facto, costuma dizer-se que as conversas são como as cerejas, porque atrás de uma ideia vem outra e flúem com uma lógica própria, normalmente não pré-determinada. O mesmo se passa com as investigações criminais.
Com ou sem o auxílio de elementos gráficos é fácil concluir que o lento desenrolar do processo em que se fará – espera-se – a escalpelização do que se passou em Fevereiro começou por ser uma investigação à violação do segredo de justiça. E pode dizer-se isto sem assombro, desde logo, porque era essa a face visível, cognoscível, da problemática em causa. Depois, porque a constituição como arguidos dos responsáveis de órgãos de comunicação social é indício certo de que é essa a génese do processo. E, por fim, porque nada nos garante que já alguém tenha sido constituído arguido por outra coisa qualquer.
Por outro lado é importante esclarecer que, quando se investiga o possível cometimento do crime p.p. pelo artigo 371.º do Código Penal não é possível lançar mão de escutas telefónicas como meio de obtenção de prova o que não é, em bom rigor, caso de parecer ou deixar de parecer, é tão somente o que resulta do artigo 187.º do Código de Processo Penal.
Se dessa investigação inicial surgiram, como é noticiado, outras suspeitas às quais correspondem ou corresponderam tipos diferentes e diligências adicionais, é uma outra questão. Acessória.
A ser verdade o que diz o Expresso, Miguel Almeida foi constituído arguido no âmbito de um inquérito que tem início com a suspeita da prática de um crime de violação do segredo de justiça. Com que ramificações ulteriores o tempo o dirá. Uma delas, que está relacionada com a falsificação de documentos, nem é citada pelo Expresso, embora tenha sido em tempos noticiada.
As notícias de 11 e 18 de Fevereiro destinavam-se mesmo a causar estragos na votação do PS. Pareciam na altura, e cada vez parecem mais, uma manobra de propaganda baixa, típica de pessoas que não sabem o que é uma democracia.
É certo que falhou. Mas não se pode acusar, sem mais, o PS de ter deixado fazer coisa nenhuma.
Tentar envolver o PS nesta sujeira só pode ser fruto de uma tentativa de, ao dividir o mal pelas aldeias, minorar o impacto público que poderá ter o envolvimento de altos dirigentes do PSD numa manobra destinada a, sejamos francos, defraudar os resultados eleitorais. Não resultou e ainda bem. O País não é Lisboa e para vergonhas basta uma. É preciso lembrá-lo?
O PS não tem, tanto quanto é possível apreender, nenhuma quota nesta embrulhada. Poderá ter – tem, disso podem ficar descansados – em muitas outras, mas não nesta.
E José Sócrates pode ter muitos telhados de vidro – há quem diga que tem, eu não sei, não sou nenhum illuminati, nem maçon, nem supranumerário na Opus Dei, nem tenho acesso a outras fontes previligiadas de informação – mas parece que este não é um deles.
A ver vamos. E até ver, a única relação perigosa de José Sócrates com o processo em causa resulta, literalmente, de uma fotomontagem amadora.
Nos entretantos, como diz este povo que é o nosso, será talvez de serenar e deixar a justiça funcionar. A verdade acima de tudo. Ainda que estrague uma boa história.
Já agora, falta investigar o crime de violação do segredo de justiça que deu origem à notícia do Expresso. Pelo sim pelo não. As investigações criminais, como se disse, são como as cerejas, e a fonte destas últimas notícias pode ser, surpreendemente, alguém que não pertença ao PS.
Publicado por irreflexoes
16:24:00
5 Comments:
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Ao pecado se me sentir socialista junto ess'outro maior de ser ateu.
TENHO AS MINHAS DUVIDAS, O TIPO ERA
MINISTRO DO AMBIENTE!
eSTVA MUITO PERTO, PARA NÃO SE CHAMUSCAR.........
Essa veia democrática vai fazendo algumas baixas mas muitas mais haveria não fosse a casa do sino e a irmandade. É mesmo caso para dizer que quem não tiver telhados de vidro se chegue à frente! ò pra eles a avançar!