"vanity has allways been my favourite sin"...
sexta-feira, abril 01, 2005
Por estes dias a performance política de António Borges só faz lembrar o desempenho do Futebol Clube do Porto esta época, uma imensa e enorme desilusão, o mínimo que se esperava, de alguém de quem se fala há anos, é que tivesse feito os trabalhos de casa, e manifestamente não fez. António Borges está no seu direito de não se rever no actual PSD, este irritante escriba também não se revê, está no seu direito em querer apresentar uma alternativa, o que não pode, sob o risco de não ser levado a sério, e se descredibilizar totalmente, é ignorar totalmente as realidades no terreno.
António Borges tem que decidir rapidamente o que quer ser. Se quiser continuar a ser tomado como um ingénuo, então pode continuar ostensiva, e alegremente, a ignorar as condicionantes da presente situação política, a fazer tábua rasa do estado actual das coisas, e a falar em abstracto e de cor, baseado numa visão etérea, aérea, não substantiva e actuante. Se quiser ser levado a sério tem que perceber como é que as coisas, bem ou mal, são agora, e porque é que chegaram a tal ponto - e isso manifestamente não percebeu - para então sim apresentar soluções, e pontos de partida, e chegada.
António Borges será certamente uma pessoa estimável, tem a sorte de ter muitos amigos, simpáticos, que o gostariam de ver na política, não se sabe agora se pelas suas capacidades se pela falta de algumas delas. É unanimemente reconhecido como tecnicamente capaz e competente, mas está a revelar a mais estrondosa falta de tacto e sensibilidade política. Pior, baseia a sua análise em dados, e premissas, virtuais e irrealistas. Dramático mesmo, é que, a continuar por este caminho, acabará por por ser recordado como uma outra versão, remake em registo yuppie e infinitamente mais respeitável, do Dr. Lopes, outro para quem a realidade sempre foi um pequeno detalhe. É pena, pena mesmo, porque de facto o Dr. Borges até podia vir a dar muito ao País, mas nunca assim.
Eu não conheço do Dr. Borges, mas espero que ele tenha pelo menos um amigo, a sério, que lhe explique, se necessário com desenhos, a triste figura que está a fazer, de preferência antes do Congresso e antes do Professor Marcelo se cansar, parar de rebolar de riso, e o chumbar na televisão.
O que o PSD, em concreto, e o espaço político da não esquerda, em geral, precisam, objectivos claros e determinados, claramente articulados com príncipios e valores. No presente falta ao PSD uma agenda específica e clara, porque será nessa, e só nessa, que se reverão, ou não, as pessoas, é essa que lhes resolverá ou não os problemas, e lamentavelmente não se tem ouvido falar muito da reforma do sistema político, provavelmente a única maneira de acabar de vez com a exclusão da maioria silenciosa do eleitores da vida política.
Publicado por Manuel 14:15:00
Chinelas em brocado, sabia fazer bem. Aprendera na escola de artes e ofícios a entretecer fios e a enlaçar cordões. Era mestre sapateiro!
Gabavam-no nas feiras e o produto na sua tenda, tinha preço alto. Por força do comércio, a sua fama prosperou e passou a vender chinelas para cortesãos doutras terras, fazendo amigos de ocasião.
Um dia, pensou que o princípio que estimava, caducara, ao ver filigrana semelhante ao brocado.
E se em brocado era meste, porque não em filigrana?!
A honraria do fino, em vez do chão da chinela, seduziu-o e Pedro abandonou o princípio na tenda e fez-se garimpeiro de projectos de futuro,passando para outra tenda- a dos milagres!
Em vez de chinelos finos, começou a tecer ambições no mundo brilhante do ouro, da prata e das pedras finas.
E começaram os problemas. A clientela da filigrana não era a mesma das chinelas. O produto, sendo na mesma artesanal, exigia outro saber. Os amigos de ocasião continuavam a gabar-lhe a mestria e a augurar-lhe sucesso.
Mas Pedro começava a ver como fora tolo em abandonar a arte que sempre teve, por outra que nunca terá e foi então que voltou ao princípio. E fez bem!
A fazer chinelas pode ser vaidoso; na filigrana, a humilhação seria certa.
Moral da história: é tão antiga que nem é preciso lembrar...