Modelo de educação finlandês

Depois da Segunda Guerra Mundial, a Finlândia era um país pobre e tinha de encontrar um meio de sair da precaridade. A educação foi o caminho escolhido. Os resultados estão à vista: os alunos finlandeses são os melhores na literacia literária, matemática e científica,[...]. Durante os nove anos de escolaridade obrigatória, as famílias não fazem qualquer gasto - o investimento em educação é de 5,8 por cento do PIB. O Estado oferece escola, transportes e uma refeição quente diária. O ministério paga ainda o material e manuais escolares, do 1º ao 9º ano. Só quando os alunos chegam ao ensino secundário é que as famílias começam a despender algum dinheiro, nomeadamente nos livros - que, ao contrário do que acontece em Portugal, são avaliados pelo ministério.

Os dias de aula são curtos e terminam cedo. Depois do almoço, os estudantes dedicam-se a outras actividades, que podem ser feitas na escola ou na área da residência, como desporto ou música.(...)Desde o ensino pré-escolar (os miúdos são obrigados a fazer apenas um ano de pré-primária, aos seis anos e aos sete entram para a 1ª classe) que as escolas e as bibliotecas trabalham em conjunto para cultivar o gosto e a frequência dos espaços de leitura.(...)

A estabilidade que se vive nas escolas, desde os programas que têm mudado muito pouco ao corpo docente, que é escolhido pelos estabelecimentos de ensino, é outro dos factores a ter em conta. "Não há concursos de professores, como em Portugal", compara Pirnes. Quando falta um docente, a escola abre uma vaga e selecciona o profissional.

A vida de um professor é estável e este tem liberdade para desenvolver o seu trabalho a partir do currículo lançado pelo Ministério da Educação.(...)

A Finlândia começa a debater-se com um problema comum a outros países europeus: a falta de professores. Os actuais estão a aproximar-se da idade da reforma e apenas duas, em mais de 20 universidades, têm cursos de professores com vagas controladas para não criar excesso de profissionais.

[Público]
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Publicado por Nino 07:20:00  

3 Comments:

  1. josé said...
    Este postal daria pano para muitas mangas para cortar nas casacas dos responsáveis pelos nossos sucessivos ministérios da educação.
    Para mim, não subsiste qualquer dúvida que a falência do nosso sistema de ensino, no que se refere á qualidade, tem a ver com as opções programáticas e as escolhas efectuadas ao longo dos anos.
    Provavelmente, haverá decisões; leis de bases; leis avulsas e opções que estão profundamente erradas. Mas haverá outras que estão certas. Quando chega o momento da discussão -e aqui há uns tempos houve esboço disso, com a intervenção de David Justino- as divergências são o retrato da impotência para se alterar seja o que for de substancial.

    Ainda hoje, no mesmo artigo do Público, aparece uma entrevista de Marai de Fárima BOnifácio a dizer que os métodos pedagógicos pouco terão a ver com o insucesso constatado. Ou seja, começa logo aí a divergência para quem acredita- como eu- que o problema t~em uma parte da sua génese na proliferação de pedagogos e mais pedagogos no ensino e na elaboração dos programas.
    Como normlamente essa gente ligada ao Ministério e aos lugares de direcções, são desenvoltos no paleio, torna-se difícil rebatê-los no plano meramente teórico. A confusão e ruido que instalam é de tal ordem que abafam qualquer discurso sensato, como me parecia ser, por exemplo, o de David Justino.

    Basta ouvir qualquer discussão com esses supostos entendidos ( geralmente até são entendidas), na rádio, para perceber o fosso de desentendimentos e equívocos que se criam, ao ouvir citações e mais citações de estatisticas estrangeiras e experiências "lá fora".

    Por exemplo, basta ouvir uma dessas discussões a propósito dos Lusíadas como texto a estudar no ensino secundário...

    Porém, uma coisa é certa e citando o Evangelho: as árvores conhecem-se pelos seus frutos! E a nossa árvore precisa de ser podada pois os frutos são mirradinhos e sem gosto de qualidade.

    Assim vamos andando.
    zazie said...
    “geralmente até são entendidas”

    Pois é... e quando são "os entendidos” é mais do género rendas e tules à volta e muito chantilly e passarinhos chilreantes a sair pela boca... “:O.
    Anónimo said...
    "Despesas inferiores não podem ser automaticamente equacionadas com a qualidade
    inferior dos serviços educacionais. A Austrália, Finlândia, Irlanda, Coréia e o
    Reino-Unido, cujas despesas educacionais por estudante são moderadas no Ensino
    Primário e no Ensino Médio, fazem parte dos países da OCDE com o maior nível de
    desempenho por estudante de 15 anos em áreas fundamentais (Indicadores A6 e B1)." (OCDE 2004)

    Mas isso são acessórios, o que interessa é saber se um aluno que não saiba escrever finlandês, matemática, racicínio lógico passa de ano e é recompensado na sua ignorância.

    As despesas por estudante(exeptuando aos univ.) aumentaram igual ou mais de 29% em portugal entre 1995 e 2001.

    Despesas por estudante do secundário ajustadas para o poder de compra em 2000: 5349$ Portugal
    6094$ Finlandia 5165$ Espanha 4638$ Ireland

    lucklucky

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