CONVERSA DA TRETA Estão em curso umas patuscas reuniões "de alto nível" aparentemente destinadas a resolver a ocupação dos cargos dirigentes na administração pública. A coisa oscila entre a nomeação "política" e o concurso "democrático", por um lado, e os "níveis" aos quais qualquer um destes "métodos" deve ser aplicado, por outro. Talvez a opinião pública, com alguma equanimidade, prefira pensar que o "concurso" é mais "transparente" do que a nomeação. Puro engano. Os concursos, de uma maneira geral, são abertos com "retratos a cores" dos concorrentes. Ou seja, são para "aquelas" pessoas e não para todos os putativos concorrentes em igualdade de circunstâncias. Por isso, eu preferirei sempre a nomeação "política", seja para que "nível" for, a qualquer concurso trapalhão e hipócrita. Os que nomeiam e os nomeados sabem todos com o que contam. Assiste a uns e a outros a legitimidade de confiarem ou não confiarem uns nos outros. Em ambos os casos, a democrática porta da rua é a serventia da casa quando qualquer das partes não está satisfeita. Por exemplo, eu gostava de saber quantos "dirigentes" actuais da administração pública que não "confiam" neste governo, já falaram. Ou quantos ministros e secretários de Estado que não "confiam" nesses dirigentes, já o disseram. Não é por haver mais ou menos nomeações "politicas" ou mais ou menos concursos "democráticos" que o governo - este ou outro qualquer - vai deixar de colocar quem entender onde entender, como, aliás, deve acontecer. Tudo o que se disser em contrário releva apenas do domínio da conversa, da conversa da treta.

João Gonçalves

Publicado por Manuel 16:36:00  

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