sem más companhias...
segunda-feira, março 07, 2005
A passada sexta-feira foi um dia interessante para a história recente do... PSD. Em primeiro lugar, e dos confins de Angola, o Prof. Cavaco admitiu explicitamente um regresso à vida política activa, o mesmo é dizer uma candidatura presidencial, embora tenha ressalvado que uma decisão final, i.e. formal, só seja tomada no início do Verão. Se a estas declarações se juntarem outras, imediatamente anteriores, em que este presidencialmente se afasta dos pequenos dramas do laranjal, podemos constatar quão distantes da realidade andam aqueles que querem condicionar uma candidatura presidencial das contigências internas do Partido Social Democrata. Em segundo lugar, sem surpresa, a Dr.a Manuela Ferreira Leite anunciou, em comunicado, que não seria candidata, de uma qualquer terceira via, à liderança do PSD. Infelizmente, este anúncio da Dr.a Ferreira Leite não parece ter merecido a atenção merecida, porque, sendo curto, diz, e implica, muito. Diz, por exemplo, que a Dr.a Ferreira Leite não se candidata porque, na prática, teme entregar a vitória ao Dr. Menezes. Não diz, por outro lado, que apoia explicitamente o Dr. Mendes, apenas que não se pretende a vitória do Dr. Menezes. A saída, ou melhor a não entrada, da Dr.a Ferreira Leite da corrida é pois um acto de diplomacia e subtileza. É-o, porque é improvável, para não dizer impossível, que numa corrida a três e Dr. Menezes tivesse mais que 15, 20% dos votos pelo que não é essa a razão da sua não candidatura, é-o, porque ao invocar o perigo de uma eventual vitória de Menezes de facto, e na prática, a Dr.a Ferreira Leite complica grandemente, se é que não inviabiliza, as hipóteses de aparecimento de uma qualquer terceira via com veleidades de querer ganhar , à cabeça, o Congresso pois mantem-se o alegado problema da vitória do Dr. Menezes por via da divisão dos votos da moeda que não será necessariamente má, assim a virtualidade de qualquer projecto alternativo que possa ainda aparecer será só e apenas a sua qualidade, e a das suas ideias, e não a atração, e o lastro, causada por poder ser aritméricamente vencedor... É-o, porque dá todo o espaço ao Dr. Mendes, que para muitos merece ganhar, pelo que fez num passado recente, sem contudo lhe se colar ou passar um cheque em branco, obrigando-o a conquistar e seduzir os muitos cépticos. É-o, também porque obriga a uma clarificação das intensões e propósitos de alguns cínicos apoiantes da sua não candidatura assim como, simulataneamente, de Marques Mendes. É que se se exceptuar praticamente só o Dr. António Borges, pregador solitário que desde o primeiro dia apontou a Dr.a Ferreira Leite como líder em potência, e pelo meio conseguiu articular um bom conjunto de ideias para o futuro, ao mesmo tempo que reconhecia, caso raro, erros no passado, ninguém, desde a Distrital de Lisboa (a sua vice, Helena Lopes da Costa será candidata a secretária Geral do Dr. Menezes, corre, e, sejamos francos, qualquer candidato que seja apoiado à cabeça, e primariamente, por esta distrital tem boas hipóteses de perder automaticamente o Congresso) até à catadupa de santanistas e barrosistas "arrependidos" (ouve até, mais que um, quem primeiro deixasse, embevecido, correr longamente a ideia da sua própria candidatura para pesar apoios e só, tarde e a más horas, por força da aritmérica, é que descobrisse, publicamente, as virtualidades da antiga Ministra das Finanças) apoiava a Dr.a Ferreira Leite por convição, esta era, quanto muito, um guarda chuva respeitável que permitiria marcar passo, tempo e posição. Manuela Ferreira Leite seria o máximo denominador comum de um grupo demasiado eclético cuja constituição inclui gente limpa e respeitável assim como alguns dso maiores responsáveis pelo atol em que presentemente se encontra o PSD. Poderia, em tese, improvável, vir a ser eleita, mas com uma base tão pouco coesa não é preciso ser muito dotado para ver que mais tarde ou mais cedo só viriam sarilhos. Ao não se candidatar Manuela Ferreira Leite obriga automaticamente a fazer uma separação de águas, a Marques Mendes que, confrontado com um excesso de apoios, vai ter que decidir com quais quer de facto contar, já que alguns são de facto mutuamente exclusivos, e a muitos dos seus (de Ferreira Leite) "apoiantes" que se quiserem contar para alguma coisa terão que, sem guarda-chuvas ou altos patrocínios provar não tanto em votos mas, idealmente no Congresso, com ideias e projectos o que valem. Destes uns tem ideias, outros não, uns tem passado, outros, podem ter, um grande futuro. É por isso que se aguarda com ansiedade a moção de estratégia global do... Dr. António Borges, esse mesmo. Unplugged e sem más companhias. Os barrosistas, e santanistas, e os outros orfãos do aparelho que se amanhem, sozinhos.
Publicado por Manuel 18:36:00
Quem tiver olhos para ver, que veja.
No http://contundente.blogspot.com há uma oportuna chamada de atenção para esta aspecto da questão da futura liderança do PSD.