farois, farolins e faroleiros
domingo, março 13, 2005
JORNALISMO INVESTIGATIVONo Brasil agora é assim, por cá costuma-se, há excepções honrosas claro, comprar tudo feito. Num lado e no outro. De qualquer forma um sinal a ter em conta. A posta acima foi retirada de um novo espaço a ter também, muito, em conta. Este Neco Pedreira sabe muito, já sabia e continua a saber...
Vão pôr pra trabalhar gente que nunca trabalhou
Carlos Brickmann (*)
A notícia de que o procurador-geral da República, Cláudio Fontelles, determinou a elaboração de um Código de Conduta do Ministério Público, vedando, entre outras coisas, a concessão de privilégios à imprensa e manifestações sobre processos submetidos a segredo de Justiça, pode mudar muito nossa imprensa.
Hoje, há entre alguns promotores e alguns repórteres uma estranha simbiose – estranha porque, quando a ditadura processava jornalistas, nunca faltou promotor para fazer a acusação. Um promotor vaza uma notícia para um jornalista de confiança – de sua confiança, não do leitor; e, com base na publicação desta notícia, inicia uma investigação. Alguns jornalistas selecionados recebem o material; e o publicam como se fosse a verdade, não apenas a versão do acusador.
Com freqüência, o repórter amestrado recebe as informações no início da tarde, mas só procura os acusados, para cumprir a formalidade de "ouvir o outro lado", depois das 18 horas, quando a maior parte das empresas já está fechada. Com isso, pode publicar só a acusação e dizer que o acusado foi procurado, sem êxito. Quando o acusado é encontrado, perca as esperanças de saber do que o acusam: o repórter lhe faz algumas perguntas e não lhe fala da acusação inteira.
Se o código for aprovado e aplicado, a imprensa só terá a ganhar: os repórteres investigativos de verdade terão reconhecido seu valor, e os repórteres que investigam apenas os dossiês prontinhos que recebem de alguns promotores vão ter de trabalhar se quiserem manter sua posição.
Nos entretantos, e apesar das coisas serem o que são, aguarda-se pacientemente, sentado, que alguém se lembre de investigar devidamente os estranhos, no mínimo, casos de desvios estratosféricos relativamente ao orçamentado que terão ocorrido em grandes obras públicas, recentemente notíciados, refiro-me concretamente a um certo caso relacionado com o Alqueva e a um outro relacionado com o Metro de Lisboa...
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Publicado por Manuel 01:51:00
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