do freeport ao cachecol...

Depois de várias horas em meditação o Conselho Superior de Magistratura decidiu por unanimidade (!) e ouvidas as explicações do próprio não abrir um inquérito ao seu vice-presidente no caso do cachecol rosa-choque. Em suma foi aceite a explicação do próprio (que irá, pasme-se, ser enviada a todos (!) os juízes lusos - o rídiculo ainda não mata...) que afirmou outra vez que não reparou que lhe puseram o tal cachecol do PS ao pescoço. Para as luminárias do CSM a questão resumiu-se ao que parece mesmo e literalmente ao cachecol, não se sabendo (a Lusa não o diz) se o sr. vice do CSM também não reparou que a foto que lhe tiraram com o cachecol ao pescoço o foi numa noite eleitoral e dentro de uma sede partidária, ou se nõa se lembrade ter ido para lá. Por menos, muito menos, já muito magistrado foi alvo de inquérito.

Mas em Portugal uns ainda são mais do que outros e se ao CSM bastou ouvir as explicações do seu vice não se percebe porque é que em coerência e perante matéria claramente indiciadora de paralegalidade não se chamam a plenário os visados dando-lhes também a estes a oportunidade de resolver o problema antes deste se iniciar. O que se passou hoje no CSM é uma vergonha para Portugal e para os Portugueses, mais é uma vergonha para todos os magistrados judiciais, e é o expoente máximo do corporativismo e de um certo país em circuíto fechado. É uma questão menor porventura mas é exemplar.

Se tivessemos um país a sério seria o próprio Ministro da Justiça, até por ter sido eleito deputado pelo distrito em cuja sede distrital do PS o senhor vice presidente do CSM foi fotografado, a pedir para tudo ser esclarecido, by the book, até às últimas consequências. Infelizmente um dos motivos aventados por alguns para deliberar como deliberararm foi (!) não hostilizar o senhor ministro da justiça. Mas também se tivessemos um ministro da justiça a sério já tinha sido criada uma comissão com gente idónea - que existe - para aclarar muito bem o chamado caso freeport. Como surgiu, como "acabou", se era tudo mentira, se era tudo verdade, ou algures no meio. Obviamente que nunca se vai saber nada, como nunca mais se vai ouvir falar no "processo" ao Independente que aliás e como seria de esperar ficou sem pilhas. Pairará sempre, e se calhar a ideia é mesmo essa, a dúvida sobre a idoniedade do Eng. Sócrates. Eng. Sócrates que tendo - presume-se - a consciência limpa e tranquila devia também ter todo o interesse em ver esclarececido, e de uma vez por todas, tudo o que se passou ou não.

Portugal é assim. Até quando ?
.

Publicado por Manuel 20:29:00  

6 Comments:

  1. Anónimo said...
    Mas onde é que está o espanto?
    Afinal os Juizes não são inimputávies...
    josé said...
    Ah,Caro Manuel! Estava à espera de quê?!
    De um processo em "due form" contra aquele precisamente que tem por incumbência participar neles?!
    Aí tem a noção de independência, na sua mais serena expressão: o órgão corporativo a que vice-preside,é o órgão que decide se lhe vai instaurar um processo disciplinar para eventual aplicação de pena.
    Na verdade, foi mantida a decência: o vice-presidente não participou na votação...

    Tirando estes considerandos cínicos, sempre gostaria de dizer que o desembargador Bernardino só tem uma saída airosa, se for aquela pessoa proba e recta que o seu conterrâneo José Adelino Maltez, com toda a hombridade e lealdade afiançou: demitir-se do órgão de gestão dos juizes.
    A honra pessoal e profissional de um juiz que se preze passa pela sua integridade nestas pequenas coisas.

    Além do mais, para um cínico ou até para uma pessoa meramente desconfiada, fica sempre a dúvida de que o maldito cachecol não tenha saído do pescoço a tempo, em tempo de calor eleitoral.

    E a saída do CSM só o enobreceria, a meu ver.
    O que não enobrece nada de nada é a posição sistematicamente corporativa do CSM.
    Aconteceu neste como noutros casos e isso é que é a verdadeira tristeza.
    O desenbargador Bernardino, nisso, é apenas um epifenómeno picaresco.
    Mais um.
    josé said...
    Mas também em abono da verdae se deve dizer que o actual Conselheiro Bernardino, não pode sair...o Estatuto veda-lhe a resignação e a demissão!
    Terá que aguentar estoicamente os olhares oblíquos de quem sabe que os cachecóis podem sempre tirar-se quando não convém ostentá-los.
    Assim, o Conselheiro imprudente terá de arrastar o opróbrio do gesto irreflectido e sendo assim que isso lhe sirva de lição, ao menos.
    Aliás, o importante, neste caso, nem será o gesto em si, mesmo que violador da norma estritamente interpretada.
    Importante mesmo é o espelho que o gesto revela, do estado a que isto chegou!
    É apenas mais um sintoma do sistema que se gizou durante anos para o poder judicial, corporizado agora nos juizes de direito.
    Esse mal estar de que toda a gente fala, passa necessariamente por aqui, por esta penumbra de entendimentos equívocos em que sobreleva o maior pecado que existe: a soberba!
    Associado ao autismo, ao laxismo e ao corporativismo, temos um belo caldo de cultura para a sopa de pedra dos conflitos institucionais e do atraso endémico que nos vai assolando.
    Ninguém parece ter mão nisto! Ninguém tem coragem para cortar a direito e por isso aparecem cenas macacas como a da contestação à nomeação da directora do CEJ e aparece um porta voz do CSM inacreditável de arrogância e auto-suficiência de costas quentes.
    É assim. Atrás de tempos, vêm tempos e outros tempos hão-de vir, como cantava o Fausto.
    josé said...
    Mas também em abono da verdae se deve dizer que o actual Conselheiro Bernardino, não pode sair...o Estatuto veda-lhe a resignação e a demissão!
    Terá que aguentar estoicamente os olhares oblíquos de quem sabe que os cachecóis podem sempre tirar-se quando não convém ostentá-los.
    Assim, o Conselheiro imprudente terá de arrastar o opróbrio do gesto irreflectido e sendo assim que isso lhe sirva de lição, ao menos.
    Aliás, o importante, neste caso, nem será o gesto em si, mesmo que violador da norma estritamente interpretada.
    Importante mesmo é o espelho que o gesto revela, do estado a que isto chegou!
    É apenas mais um sintoma do sistema que se gizou durante anos para o poder judicial, corporizado agora nos juizes de direito.
    Esse mal estar de que toda a gente fala, passa necessariamente por aqui, por esta penumbra de entendimentos equívocos em que sobreleva o maior pecado que existe: a soberba!
    Associado ao autismo, ao laxismo e ao corporativismo, temos um belo caldo de cultura para a sopa de pedra dos conflitos institucionais e do atraso endémico que nos vai assolando.
    Ninguém parece ter mão nisto! Ninguém tem coragem para cortar a direito e por isso aparecem cenas macacas como a da contestação à nomeação da directora do CEJ e aparece um porta voz do CSM inacreditável de arrogância e auto-suficiência de costas quentes.
    É assim. Atrás de tempos, vêm tempos e outros tempos hão-de vir, como cantava o Fausto.
    Anónimo said...
    (Trova ao meu cachecol)

    Caros Manuel e José
    Partilho a V. dor face à lamentável e soberba conduta, de um lado do Vice Presidente do CSM e, do outro, do próprio CSM.Já me me vai ausentando a paciência.
    Aliás, o utraje à lei e à Justiça já se previa como certa,não só pelo que se conhece da cultura reinante no CSM e nos Juízes ,como tinha sido claramente afirmada pelo Suserano Conselheiro Noronha Nascimento em entrevista ao Jornal de Notícias (16/3) onde clamava pela irrelevância disciplinar do acto do “acochecolado” e dava notícia da “ingenuidade” do Vice S. Bernardino.
    Registamos e aprendemos. Nunca é tarde.
    Recordaremos eternamente que os cachecois rosa ofuscam os ingénuos e estes devolvem amando os cachecóis terna e aconchegadamente, não vá o frio (ou o vazio do que lá vem, do poder que se avizinha e que importa acarinhar) trazer quebras de rotina ou más ventos.
    Aporemos dísticos e “pins” na lapela, com fundo rosa, e os dizeres “Adoramos a ingenuidade do Vice Conselheiro S. Bernardino”.
    Cantaremos salmos de louvor aos cachecois carinhosos.
    Nunca veremos espinhos nas rosas.
    Estaremos sempre seguros de que “cachecol” amante de “ingénuos” embora rosas não picam ou mordem pescoços.
    Aprendemos que os cachecóis rosa não são vampiros.
    Onde está um cachecol não pode estar uma manifestação política.
    Não pode estar uma manifestação política e partidária.
    Jamais encotraremos junto dum cachecol rosa uma manifestação política/partidária e pública,
    Sabemos agora que o Vice S. Bernardino estava na sala de jantar privada de amigos íntimos e houve fotógrafos que, entrando pela janela após serem lançados de helicóptero , fizeram aqueles reles daguerriótipos.
    Teremos sempre, por outro lado, consciência que onde está um cachecol nunca estará um Juiz.
    Que os Juízes arrostam o frio dos caminhos, os espinhos de todas as cores (ó rosa, ó perfumes) e não conhecem cachecóis.
    Os Juízes são independentes dos cachecóis.
    Os Juízes são daltónicos. Não. Não confundem as cores, nem vêem só uma. Vêem-nas todas mas fingem não ver. Para Eles as cores são todas iguais. A não ser que adornem
    Singelos pescoços ou tinjam o suave tecido de um cachecol
    Aprendemos que o CSM considera um cachecol um conceito de direito e não um facto.
    Portanto um cachecol, ainda por cima rosa – cuidado com o Animal Feroz que aí vem. Que aí está – não pode ser quesitado.
    Logo não existe corpo delito. Era o que faltava.
    Será que vale a pena dizer mais? Falar até à náusea de corporativismo, de umbigos, de cegueiras, de preciosas ingenuidades.
    Será que merece comentário a recomendação/epístola do CSM aos Juízes para não usarem cachecol.
    Creio que nesta fase não merece. O asco já nos vence.
    Em suma Meu bom Almada.
    Morra o Cachecol. Pim.
    Pinte-se o Cachecol. Pum.

    Zaratustra
    Anónimo said...
    (Trova ao meu cachecol)

    Caros Manuel e José
    Partilho a V. dor face à lamentável e soberba conduta, de um lado do Vice Presidente do CSM e, do outro, do próprio CSM.Já me me vai ausentando a paciência.
    Aliás, o utraje à lei e à Justiça já se previa como certa,não só pelo que se conhece da cultura reinante no CSM e nos Juízes ,como tinha sido claramente afirmada pelo Suserano Conselheiro Noronha Nascimento em entrevista ao Jornal de Notícias (16/3) onde clamava pela irrelevância disciplinar do acto do “acochecolado” e dava notícia da “ingenuidade” do Vice S. Bernardino.
    Registamos e aprendemos. Nunca é tarde.
    Recordaremos eternamente que os cachecois rosa ofuscam os ingénuos e estes devolvem amando os cachecóis terna e aconchegadamente, não vá o frio (ou o vazio do que lá vem, do poder que se avizinha e que importa acarinhar) trazer quebras de rotina ou más ventos.
    Aporemos dísticos e “pins” na lapela, com fundo rosa, e os dizeres “Adoramos a ingenuidade do Vice Conselheiro S. Bernardino”.
    Cantaremos salmos de louvor aos cachecois carinhosos.
    Nunca veremos espinhos nas rosas.
    Estaremos sempre seguros de que “cachecol” amante de “ingénuos” embora rosas não picam ou mordem pescoços.
    Aprendemos que os cachecóis rosa não são vampiros.
    Onde está um cachecol não pode estar uma manifestação política.
    Não pode estar uma manifestação política e partidária.
    Jamais encotraremos junto dum cachecol rosa uma manifestação política/partidária e pública,
    Sabemos agora que o Vice S. Bernardino estava na sala de jantar privada de amigos íntimos e houve fotógrafos que, entrando pela janela após serem lançados de helicóptero , fizeram aqueles reles daguerriótipos.
    Teremos sempre, por outro lado, consciência que onde está um cachecol nunca estará um Juiz.
    Que os Juízes arrostam o frio dos caminhos, os espinhos de todas as cores (ó rosa, ó perfumes) e não conhecem cachecóis.
    Os Juízes são independentes dos cachecóis.
    Os Juízes são daltónicos. Não. Não confundem as cores, nem vêem só uma. Vêem-nas todas mas fingem não ver. Para Eles as cores são todas iguais. A não ser que adornem
    Singelos pescoços ou tinjam o suave tecido de um cachecol
    Aprendemos que o CSM considera um cachecol um conceito de direito e não um facto.
    Portanto um cachecol, ainda por cima rosa – cuidado com o Animal Feroz que aí vem. Que aí está – não pode ser quesitado.
    Logo não existe corpo delito. Era o que faltava.
    Será que vale a pena dizer mais? Falar até à náusea de corporativismo, de umbigos, de cegueiras, de preciosas ingenuidades.
    Será que merece comentário a recomendação/epístola do CSM aos Juízes para não usarem cachecol.
    Creio que nesta fase não merece. O asco já nos vence.
    Em suma Meu bom Almada.
    Morra o Cachecol. Pim.
    Pinte-se o Cachecol. Pum.

    Zaratustra

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