Contas, F(r)eitas...
segunda-feira, março 07, 2005
Por estes dias vai para aí uma grande algazarra devido ao anúncio da entronação de Diogo Freitas do Amaral como MNE e Ministro de Estado. Uma boa parte dos comentadores, à esquerda e à direita, preocupam-se com o passado do eminente especialista em Direito Administrativo. Ou porque foi de direita, foi ?, pecado original para alguns puristas de esquerda, ou porque foi líder do CDS, e candidato presidencial (derrotado) da direita, facto que muitos à direita parecem não perdoar. Convém ser preciso nas qualificações, bem ou mal, a coerência nunca foi um atributo fundamental na vida política portuguesa. O que mais há é migrações da esquerda (PCP, PCP/MRPP) para a direita (PS e PSD) e na direita "evoluções" substantivas de posição. O PP é hoje ainda do Dr. Portas, que já foi do PSD, que já foi a favor da liberalização do aborto, que já foi um anti-europeísta feroz, etc, etc, etc... Há pois muitas razões para se atacar o Prof. Freitas do Amaral, simplesmente acusá-lo de vira-casacas não é uma delas.
Freitas só chega a este Governo porque o Eng. Sócrates tem consciência precisa das suas limitações. Sentiu-se na obrigação de arranjar uma figura paternal, tutelar, um avozinho simpático que inspirasse confiança, e viu em Freitas o personagem ideal para desempenhar esse papel. Apenas e só em absoluto desespero de causa Sócrates chamaria para o Governo alguém como Vitorino, que relegou para eventual candidato presidencial, reconhecidamente mais esperto, mais competente, mais capaz, e com ambições muito próprias. O erro de Sócrates foi o de substimar e sobreavaliar Freitas, o mesmo que nas suas primeiras declarações públicas fez logo questão de dizer que só aceitou o convite depois de conhecer todo o restante governo, e este lhe inspirar confiança. Terá vetado alguém ? Sugerido algum none ? Ainda não sabemos, mas saberemos. O problema de Freitas é, sempre foi, não o ser um vira-casacas, toda a gente tem direito a mudar de opinião, mas o de ser, isso sim, um pavão. Um pavão empertigado, arrogante e convencido que sempre gostou de ser o centro, o centro absoluto, das atenções, whatever it takes. Vai arranjar sarilhos, vamos ver quando.
Publicado por Manuel 11:58:00