dramático
terça-feira, fevereiro 01, 2005
Da DuplicidadeEm Santarém, Pedro Santana Lopes refutou as "acusações" do PS relativas às "insinuações" que ele "teria" proferido no fim de semana acerca de Sócrates. Como de costume, foi ele - e não Sócrates - quem ficou "extremamente ofendido". E disse mais. Ele, Santana Lopes jamais faria "comentários ou insinuações" sobre a vida de qualquer outro líder partidário."Gostaria de deixar isso muito claro", afirmou, deixando no ar a dúvida sobre "se isto não é tudo uma cortina de fumo para alguma outra coisa" e pedindo ao PS para "não arranjar complicações onde elas não existem". Mas isto não chegava. Para aproveitar bem o "contexto", Lopes esclareceu que "nunca na [sua] vida pública [fez] nenhuma insinuação sobre a vida de ninguém e se alguém tem sido, ao longo de 20 anos da sua vida, sempre sujeito a ataques, boatos, insinuações, sabem quem é, [ele] próprio". Condescendente rematou: "o que sei do engenheiro Sócrates é que ele é divorciado, pai de filhos, como eu. Quero que os portugueses votem nos líderes políticos em função das propostas que têm para a sociedade. A vida dele e dos outros líderes partidários é igual à minha e a minha igual à dele. Eu nunca entrei por aí, porque sempre odiei que me excluíssem por causa da minha vida privada". E lá avisou que, dê lá por onde der, vai continuar a "falar livremente", sem a preocupação de "pesar" o que disser em campanha. Esta engenharia semântica do ainda primeiro-ministro não engana ninguém. É, aliás, um método assaz conhecido. Se eu ou alguém por mim "deixarmos cair" determinada mensagem subliminar ou um qualquer trocadilho maldoso, eu, na realidade, "não disse nada". Quem? Eu? Perguntarei sempre com ar de virgem ofendida. Vocês é que são uns malandros e uns pérfidos que "imaginam" em demasia. Este "estilo" é qualquer coisa de muito português e é bem conhecido. Santana Lopes, como ninguém, é um manipulador. E como bom manipulador, recorre com perícia à duplicidade. Não é nunca ele quem ofende, pelo contrário, ele é afinal o "grande ofendido". Não é ele quem introduz maliciosamente a "farpa", são sempre os outros que no fim lha espetam. É, pois, este calvário manhoso e dúplice, inteiramente pessoal e intransmissível, que conduzirá Santana Lopes até 20 de Fevereiro. Ele lá sabe quem é.
in Portugal dos Pequeninos
Não, não bastava que o Dr. Lopes fosse objectiva e inapelavelmente mau, não bastava que os portugueses, 73%, considerem que o seu curto consulado foi mau ou muito mau, agora com a estratégia tropical de campanha mais imbecil d etodos os tempos só comparável na ignomínia à soez campanha que foi movida nos idos de 80 contra Sá Carneiro, o Dr. Lopes praticamente entregou a maioria absoluta ao Partido Socialista do Eng. Sócrates. Ao optar-se, assumidamente, por uma campanha rancorosa e negativa perdeu-se, ao menos, uma oportunidade única de falar claro e debater os verdaeiros problemas do País. Nem sequer é eleitoralismo, é pura estupidez, já que a esmagadora maioria dos portugueses suportou e compreendia os sacríficios exigidos pela Dr. Ferreira Leite e tem perfeita noção que não nadamos num mar de rosas já que uma boa parte nem sequer acredita que seja possivel evitar um novo aumento de impostos. Sejamos francos, para quem não é militante cada dia que passa há cada vez menos razões para votar neste PSD, por muitas razões. Um grupo parlamentar com meia dúzia de deputados chega perfeitamente para se fazer uma oposição sóbria e eficaz, por outro lado, e em termos eleitorais, quanto pior for o resultado nas legislativas maiores são as possibilidades de nas autárquicas o PSD se manter como Partido mais votado, e há sempre o Prof. Cavaco e as presidenciais. Em suma a sobrevivência do PSD não está em questão. Depois, convém recordar que o actual sistema político não é unipessoal ou uninominal. Vota-se no Dr. Lopes para primeiro-ministro e, na sua entourage. É impossível votar no PSD sem votar no Dr. Lopes como é impossível apoiar um cabeça de lista sem votar nos restantes elementos que o acompanham. A política, como a vida, é feita de escolhas. Quem, ainda há poucos meses, aclamava o Dr. Lopes em Congresso, em Braga, não pode ter pretensões de branquear o (seu) passado imputando responsabilidades excluisivas ao Dr. Lopes. É que o problema não é o Dr. Lopes ser como é, problema dele, o problema é, em nome do pragmatismo, do cinismo, de uma alegado realismo, tantos, e alguns que já foram tão bons, terem desistido, contemporizado e se resignado. Regressando ao Eng. Sócrates, vi-o à pouco na televisão, certinho, com a lição bem estudada. Esforçado, falha ao não dizer o essencial - que o que aí vem não será fácil e que sacríficios são inevitáveis. E os sacríficios exigem firmeza e autoridade, algo que Sócrates ainda não provou ter, num partido que ainda não esqueceu as free rides dos tempos idos de Guterres. É um fraco. E no entanto não há de facto alternativas. Dramático.
Publicado por Manuel 22:43:00
4 Comments:
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- TAF said...
12:52 da manhã, fevereiro 02, 2005A histeria das insinuações.- zazie said...
1:31 da manhã, fevereiro 02, 2005É pá isto já começa a cheirar mal. Diz que disse e vou fazer queixinhas que outro é que chamou primeiro. E agora ainda tudo com esta conversa de porteira. Fogo! E ainda dizem mal do outro porque andava de cabeleira no Parque. Ao menos poupava-nos o espectáculo. E nestas coisas é o único se sabe portar como um senhor “:O))- Luís Filipe Rodrigues said...
11:33 da manhã, fevereiro 02, 2005O da cabeleira na chapeleira é que andou com o sacana ao colo até há pouco tempo ;)- O Reformista said...
8:47 da tarde, fevereiro 02, 2005Dia 21 de Fevereiro começa a caminhada para a Reforma e Modernização do País. Primeiro passo: a Reforma do PSD.
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