" Triangulações: sugestões para uma próxima revisão constitucional"


Maria José Morgado é novamente notícia, ao voltar à carga com a corrupção, enfatizando, segundo a comunicação social, os problemas que fustigam o futebol. A procuradora tem razão, mas de tanto se falar no triângulo da corrupção descrito por Saldanha Sanches (clubes/autarquias/construtores civis) pode perder-se a medida das coisas. A tribo do futebol – e aí Valentim Loureiro parece estar certo – não é responsável por tudo quanto acontece de mal (leia-se, corrupção) no país. Haverá outros eixos do mal – ou triângulos -, mas o(s) do futebol, quando comparado(s) com outras actividades, não passa(m) de tirocínio de pilha-galinhas.

Não é preciso ser-se muito arguto para detectar a existência de outros triângulos mais poderosos. Por exemplo, o constituído pelo Estado, pelos grupos económicos («nacionais» ou não) e pelos escritórios de advogados. Não há escritório que se preze que não esteja representado adequadamente no Governo. Mudam os governos, mas os escritórios mantêm-se galhardamente em funções, ocupando sempre lugares de destaque na hierarquia do Estado. E, convenhamos, não é exactamente a mesma coisa discorrer sobre um grande negócio da Administração Central ou barafustar contra um arranjinho de alternadeiras para relaxar árbitros de futebol ao fim-de-semana. Mesmo que, associado a isso, alguma construção civil floresça.

Se todos andamos preocupados com a eficiência e a eficácia da governação, por que não consagrar em próxima revisão da Constituição o estabelecimento, na composição do governo, de uma quota intransmissível para cada um dos principais escritórios de advogados? Mais: para evitar perdas de tempo com a passagem dos dossiers, por que não consagrar que os membros do governo designados por tais escritórios poderiam transitar de um executivo para outro, sem sequer ser necessária a sua nomeação pelo presidente da República (reduzindo-se, assim, ao mínimo os poderes de Belém)?

Eis duas sugestões que contribuiriam para melhorar o desempenho dos governos em gerale que, de resto, seriam uma forma de ajustar o texto constitucional à realidade.

Em tempo:

«A Comissão Europeia anunciou hoje que vai levar Portugal a tribunal por desrespeito das regras europeias de concursos públicos, nomeadamente nos sectores da água, da energia, dos transportes e das telecomunicações.»

in Pula Pula Pulga

Publicado por Manuel 21:54:00  

14 Comments:

  1. Anónimo said...
    Concordo genéricamente com o teor do post. na verdade triângulos há muitos e alguns deles bem mais poderosos que o do futebol que existe efectivamente ignorando-se qual a sua excata forma geométrica: triângulo ou ooutra qualquer com muitos mais lados e ângulos das mais diversas aberturas.
    Eu não sei a justa forma desse figura geométrica.Confesso.
    mas maria josé Morgado (MJM) ignora sequer que ali exista qualquer espécie de triângulo. Nunca o explorou. Nunca o cheirou. Nunca o investigou. Felizmente existe gente séria que sabe o que MJM investigou no futebol (algo tão rídiculo como o consumo de nandrelona por parte de dois ou três jogadores. Eis a extrordinária odisseia da Justiceira. MJM nunca viu de perto o processo da Moderna e, contudo por acção e omissão fez crer que ero cérebro da investigação. MJM não cheirou o processo euroárea (Vale e Azevedo) e, contudo, por acção e omissão fez crer que tudo cabia na sua larga vizão de "intocável" justiceira. Que fez MJM, para além de salvar o Grande Educador da Classe Operária do Hospital de S. José durante o PREC? O processo das Finanças onde o Canas diz que sim mas que também e que constituiu e constitui grave revés na investigação criminal: um autêntico "flop", um insuportável cabaz de asneiras e incompetências técnico/jurídicas que deitaram a perdr um processo que mais não serviu para que MJM fizesse o que melhor faz : conferências de imprensa e entrevistas umas atrás das outras numa incontinência a roçar o pornográfico. Outro caso: os barcos da EXpo: o que deu? Nada, zero, nicles e mais uma vez apenas e só um bluff e mais um chorrilho de intervenções nos media. Em suma: MJMorgado limitou-se a fazer conferências de imprensa e a vender bem (reconheça-se) a sua imagem. É atraída pelas luzes das câmaras como o Moscardos até as asas se queimarem, não resiste a um bom ou mau microfonr ou gravador. MJM, ao contrário do que surge no Público de hoje não teve nem tem qualquer projecto sobre nada porque o seu olhar não destingue o prório umbigo do vasto mundo.
    Como conseguiu MJM passar aideia de que sabe do que fala ou tem algo de consistente a dizer quando a verdade é que a diferença entre ele o o Dr. Dias da Cunha é que ele é mulher e ele é homem de resto "falam, falam e não dizem nada"? Bendito sistema que, afinal,os alumia nos seus caminhos tão estreitos.Como logrou, dizia eu, MJM fabricar nalguns nichos do público de que se tratava de uma espécie de "Caça fantasmas" da Justiça? Aí, sem dúvida entra um outro triângulo. Esse muito real. Basta pensar um bocadinho. Ela e Sanches num vértice, os jornalistas amigos do peito até porque oriundos, alguns deles, das lides proto-históricas do MRPP, noutro vértice e os amigalhaços dirigentes de alguns partidos políticos a quem servia a sanha da "heroína". Eis a triste vida de MJM. Coitada quevida tão monótona, tão sem graça, construída de papéis , de palavras marteladas até à náusea, de blufs e flops sucessivos. Aqui, só não vê quem não parar um pouco, efectivamente existiu e existe um triângulo. Espero ansioso. Sinceramenteo afirmo que um dia MJM tenha uma estátua na AV. de Roma (Bairro operário onde reside) excatamente à porta da Loja de Ana Salazar onde tal como ela todos os operários compram os seus utilitários fatos de macaco. Mas seri uma medida profiláctica, em nome e na defesa da saúde pública que, até lá, MJM e Sanches guardassem prudente e purificador silêncio. Todos ganhávamos eles incluídos. Assim podia ser que, finalmente, alguém prestes a subir ao poder se lembrasse de convidar MJM para um qualquer cargo onde a encenação pudesse desenrolar-se em múltiplos actos e sem pancadinhas de Molíére. Por mim aceito que MJM ascenda a cargo que mereça e a mereça.Porque, muito francamente, um desgraçado de um país que merece um 1º ministro do calibre do Dr. Lopes, um pretendente a 1º Ministro como o Engº Sócrates, que elege 3/4 Louçãs para o Parlamento só pode fechar o cerco, quiçá o anel das forças salvadoras, por que todos esperamos desde D. Sebastião,colocando MJMorgado num qualquer sítio, lugar, cargo onde todos os dias, em todos os jornais, todas as televisões e todas as rádios no aconcheguem as almas com aquele olhar límpido de "super herói" implacável - misto de "mulher aranha" e de "Um Peixe chamado Vanda" - suportado num timbre de voz galvanizante dos sentidos e das paixões. Força MJM o Povo Unido está contigo, porque ese povo bem compreende quando sobrevoas, de negro vestida, as searas de Van Ghog em busca do último dos moicanos. Peça ajuda ao Sanches nessa tarefa ciclópica. bem haja.
    josé said...
    Caro anónimo:
    Vejo que tem ideia precisa e esclarecida do papel de MJM na PJ. Mas engana-se numa coisa: na atitude!
    Os falhanços na investigação das FInanças e dos barcos da Expo, devem-se provavelmente a todo um sistema anquilosado de investigação. Na PJ-departamento anti corrupção -, como muito bem deve saber, "o que vem de trás, toca-se para a frente"! Não há inovação prática ou ideias novas para pôr em prática e chegar onde interessa e que é a descoberta de modo legal e profissionalmente inatacável, da corrupção que interessa. Não só ( mas também) a dos pilha galinhas do IVA em carrossel, mas também a de quem manda em dinheiros públicos e tem o poder de movimentar milhões com influência ou com assinaturas legalmente reconhecidas.
    Falta o profissionalismo competente e que passa pelo conhecimento dos modos de funcionamento dos corredores do poder; de quem é quem nos gabinetes; de quem é quem para atribuir negócios á pala do Estado e de quem é quem para traficar influências de modo a sacar ao Estado o que não lhes pertence.
    Essa tarefa não é ciclópica. Precisa apenas de conhecimento, empenho e profissionalismo, para além de trabalho em equipa. Há malta na PJ -e V. deve saber- que poderia aspirar a esse trabalho. Porque não o faz?!
    Precisamente porque não tem qualquer apoio superior, seja ao nível da direcção da polícia ( que raio sabe um juiz fadista de investigação criminal a sério?!), seja ao nível da estrutura do poder político.
    Lacões,Guilhermes SIlvas, mesmo Louçãs, não estão muito interessados em que alguém vã investigar quanto dinheiro vão realmente gastar nas campanhas eleitorais e principalmente de onde lhes chega a massa.
    Acha que seria impossível e muito difícil de investigar?!
    O papel positivo, apesar de tudo o que escreveu, da MJM está na ATITUDE. Não é bluff. Pode ser voluntarismo sem consequência, mas a realidade é que não vejo mais ninguém com a mesma atitude.
    E isso basta-me para dizer bem da MJM.
    Anónimo said...
    Oh José Manuel
    O que é isso «atitude»?
    A promoção pessoal? O recurso a jornalistas amigos para a transmissão de uma imagem? O discurso vazio de conteúdo, de ideias? As intervenções públicas para dizer, parafraseando um grande filósofo -- já que isso também é «filosofia», embora de vida... --, apareço, logo existo? A ideia -- que me repugna -- de um rosto, por vezes, do próprio Ministério Público?
    Não José, mesmo que não Maria.
    A corrupção não se combate com comportamentos exibicionistas, com o constante aparecer na imprensa, com imagens (por mais ou menos bonitas que sejam...) acompanhadas sempre das mesmas palavras, do mesmo discurso abstracto e «barato», mas com actos, com acções que produzam resultados e até com o próprio exemplo pessoal.
    Daí que concorde, totalmente, com o comentário que precede o teu.
    É que os resultados -- e recorrendo a um anúncio público -- são como o «algodão»: «não enganam».
    E em matéria de resultados também o referido comentário é bem elucidativo e, por isso, dispensa -- por muito que não se goste, o que importa é, como dizia Francisco Carnelluti, a «verdade verdadeira» -- mais considerações, independentemente de o seu autor estar ou não ligado ao «juiz fadista».

    E já agora que falamos de corrupção: também não é uma forma de combate a ela o exemplo de altos dirigentes no que concerne à utilização da «coisa pública»?
    Se é -- como parece que é -- como é que se pode combatê-la se, precisamente, alguns altos dirigentes -- aqueles que mais deveriam dar o exemplo, até porque devem defender a ética -- aproveitam-se, diariamente, do carro do Estado para se deslocarem da cidade da sua residência para a do seu local de trabalho e vice-versa -- mais de 200 Km, por viagem e por estrada com portagens --, depauperando os cofres públicos.
    Por isso, e como se fala já para aí de mais «atitude», de propaganda com a divulgação junto dos funcionários públicos de pretensos manuais de prevenção contra a corrupção -- como se esta fosse apenas material e pública --, seria bem melhor distribuir esses manuais, esses panfletos junto dos referidos dirigentes, em vez de se procurar escamotear os resultados que se vão conseguindo (ou não conseguindo)
    A sociedade e o orçamento de todos nós agradeciam, inclusive, repita-se, do ponto de vista da ética, já que se a corrupção é, extremamente, perniciosa para os interesses financeiros do Estado, também não é menos verdade que ela é, antes de mais, depravação moral, postergação, numa perspectiva kantiana, da autonomia da vontade e da integridade éticas.
    Como diz Charles Luiz Secondat, «o amor a nós mesmos, o desejo de nos conservamos transforma-se de tantas maneiras e trabalha por princípios tão contrários, que nos leva ao sacrifício do nosso próprio ser. E tanto é o cuidado que pomos em nós mesmos que consentimos em perder a vida (moral) por um instinto natural e obscuro que faz com que nós queiramos mais que a nossa própria vida»
    Obrigado.
    josé said...
    Atitude?! É uma forma de ver as coisas e a realidade. "Um comportamento ditado por disposição interior", segundo o Houaiss que consultei para não me anganar na citação...
    O que importa é o que isso traduz. Uma vontade de fazer algo, transmitindo a impressão que é preciso fazer assim. Um incentivo permanente a que outros também façam. Fazer, neste caso, significa agir com um objectivo: apanhar e expôr num processo legal, quem actua à margem da lei e do Direito constituído, prejudicando conscientemente a comunidade, no caso concreto no campo estritamento económico-financeiro.
    Não é um desiderato utópico, mas um dever das polícias e das magistraturas especializadas que investigam, em nome de todos e respeitando as leis feitas pelos representantes de todos.
    A MJM pode não ser o exemplo ideal, por causa das idiossincrasias politicamente herdadas e que a levaram a atitudes ( mais uma vez a palavra...)radicais como a greve de fome em Caxias por ocasião dos idos de 74 e da perseguição aos MRPP. Mas é esse mesmo carácter que se torna necessário à tal "atitude" que sublinho: vontade férrea e determinação segura. Haja quem lhe apoie a veneta e veremos resultados. Haja quem lhe diga:deixe lá os futebóis e concentre-se nesta fauna dos escritórios de advogados de consultadoria especial; deite o olho a estas empresas que cooptam alguns políticos e autarcas acabados de sair do poder e trace-lhes o rasto de influência que se estende dos corredores de S.Bento até aos greens de Vilamoura, passando pelos encontros no estrangeiro e nas amizades espúrias.Não são muitos, mas são os bastantes para estragar o moral a muitos outros;tope os amigos dos amigos de quem manda e chega ao poder de saber quem mandou fazer.
    É trabalho de pide?! Pode ser, pois a pide era também polícia. E a infâmia desta corporação advinha-lhe da natureza do regime e de quem lhe dava ordens para desfazer tudo o que fosse contra o bem da nação. Não estamos nesse tempo e a ordem democrática impôe que se defenda a comunidade das investidas rapinantes de alguns, muito poucos, que não se detêm perante nada de nada, desde que lhes cheire a dinheiro.
    O Estado democrático precisa de quem o defenda dessa gente que o acabará por destruir se a deixarem- e nada melhor do que escolher para polícia quem alguma vez gritou "ousar lutar, ousar vencer". É essa a atitude!
    Anónimo said...
    Caros Senhores
    Agora desperto para este anacronismo (falar de uma abstracção ou de uma ausência) nele sou levado a colaborar por uma questão de atitude mas com algum cansaço.
    A Senhora em apreço não me merece qualquer juízo valor e, muito sinceramente, rebusco no mais íntimo de mim e não descubro um ínfimo impulso a seu respeito. Só um mar de indeferença. Exactamente a mesma e completa indiferença que nutro por personagens como José Castelo Branco ou o Michael Jackson. Nem um suspiro, um ai, um terjeito, um ânimo, um desígnio, nada, nada, absolutamente nada.

    Deixo apenas uma citação (a prpósito de atitudes) de Jules François Liboire "La Psychanalyse des chiens" - Gallimard, 1963 "... o impulso interior enquanto categoria da acção constitui uma insanável contradição ontológica que conduz, inexorávelmente, à infertilidade do mundo simbólico e do indivíduo."
    "A atitude com ausência no plano dos factos" (refiro-me eu ao combate ao crime económico, não o autor)"...é uma abstracção e, em certo sentido, uma mentira inqualificável quando praticada através de meios de comunicação de massa - só existe o que aparece - dando corpo a uma patologia psicológica que leva a confundir a coisa com a imagem"

    Por favor não emitam mais qualquer outro som sobre a senhora, já que será improvável que não tenhamos que aturar a sua imagem- que não ela felizmente - nas onda hertzianas.

    "Zaratustra"
    Anónimo said...
    Meus Caros Senhores

    A última coisa que queria era falar sobre a criatura em causa.
    Procuro no mais fundo de mim próprio e não encontro senão um oceano de indiferença absoluta. Nutro pela senhora a mesma e absoluta indiferença que tenho por José Castelo Branco ou Micahel Jackson (produtos do mesmo tipo de criador)
    Intervenho apenas por uma questão de sanidade mental e porque o ponto central daquilo a que José chama “atitude”, aplicada ao caso, constitui um logro insustentável.
    Cito a propósito o filósofo francês Jules François Liboire , “La psychanalyse des chiens”, Gallimard, 1963 : “… O impulso interior, por si só, enquanto categoria da acção constitui uma insanável contradição ontológica que conduz, inexoravelmente, à infertilidade do mundo das ideias e do próprio indivíduo enquanto inteligência.”
    E continua “ … a designada motivação interior despida de músculo e nervo, em suma, com ausência de vida quotidiana que lhe transmita coerência (aqui refiro-me eu, que não o autor, ao combate ao crime económico que é disso que se trata) desemboca numa mentira inqualificável, sobretudo quando transmitida através de meios de comunicação massiva, que leva a distorções psicológicas de cariz patológico já que, invariavelmente, provoca grave confusão mental entre a coisa e a sua imagem…”

    É certo que só existe o que aparece.
    Por isso, meus caros Senhores, peço-lhes que façam um saudável silêncio sobre a imagem a que se vêem reportando, uma vez que será muito improvável que não tenhamos que aturar a evocação hertziana da Senhora – que não ela, felizmente – diariamente.
    josé said...
    Bem, já que entrou em paralelos analogísticos com a zoologia, para definir carácteres, tenho para mim que nos tem faltado a falcoaria a sério na polícia que temos.
    Estou certo que ninguém gostaria de (re)viver num Estado em que polícia fosse um pilar imprescindível para a conservação de um regime. Mas - hélas!- numa sociedade aberta, os inimigos da mesma andam mais à solta. Daí que o equilíbrio entre a liberdade e a segurança seja uma arte, para quem define as regras.
    Nós temos, parece-me, regras constitucionais e legais suficientes para não temer o perigo da excessiva policialização da sociedade.
    Mas rapidamente deixamos e equilíbrio, logo que deixamos a polícia abrandar a caça e isso tem um preço alto que é o actual estado anómico em que nos encontramos, há longos anos.
    Pouca gente se importa por aí além que determinados políticos sejam efectiva e realmente corruptos, nos sentido em que trocam bens e serviços por benesses materiais para si ou para outrém e que não lhes são devidas.
    Pouca gente se importa que a maioria dos indivíduos, podendo fugir ao cumprimento de obrigações fiscais, o faça, como total impunidade e aplauso pela chico-espertice. Há para aí um tipo, empreiteiro e personagem do futebol que declarou em entrevista que se a Administração Fiscal o apanhar em falta, pagará o que for de lei. OU seja, não negou a falta! Admitiu apenas que pagará se for apanhado, sabendo que deve- e muito. Mas só então pagará. Isto é o cúmulo da anomia e da infantilidade cívica. E no entanto, o tipo em causa, homónimo de outro que se encontra a depoe em tribunal por crimes mais graves, acompanha com gente de alta posição social e económica; paga festas e roda nas revistas "del corazon". A MJM denunciou este tipo e outros, e pouco se fez. Antes, aliás, ninguém io tinha feito com desenvoltura e abertamente. Mas isso, contudo, é apenas um símbolo. É a tal "atitude".
    Ou seja, a mudança de mentalidade começa na atitude e na consiência clara dessa mudança.
    Quem vai para a polícia, como foi o caso de inefável Salvado, dizer que determinadas investigações não davam nada, está perdido à partida e é manifestamente um outcast, um marginal da investigação que não deveria estar nem mais um dia na corporação, depois de uma afirmação dessas. COmo se veio a demonstrar, era mesmo um "outcast"...
    Mas há outros. Praticamente, todos os directores da PJ desde que me conheço a pensar nestes assuntos, foram pessoas desajustadas ao cargo. Não fizeram bom lugar e é pena. Será por falta de recursos humanos?! Clrao que não!
    É apenas por uma motivo bem prosaico e que o Eduardo Dâmaso do Público, escreveu aqui há umas semanas: o poder político não quer na polícia ( nem no MP), pessoas que incomodem demasiado e começa por não dar meios para incomodar. Dá somente os estritamente necessários para que a opinião pública esteja sossegada e entretida. Compreende-se. Mas não se aceita e o papel de quem sabe que isto é assim, será denunciar o estado de coisas.
    Por isso, dar tiros na MJM, só porque não se gosta da pessoa em si, é um pouco atirar ao próprio pé.
    Entre os mais diversos directores de polícia que já por lá passaram e magistrados que dirigiram investigação criminal quem poderemos nós nomear para dizer que fiseram melhor que ela?!
    Responde o romeiro: Ninguém!
    Anónimo said...
    Cumprindo penitência (será a ltima vez que me referirei a tal personagem)sempre lhe direi meu caro José:
    Quem é Eduardo Dâmaso? Sabe ? Conhece-o? conhece algo de eduardo Dâmaso que lhe confira autoridade seja lá no que fôr?
    O seu comentário - com o mesmo conteúdo dos anteriores apenas confirma a vacuidade que foi e é a acção de MJM (não se trata de gostar ou desgostar da pessoa). Nunca a senhora expendeu qualquer projecto ou atitude que não fosse o "parecer". Nunca o ser.É Triste mas é a pura realidade.
    Quanto ao resto dou-lhe de borla um singelo conselho (sem ofensa e com respeito) não fale do que ignora e desconhece.É feio. No mínimo é feio.
    Acresce que se o Romeiro diz "ninguém", Almeida Garrett que sabia muito mais que o dito Romeiro diz "Felizmente, muita e boa gente".

    Zaratustra
    josé said...
    Meu caro Zaratrusta:

    Quem "assim fala"...não é gago nem tergiversa. E coloca a fasquia da discussão, numa altura invejável e apetecível. Espero que não me conheça, para não ter vantagem competitiva no preconceito.
    E atiro já a primeira pedra: não vale a pena arrogarmo-nos o conhecimento de uma matéria, - o conhecimento dos outros e suas motivações- que ninguém domina inteiramente! Há umas aproximações e dou de barato que nesse campo vá mais à frente. O "conhece-te a ti mesmo" ajuda, mas só um pouco.

    Assim, não será pelo facto de conhecer a dita cuja que julgará melhor os seus actos públicos- pois só esses interessam para o caso. Não me interessa se o efeito público tem a ver exclusivamente com a gestão de imagem. Interessa-me a repercussão dessa imagem em actos próprios ou de outros, mesmo que a letra não diga com a careta, ou seja que a imagem seja inteiramente virtual- que não é, apesar de tudo. É essa atitude, essa projecção de realidade que me interessa. No caso concreto de que falamos, interessa-me que alguém passe uma mensagem de acção eficaz e de empenho eficiente. Se isso for seguido por outros, a mensagem "pega". E é apenas isso- que um grupo de pessoas que podem fazer a diferença, se una em torno de um objectivo. Sabemos qual é o objectivo e é válido! Porquê contestar quem transmite a mensagem de ousar lutar, ousar vencer, desqualificando-a em função de de um carácter menos simpático às nossas idiossincrasias?

    Na política, -e isto é assunto de política na sua mais elevada expressão-, os valores da honestidade e da coerência contam para a pessoa em si e apenas se os tiver como referência ética. Se um político é desonesto ao dizer uma coisa, pensando outra ou desdisser o que ontem disse, por força de razões tácticas de política dinâmica, o que conta verdadeiramente é a convicção com que expõe as novas posições e o upgrade se integra no novo sistema operativo. É cínico?! Pois é- e já Machiavelli o tinha mostrado( "seule importe l’image que donne le gouvernement et non la portée réelles de ses intentions").
    Por isso mesmo, nunca entrarei em política, nem em partidos.
    Quem se importa com o que disse e escreveu o PPortas antes de estar no Governo e ser director do Independente, em comparação com o que agora diz?! Se isso fosse referência, o tipo era o político mais péssimo que jamais tivemos, pois a comparação é tremenda e arrasadora. E, porém, PPortas é possivelmente um dos melhores políticos que temos. Parece-me no entanto que lhe falta uma coisa que uma pessoa normal se esforça por ter: Alma de gente normal e comum! Com densidade feita de coerência nos princípios e valores e que se opõe ao vazio que a natureza aborrece!
    Não é só a ele, porém: Jorge Coelho é outro. Sócrates anda a aprender. Barroso aprendeu no MNE. Mário Soares perdeu-a há muito, muito tempo. Cavaco é um "autómato" que nunca se enganava nem tinha dúvidas, por isso nunca teve esse problema. A maior parte dos político de topo, tem esse estigma como marca indelével de carácter. Até o pobre Sampaio que chora sem querer, está já impregnado dessa hipocrisia e dessa falta de alma de gente comum, ordinary people, como lhe chamam os saxónicos( se assim, não fosse, não teria obrigado à demissão de Sara Pina,da PGR...).

    Nesta altura, poderá pensar: que é que este tipo conhece destas pessoas, para lhes fazer tal retrato tipo carbon copy?
    Pouco! Conheço pouco da alma de cada um deles. Alguém conhece verdadeiramente? Eles próprios conhecem?!
    É por isso que não será preciso muito conhecer, para tirar esse fotomaton. Bastam-me as obras publicamente conhecidas. O que eles fizeram. Salazar dizia que em política, o que parece, é! E é!
    "As árvores conhecem-se pelos frutos", é sabedoria bíblica e de novo testamento.
    Ora, para dirigir corporações, interessa acima de tudo quem saiba o que quer fazer, como fazer e tenha vontade real de fazer. Desde que o objectivo esteja traçado e seja aceitável pela lei e pela grei, como se dizia dantes.
    Repito: quem faz melhor?! Quem temos disponível para fazer melhor e tirar-nos desta anomia galopante, que é pior que lepra?

    Assim falo eu...que não sou Zaratrusta.
    josé said...
    E passando dos "entretanto, entrando nos finalmente", transcrevo uma passagem de discurso de João Cravinho, mação, mas de cepa ideológica identificada( MES) e de princípios e valores seguros, de democracia e liberdade. Não estou na mesma área política, e não lhe conheço o carácter, mas leio-lhe os dizeres e aprecio quando fala. A transcrição é do causa nossa:

    "A mais importante das reformas na vida pública portuguesa não custa muito dinheiro. Pelo contrário, poupará com certeza muito dinheiro ao Estado e aos contribuintes. Refiro-me à luta pela moralização da vida pública e contra a corrupção endémica. A captura do Estado e da Administração Pública por interesses ilegítimos - isto é, a corrupção - atingiu níveis intoleráveis.»
    (João Cravinho).

    Ora, esta limpeza da vida pública é, a meu ver, impossível de se fazer sem atitudes como a de "ousar lutar, ousar vencer".
    Não é feio falar disto, nem isto é assunto esotérico que só os "happy few" têm acesso, como a fala de Zaratrusta pode dar a entender.
    O conhecimento do fenómeno da corrupção é generalizado. Toda a gente sabe que existe corrupção em profusão- pequena e grande. A grande interessa-me mais por causa da visibilidade, mas a verdade é que talvez seja mais eficiente atacar a pequena, tal como o métido Giulianni em Nova Iorque produziu resultados palpáveis.
    Quem sabe?! Alguém sabe?!
    Há palpites, caro Zaratrusta. Palpites e pouco mais. Mesmo para quem escreve livros sobre a matéria, sobram os palpites. O conhecimento verdadeiro aparece em fragmentos.
    Pouca gente ou mesmo ninguém que eu conheça domina estas matérias em Portugal, e não serão certamente uns doutorandos em sociologia, de teses mostra, que me farão crer o contrário. Deviam talvez ser mais humildes e perceber que em ciências humanas ninguém sabe mais do que ninguém quando a realidade desmente a ficção. E uma boa parte das obras, é pura ficção para mestre ver e avaliar.
    Enfim, perdi-me.
    josé said...
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    josé said...
    João Cravinho continua, no DN:
    "Nenhum partido político, e muito menos o PS, que se prepara para nos governar, poderá deixar de explicar claramente ao eleitorado o que pretende fazer para combater a corrupção. Não vejo como restabelecer a confiança sem um compromisso claro para derrotar o verdadeiro polvo em que ela ameaça transformar-se.

    Em tempo de guerra, a corrupção não pode ter nem uma só hora de paz. "

    O que os partidos - PS e PSD e ainda CDS - podem dizer ao eleitorado, é muito pouco. Podem dizer que vão combater a corrupção é isso parece um programa. Entre o dizer e o fazer vai um passo de intenção. Terão mesmo intenção, o PSD, o PS e o CDS em combater a corrupção?!

    Não é preciso saber muito, mesmo que esse saber seja oculto das massas ignaras, para dizer abertamente que NÃO! Foi isso que o Dâmaso do Público disse - e tem razão!
    Esses partidos não tolerariam que alguém fosse às sedes e aos computadores e às casas dos que mandam e ainda lhes vigiassem a contabilidade em tempo real, por altura das campanhas eleitorais. E a corrupção começa logo aí, na angariação de fundos para a campanha. Muito dinheiro troca de mãos e virá de onde é preciso para o que for preciso. Depois, paga-se a factura.

    Depois, quem vai para o poder dos minístérios e das direcções gerais e das empresas ep, não toleraria que lhes fizessem a mesma coisa.
    Quem faz negócios com a banca privada, de milhões, em nome do Estado, não aguentaria que soubessem como na realidade são feitos. Perguntar-se-a um Zaratrusta ; sabes do que falas?! Eu?! Sei o suficiente. Sei o que as pessoas querem e sei que o poder corrompe. E além disso, sei uma coisa muito simples que o povo sabe há muito tempo: quem cabritos vende e cabras não tem, de algum lado lhe vêm...
    Quem era um pindérico há menos de duas décadas, não pode ser agora um multimilionário apenas por força do talento e jeito. É tão simples de saber isto como é complicado prová-lo!
    Quem estará melhor posicionado para o fazer? Quem tem competência e apetência legal para tal!
    Simples também!
    Quem nega a corrupção em larga escala é que não sabe disto...
    josé said...
    Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
    josé said...
    E ainda sobre a sabedoria, estou a ouvir Mário Soares e Balsemão, na RTP1.
    Ambos falaram no "centrão" dos interesses e como isso é prejudicial para o país...
    Até me daria vontade de rir, se não fosse uma coisa tão séria.
    Esses sabem bem, pode crer, caro Zaratrusta.

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