Ter ou não Ter... coluna vertebral

Joaquim Pina Moura, e que como por aqui já escrevemos, ficou nacionalmente conhecido, por ter assinado um decreto que “congelava” o preço dos combustíveis, apresenta-se como cabeça de lista do Partido Socialista no círculo da Guarda.

Se será apenas deputado, ou passará a ministro da economia, requerendo à comissão de ética a acumulação do cargo de presidente da Iberdrola Portugal, só ele e José Sócrates poderão responder.

Numa altura em que os vírus gripais nos fazem ir às farmácias, nada como um bom genérico para tentar perceber, no devido tempo o porque destas declarações :

O PS não aproveitou a conjuntura para fazer a consolidação orçamental, optando por estratégias de aprovisionamento dos sistemas de pensões e reformas que permitissem o pagamento destas por mais 8 anos

Mas mais grave, para um ministro do próprio governo que acabava de acusar, e hoje para o próprio PS são as seguintes declarações :

A consolidação orçamental ou a falta dela deveria ter sido mais contraccionista no que diz respeito ao consumo público, não devendo mistificar-se a opção do PS em estimular o acréscimo do consumo público


Ou seja, o mesmo que no dia 10 de Março de 2004, numa conferência na faculdade de economia do Porto, mandava estas atoardas para o ar, ciente do que dizia, ciente de quem acusava – ele próprio incluído - , e assumindo a falha do PS em matéria de consolidação orçamental, é hoje apenas e somente um fortíssimo candidato a ministro da economia, de um conjunto de pessoas que pretendia marcar a diferença, ou seja do mesmo PS que no dia 10 de Março foi criticado.

O verdadeiro problema não é aquilo que Pina Moura disse ontem e hoje desdiz, porque tal como no futebol, na política o que hoje é mentira amanhã é verdade, o verdadeiro problema , traduz-se numa completa ausência de um projecto coerente , assente em vectores essenciais para o desenvolvimento do país e levados a cabo por pessoas com responsabilidade e que queiram de facto transformar o país, e servir o país e não servir-se do país através da política.

E o projecto do Partido Socialista com ou sem choque tecnológico, não passa de isso mesmo, um projecto com vista à conquista do poder e tão somente isso, e demagogicamente suficiente para permitir que Sócrates diga hoje que não mexa no IVA, mas que permita o mesmo Sócrates daqui por uns meses, aquando da apresentação do orçamento rectificativo vir a terreiro, explicar que para repor os benefícios fiscais que Bagão Félix eliminou, conseguindo desta forma incrementar os níveis de poupança, irá aumentar as taxas de IRS, exactamente para o mesmo nível que elas estavam em 2004.

Como a economia em 2005, há-de crescer mais do que em 2004, só o crescimento da economia, há-de levar a economia a conseguir mais receitas fiscais do que as verificadas em 2004, sendo que tal permissa só não se verificará se uma qualquer externalidade – leia-se congelamento – vier a suceder.

Ou seja, Sócrates irá e contra a natureza dos governos socialistas “aumentar” os impostos, por forma a permitir ás finanças públicas sustentar os encargos com os benefícios fiscais e ao mesmo tempo arrecadar mais receitas fiscais, com o incremento esperado. Os contribuintes não notarão nada, pois pagarão exactamente os mesmos impostos que em 2004, e terão benefícios fiscais que tinham sido eliminados.

Uns ainda hão-de escrever sobre isto, chamando o milagre de Sócrates.

Publicado por António Duarte 13:51:00  

3 Comments:

  1. josé said...
    Numa pesquisa googliana, com as palavras "carácter" e "virtude", encontrei isto:

    "Para os teóricos da virtude o que interessa é o carácter e a vida da pessoa como um todo e, por isso, para eles, a questão importante é a de saber como devemos viver. A resposta que dão a esta questão é que é necessário cultivar as virtudes, porque só cultivando as virtudes poderemos prosperar como seres humanos. Mas o que é uma virtude? É um padrão de comportamento e sen-timento: uma tendência para agir de certa maneira e desejar e sentir certas coisas em certas situações. Uma virtude não é um hábito irreflectido; ao invés, implica um juízo inteligente sobre a resposta apropriada à situação em que nos encontramos. Por exemplo, uma pessoa que tenha a virtude de ser generosa sentir-se-ia generosa e agiria generosamente nas situações apropriadas. Isto envolveria ajuizar a situação e a sua resposta como apropriadas. Virtudes como a generosidade, a coragem (e outras) são necessárias para que qualquer ser humano prospere e viva bem. Mas não se deve pensar que para isso bastaria a uma pessoa escolher num catálogo de virtudes aquelas que quereria desenvolver, ou que alguém que tivesse uma única virtude muito desenvolvida poderia ser virtuosa, porque isso seria insuficiente. Uma pessoa virtuosa é alguém que harmonizou todas as virtudes incorporando-as na estrutura da sua vida."

    A coerência num político conta pouco se valores mais altos se alevantam.
    O que gostaria mesmo de saber relativamente a este Pina Moura, trânsfuga do PCP e antigo delfim de Cunhal, era quais são os seus valores e que virtudes cultivará.
    Por exemplo, a solidariedade maçónica, ultimamente tão apregoada, dir-lhe-á alguma coisa?! É que este género de valores é reconhecido, mas quem ignorar a cepa de onde provêm, andará às escuras e or próprios recusam-se a fazer luz...
    Isto tudo para perguntar directamente: o Pina Moura é da Maçonaria?
    Perguntar não ofende.
    Luís Bonifácio said...
    Não batam mais no homem, afinal de contas quando ele foi ministro da economia, estava a fazer o estágio final do curso de economia.
    Não se pode pedir mais. Ou será que nós quando acabmos os nossos cursos universitários, sabiamos e tinhmos a experiência que temos hoje????

    Critiquem é o primeiro-ministro que colocou um estagiário à frente da economia portuguesa!!!!!!!!
    Anónimo said...
    Oh, António
    Pareces ser um rapaz experto na fofoca política que não aquece nem arrefece para as desgraças que andam por este mundo. Mas antes de publicares os teus blogs tens de tomar um pouco de atenção com a virgulação: os sujeitos nunca se separam dos predicados com vírgulas. A menos, claro, que sejas alérgico a virgulas como eu. E foi só porque cometeste o mesmo erro duas vezes que te estou a contar este segredo. Espero que tenhas sorte com a profissão que escolheste. Continua a amar as coisas que amas mas não traves desnecessáriamente.

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