"PUBLICIDADE – um pretexto para falar do jornalismo de investigação"


A Bloguítica aflorou a questão a propósito do encarte sobre o OE-2005. Quem é que conhece a Brandia, para que o Governo lhe tenha atribuído, por adjudicação directa, a responsabilidade pela elaboração do encarte? A Bloguítica chamava ainda a atenção para outras acções de que esta empresa de publicidade foi incumbida recentemente, envolvendo sociedades em que o Estado participa: «foi co-responsável pela nova imagem dos CTT e concebeu a nova imagem gráfica da RTP. Muito em breve, a Brandia irá também criar a nova imagem da White, a empresa charter da TAP e do grupo Abreu que substituirá a Yes.» Soube-se, entretanto, que a Brandia foi também a empresa escolhida para modernizar a imagem das estações de comboios, tarefa que custará ao erário público vários milhões de euro.

Se a tudo isto se somar que a Brandia também foi responsável pela coordenação e gestão do processo de reformulação da «marca» Galp Energia, pode observar-se que a sociedade em causa mantém uma relação próxima com instituições na dependência de António Mexia, ex-administrador da Galp e actual ministro dos Transportes e Comunicações.

Esqueçamo-nos, por momentos, que existe o Tribunal de Contas – e que o responsável pelo controlo do sector público empresarial é Carlos Moreno, um juiz que aparentemente está agora menos entusiasmado com as suas auditorias do que estava nos tempos dos governos de Guterres.

Mas, que diabo!, se o Tribunal de Contas está de pousio, preparando o pós-20 de Fevereiro, ao menos os jornalistas poderiam distrair-se a determinar como é que o investimento publicitário do Estado, dos institutos públicos e das empresas públicas ou participadas pelo Estado (sem esquecer coisas como a Santa Casa da Misericórdia) se distribuiu pelas diversas agências de publicidade durante os governos da coligação PSD-PP, como é que se distribuía por elas nos governos de Guterres e, já agora, como irá distribuir-se na vigência do próximo governo.

É muito simples – e é muito provável que fosse também muito esclarecedor. Com certeza que todos nós ficaríamos muito satisfeitos de saber que havíamos entrado na era do jornalismo de investigação – em lugar do jornalismo de «aviação» (o de «aviar» recados).

in Pula Pula Pulga

Publicado por Manuel 19:29:00  

2 Comments:

  1. Joao said...
    é verdade, ha sempre umas amizades especiais, mas a brandia tem quase 20 anos, centenas de clientes e 300 empregados
    Anónimo said...
    Na mesma linha, mais interessante ainda é perceber qual a relação entre um grupo do norte, a guerra das pretas, um pequeno partido e os seus outdoors.

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