tudo escrito nas estrelas...
segunda-feira, dezembro 13, 2004
- O Dr. Sampaio finalmente lá falou à Pátria. Sem surpresas foi igual a ele próprio. Justificou, mal, a viabilização do Orçamento/2005 com os aumentos dos funcionários públicos (!) mas justificou bem, embora tardiamente, a sua decisão de correr com esta legislatura. A mim não me interessam os exercícios de comparação com a fase terminal do consulado do Eng. Guterres, não me interessam mesmo. Não sendo de esquerda, acho perfeitamente natural, e até motivo de orgulho, que o grau de exigência que se aplica a um governo do PSD seja muito maior que o que se exige a um do PS, afinal é esse o desígnio histórico do PSD - não ser menos mau, mas sim ser o melhor. E independentemente do que se passou, ou deixou de passar, na fase final do Guterrismo, independentemente do que Sampaio, então, fez, ou deixou de fazer, o facto é que a situação era na melhor das hipóteses lastimável. É claro que neste país há uns pensadores que confundem liberalismo com anarquia, e como "não há tradição" de imputação de responsabilidades andem por aí em gritos de clamor contra a decisão de Sampaio. De uma forma coreograficamente pouco feliz, estamos afinal a falar de Sampaio, o facto é que o PR abriu um novo capítulo na política portuguesa - um governo não mais é inimputável. Embora seja de bom tom dizer-se que a decisão de Sampaio, e este seu discurso, beneficiam o PS e José Sócrates, o facto é que todo o discurso de Sampaio tem, a prazo, um e um só corolário - Anibal Cavaco Silva. O PR apelou à continuidade das reformas iniciadas e ao início das que faltam e como resposta teve algumas horas depois José Sócrates a afirmar que manteria as SCUTs. Tivesse a liderança do PS coluna vertebral e estaleca, e seria o PS a denunciar o descalabro das contas públicas e a prometer fazer o que tivesse que se feito - e sabe-se muito bem o que é - para as rectificar, mais, pediria o voto de confiança do País para isso mesmo, mas o PS não tem estaleca. Assim vamos ter o PSD com a tese do oásis, o PP com a tese do garante da estabilidade, e o PS com a tese das reformas sem dor. Não se vai lá assim, muito menos se se conquistam maiorias absolutas. O português médio já percebeu que as reformas, ainda que dolorosas, são precisas, o Português médio já percebeu que elas são mesmo imperiosas. A classe política em exercício é que ainda não percebeu que só lhe era conveniente falar verdade, falar claro. Há é claro um homem que já percebeu - Anibal Cavaco Silva, um homem, de que mesmo não gostando, ou não tendo gostado, em quem confiam, de quem só esperam ouvir a verdade, sem paninhos quentes ou contemplações. É claro que é mais simples afirmar que o Dr. Sampaio fez um favor ao Dr. Sócrates mas, bom, se assim foi, foi tão grande como o que o Dr. Barroso fez ao Dr. Lopes...
- Há alturas em que se consegue ver claramente a grandeza ou pequenez de alguns personagens... Manuel Monteiro, por estes dias, mostrou claramente a sua grandeza e sentido de estado. Aqui, não excluia entendimentos com o PS (o operário Jerónimo também não) e aqui já não se importava de correr ao lado do Dr. Portas (!) e do Dr. Lopes. O Dr. Monteiro é afinal lixo político sem reciclagem possível.
- No sábado o Governo do Dr. Lopes demitiu-se. Num País de comentadores de bancada não faltou quem achasse bem, que era bem jogado, sobretudo porque poucos o terão previsto. Por aqui já se escreveu que o Dr. Sampaio não esteve especialmente bem na forma mas, seria de esperar algum sentido de responsabilidade nas partes, quiçá sentido de Estado. Mas não, andam todos a brincar com base em formalismos, e só em formalismos... Já hoje o Público diz-nos que o Dr. Lopes queria libertar-se do agrilhoado das tarefas governamentais, o tal que por vezes obrigava a que o protocolo fosse contornado já que sempre é mais interessante ver um desfile da Moda Lisboa que jantar com o PR de Moçambique, para assim melhor se dedicar à campanha eleitoral. No final o bom senso imperou. Isto diz muito do Dr. Lopes. do temperamental Dr. Lopes.
- Afinal parece que não vai haver coligação PSD/PP. Parece, mas ainda não há a certeza. É algo que também diz muito das partes, de como o conjuntural, as sondagens, a táctica se sobrepõe à estratégia, aos projectos. E é sobretudo uma óptima notícia para aqueles que já se preocupam com as presidenciais e sobre como vai ser o day after no centro-direita. Na prática o PP virou cavaquista por mais irónico que isso seja, já que vamos ter o Dr. Portas a encarregar-se de fazer o serviço sujo de recordar, minuto sim, minuto sim, que a instabilidade estava toda no PSD do Dr. Lopes, isto durante a campanha, por um lado, e por outro a fazer um discurso suficientemente demagógico e irresponsável, Bagão oblige, durante a mesma campanha para que, independentemente dos votos que tenha, e eu acho que até tem condições para subir, ninguém o leve a sério no dia seguinte.
- Parece que há por aí muito barrosista feliz com o triste fim do Dr. Lopes e com a superior inteligência do ex maoista, mais, já preparam o regresso do Dr. Barroso para daqui a 10 (!) anos. Mas não nos assustemos, o Dr. Barroso também não vai chegar ao final do mandato na Comissão Europeia. Está tudo escrito nas estrelas.
Publicado por Manuel 13:09:00
1 Comment:
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- Anónimo said...
11:53 da tarde, dezembro 13, 2004Ah! Aquela do 'pederia' foi entao uma cabala involuntaria...
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