pequenos crimes entre amigos (act.)
quarta-feira, dezembro 22, 2004
É das regras: matematicamente, a única maneira de não se perder num casino é apostar sempre na jogada seguinte o dobro do que se apostou anteriormente (pressupondo fundos ilimitados...). Hoje à tarde, escrevia que o Dr. Portas tinha um problema no Dr. Bagão. Ora o Dr. Portas e o seu gurú, o Dr. Guedes, podem não perceber de números, mas sabem uma coisa ou outra de teoria de jogos. Agora à noitinha, ficámos a saber que o Dr. Nobre Guedes se picou com o Dr. Lopes. Demasiados voluntários para anunciar coisas a menos. O Dr. Lopes pôs-se a jeito, como habitualmente. O Dr. Guedes, e o PP, têm assim uma oportunidade soberana de fazer um hat-trick: fazem esquecer as trapalhadas do Dr. Bagão, humilham, e põem no sítio, o Dr. Lopes e o PSD, e marcam pontos numa área sensível e muito cara ao Eng. Sócrates - o Ambiente. Perverso, mas genialmente eficaz. [Ler mais aqui.]
P.S. a resposta à questão levantada por nós ontem sobre o Sr. Miguel Almeida, parece estar afinal no DN aqui... Nos entretantos, o Dr. Lopes rachou. Quem pode, pode.
P.S. 2. A Não perder os comentários, onde um expert em finanças públicas disserta sobre matemática orçamental...
Publicado por Manuel 21:20:00
Embora pareça, garanto que isto não é a embirrar consigo...
A sua análise parece correcta e tem a virtude de fazer imenso sentido. As notícias (especialmente notícias destas, muito especialmente quando saem no Público...) nunca devem ser tomadas pelo seu valor facial... há sempre motivos ulteriores a explicar bizarrias como estas... agora, se isto foi motivado pelo seu post sobre o M. das Finanças ou se faz parte de um plano maquiavelicamente pensado, com antecedência, é que é coisa que não é óbvia na sua análise...
O que pode parecer embirração é o seguinte: aquela parte de haver uma maneira de não se perder num casino é treta, sabe? Por muitas voltas que você dê à Teoria das Probabilidades, por muitas jogadas que faça com apostas crescentes (em progressão geométrica), não há fuga às Leis da Natureza (e a Ciência Matemática faz parte da Natureza...): a sua expectativa de ganho é sempre a mesma e, em qualquer casino que preste, será sempre negativa...
Dar pareceres jurídicos é maneira mais segura de ganhar dinheiro... (já que, hoje em dia, a TVI é o que se sabe...)
Não é a matemática que se rege pelas Leis da Natureza, é esta que se rege pela matemática.
Assim voltemos ao casino; Imagine uma sucessão infinita de jogadas; agora aplique o seguinte algoritmo:
1) se for a primeira jogada 1 apostar X ;
2) se for uma jogada posterior X vezes 2
3) se ganhar para;
4) se perder volta a 2)
Assim admitindo que a máquina do casino não está ganzada (i.e. que não está lá para lavar dinheiro) e por mais baixas que sejam as probabilidades mais tarde ou mais cedo, admitindo fundos infinitos, esta é a única maneira legítima de ganhar com 100% de probabilidade à banca. Continue a ver, pois a TVI.
Até o Dr. santana Lopes lhe explicava esta (que ele de Casinos sabe...). A sua expectativa de ganho mantém-se seja como fôr... faça lá as contas...(finja, para ser mais fácil, que você só ganha em metade dos casos).
Não se esqueça que em qualquer jogada a probabilidade de ganhar é a mesma (a hipótese inicial é que isto não é um Casino da treta). O que significa que mesmo depois de perder 1000 vezes (e estar a apostar 2 levantado a mil da aposta inicial) continua a ter só 50% de hipóteses de ganhar na jogada seguinte... a probabilidade de ganhar (ou de perder) em qualquer jogada não se altera em função do número de vezes que você perdeu nas jogadas anteriores... e portanto a sua expectativa de ganho (ie: probabilidade de ganhar vezes valor da aposta menos probabilidade de perder vezes valor da aposta) fica rigorosamente no mesmo sítio...
Existe uma probabilidade superior a zero de você ser forçado a apostar tantos euros como atomos existem no Universo... e, tristemente, continua a ser verdade que você ganha 2 Universos em metade dos casos, mas perde 1 na outra metade...expectativa de ganho universal: 0... Como dizia o outro: é a vida...
Os casinos não ganham dinheiro por limitar o montante da aposta (embora isto também ajude...). Ganham-no por terem invenções como o Zero (e até o duplo Zero) na roleta (assim são 37 ou 38 números, mas você só ganha 36 vezes a aposta inicial).
PS: Não tenho acesso à TVI... e não lamento...
Se você não quer, eu não discuto mais. Permita-me só este desabafo:
IRRA DIGO EU!
Eu sei de Matemática, e até sei de Ciência e de empirismo e de Teoria de Jogos e (veja lá você que extraordinário) até de casinos eu percebo qualquer coisa...
Não que seja eclético, Graças a Deus... (por exemplo, não percebo muito de Direito Constitucional...)
Vai-lhe parecer aquela anedota do piolhoso, mas (com sua paciência) essa de dobrar a aposta de cada vez que joga no Casino... Nah! não funciona...
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Como nota de rodapé, recordo ao Embirrador que no post original eu falei expressamente em fundos ilimitados. Se o Embirrador perceber alguma coisinha de matemática deve saber que a probabilidade de qualquer coisa(num casino legal) é sempre maior que zero e menor que 1... Numa iteração infinita o somatório (soma das probabilidades em cada aposta/iteração) afasta-se do zero... capisci?. Bom Natal.
Quanto a referendos, registo a fina ironia...
Bem visto... vamos lá referendar a coisa para nos entretermos... (não se esqueça, no entanto, que a Ciência não é coisa muito democrática, ok? Há quem tenha razão e quem não tenha... e não é a opinião da maioria que decide se o Sol gira à volta da Terra, ou o contrário...certo?).
E você Irmão Manuel? (se lhe tiver passado a irritação) Que diz? Quer referendar isto? e já agora referendemos também as Leis de Mendel... são tão universais como as da Matematica. Por isso: porque não?
Quanto ao referendo que propus voto no casino do Venerável, sem menos respeito pelo Embirrento, e que é muito.
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COntudo, fico sempre algo perplexo quando detecto em matemáticos ou em simples amadores de equações, uma dificuldade acentuada em topar as letras certas para as palavras.
Bugalhos não são bogalhos, mas o raciocínio abstracto, para mim, é mais difícil do que juntar vogais e consoantes. Gostei da discussão.
Regresso aos comentários para lhe deixar uma pista sobre a minha identidade (essa do 'expert' fez-me sorrir... acredite que não sou digno...).
Um Bom Natal para si, Irmão Manuel, e para os restantes Veneráveis Irmãos desta Digníssima e Grande Loja.
Faço votos que os 'posts' do próximo ano sejam ainda melhores, se tal for possível...
Afonso Henriques, agente nº 1140