Olhó PIB fresquinho!...
quinta-feira, dezembro 09, 2004
O Produto Interno Bruto (PIB) português cresceu 0,8% em termos reais no 3º trimestre de 2004 relativamente ao período homólogo. Esta variação, que corresponde a um abrandamento face à verificada no trimestre anterior (1,8%), é o resultado do comportamento das Exportações de Bens e Serviços e da procura interna. O contributo da procura externa líquida para o crescimento homólogo do PIB foi mais desfavorável do que no trimestre anterior, pese embora o abrandamento verificado nas Importações de Bens e Serviços.
in INE
Acresce que...
Face ao período anterior, o PIB português recuou 1,2% em volume no 3º trimestre de 2004, após os crescimentos elevados registados nos dois trimestres anteriores.
Variação homóloga positiva; variação em cadeia negativa.
Já que anda tudo entretido com cenários eleitorais apresento-vos um cenário económico.
Se por ventura a média dos últimos três anos do PIBpm (em preços constantes, base 1995), referente ao quarto trimestre, for uma boa aproximação ao valor do quarto trimestre deste ano (tão boa como tería sido para prever o valor hoje divulgado), teremos nova variação em cadeia negativa (cerca de -0,4%), ou seja, lá teremos de novo a "recessão técnica".
E quem diz a média dos últimos três anos, diz dos últimos quatro, cinco, seis...
Ainda fiz mais umas contitas "confirmatórias" deste exercício altamente falível, mas acho que para aqui estes resultados bastam.
Daqui a três meses, com a divulgação dos próximos dados do PIB trimestral, espero confirmar a falibilidade desta contita.
Retoma? Pois...
Publicado por Rui MCB 17:57:00
3 Comments:
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Relembrando o que aqui já foi escrito por nós:
“A actual retoma económica, expurgando o efeito anómalo do evento Euro 2004, está a ter um comportamento muito melhor do que o destacado pelos analistas políticos, vestidos de analistas económicos.”
Na verdade, os últimos dados do INE confirmam que a tal retoma baseada na procura interna, que muitos criticavam, ainda por cima atribuindo culpas ao actual governo, acaba por ser mais saudável do que pretendem as cassandras. Afinal a retoma não se baseia tanto na procura interna. E no endividamento.
Neste último trimestre, tal como tínhamos previsto, expurgando o efeito do Euro2004, a procura interna abrandou. E abrandou a procura interna e as importações. Mesmo assim, as importações continuam altas. Estima-se que 2% deste aumento das importações se devem ao aumento do preço do crude, nos mercados internacionais, mas que já serão corrigidas neste 4º Trimestre.
Nas exportações, a queda sentida foi menor do que poderia indiciar a forte queda do crescimento do PIB dos nossos principais mercados-clientes e, ainda, da forte valorização do euro, que penalizou as exportações europeias, em especial a Alemanha.
Ao contrário do que deseja o dr. Rui MCB, provavelmente o PIB no 4º Trimestre será positivo, quer em cadeia, quer em termos homólogos. Com um contributo positivo da procura externa líquida, à medida que as economias europeias voltem a apresentar uma maior e mais forte procura interna.
Se se confirmar uma subida do PIB no 4º Trimestre, baseado na exportações e no investimento, ficará mais claro que a nossa retoma terá um comportamento mais saudável, do que pretendem mostrar os críticos.
Fica um conselho ao dr. Rui MCB, não deite foguetes antes da festa e não venda o seu peixe aos berros. É que o amigo não se apercebeu, ainda, que esta queda do PIB no 3º Trimestre era expectável e desejável. Pelos mesmos motivos que nos referimos ao dr. António. Voltar a um padrão de crescimento muito mais saudável. Já agora, seria possível manter um crescimento em termos anuais na casa dos 5%, que foi o crescimento do 2º Trimestre, com a economia europeia à beira da recessão? Só seria possível se a aposta fosse na procura interna. Mas não o sendo…
Será interessante comparar as vossas opiniões sobre o assunto. Ou o dr. Rui MCB está completamente errado, ou o dr. António. Porque ambas as visões, e críticas à actual retoma, não são compatíveis entre si. A única compatibilidade é atribuir culpas de uma retoma económica a um governo, ao qual não pode ser assacado. Ou seja, é o vosso combate político que vos une e não análise económica. O que é uma pena.
Mas se é ao peixe que vem, desengane-se caro Dr.
O cenário de hoje foi uma provocação. Mas uma provocação clarificadora da fraqueza dos seus argumentos e da sua "gestão das expectativas" e da credibilidade do que aqui deixou escrito há alguns dias.
Ninguém no seu perfeito juízo pode hoje pôr as mãos no fogo garantindo que estamos em plena retoma. Tal como eu não posso, nem o fiz, garantir que vamos entrar em recessão. Mas a queda neste trimestre foi expressiva, talvez mais expressiva do que o efeito Euro justificaria. E os quatros trimestres foram nos últimos oito anos demasiadas vezes os piores trimestres do ano para a história nos incutir confiança.
Estamos "a um passo da glória e a um passo do abismo", tal como o Sporting, o Benfica ou o Porto em relação ao campeonato. A mera constatação deste facto numa área como a da progressão de curto prazo do PIB "em plena retoma" diz muito sobre a qualidade da mesma e da política económica prosseguida (e estou a ser pouco sério ao admitir que existe tal coisa nos últimos quatro meses).
Espero sinceramente, que o país ignore todos os sinais que têm surgido do seu governo e que consiga, apesar dele, empurrar a carroça para melhor estrada. Pode até ser que Jorge Sampaio já tenha conseguido incutir melhores níveis de confiança neste povo.
P.S.: dados de hoje relativos a Setembro, as exportações crescem (4,7%) - valha-nos a Espanha! - e as importações crescem ainda mais (9,6%). Tenho saudades dos dados do ano passado...
A minha resposta está mais acima num post intitulado " Iceberg à vista ". Apenas porque entendi colocar aqui uns gráficos já que pelas palavras parece que não nos entendemos.