O Tango
segunda-feira, dezembro 20, 2004
Há uns anos, num filme muito conhecido, alguém dizia que quando um cão não abana a cauda, trata-se de pôr a cauda a abanar o cão. Não sei se José Sócrates viu o filme ("Wag the Dog"/"Manobras na Casa Branca"), mas o facto é que ele está a cumprir a estratégia à risca, e a ganhar. De uma campanha eleitoral para umas eleições legislativas esperam-se grandes ideias, linhas de rumo, estratégias claras e concretas, isto quando elas existem. Quando não existem, bem, quando não existem pode sempre contar-se com o determinismo e casmurrice do adversário. Sócrates relançou o tema da co-incineração, e toda a gente foi atrás. A táctica não é nova, e funciona. Acontece que se o tema serve ao líder do PS, que mostra firmeza (?!), manifestamente não serve a uma campanha que se quer(eria) séria e esclarecedora. Percebe-se que quem ainda não tem ideias alinhavadas queira ganhar tempo com faits-divers, não se percebe é que tudo quanto seja partido parlamentar vá a correr atrás desses mesmos faits-divers, a não ser que afinal todos esses partidos parlamentares só saibam viver, também eles, de faits-divers. Sejamos claros, a co-incineração é uma questão importante, uma questão importante no âmbito de uma política global para o ambiente, não isoladamente, mas não é o cerne dos problemas do País. Eu quero é ouvir o Eng. Sócrates falar sobre a Reforma da Segurança Social, da Administração Pública, do Déficit, eu quero é saber contra que lobbies é que o Eng. Sócrates está verdadeiramente disposto a lutar. É claro que, enquanto não há ideias (há ?) sobre o essencial, se vai discutindo o acessório...
Publicado por Manuel 11:07:00