(...) Feitas as contas, o acordo tem, para o CDS, todas as vantagens. Garante-lhe o poder sem precisar de o regatear, no caso de a direita obter votos e deputados suficientes para isso. E, acima de tudo, dá-lhe o conforto de minimizar o efeito, potencialmente devastador, do voto útil no PSD.

Quanto a Santana, as possíveis vantagens da desvinculação do CDS e das listas separadas, na tentativa de não perder votos ao centro, são anuladas pelo acordo de Governo. Nenhum eleitor de centro-direita descontente com o desempenho da actual maioria votará no PSD sabendo que a mesma maioria vai governar depois de 20 de Fevereiro. E aqueles que eventualmente oscilem entre o PSD e o CDS, ou hesitem entre as personalidades de Santana e Portas, sentir-se-ão mais livres para votar no CDS, sem que o seu voto prejudique a solução de Governo que pretendem.

Em suma, o «cada um por si» parece um bom negócio para Paulo Portas. Quanto a Santana Lopes, é bem possível que, ao pôr o PSD a reboque do CDS, pague sozinho - ou pelo menos que pague mais cara - a factura destes três anos de Governo.

Fernando Madrinha, Expresso Online

Publicado por Manuel 18:49:00  

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