Vasco Pulido Valente
"Como sair disto"
sábado, novembro 20, 2004
Anteontem, e não inteiramente de surpresa, o dr. Mário Soares resolveu fazer uma descrição apocalíptica do país. Disse que a democracia estava "em crise" e o regime "em degenerescência". Disse que a "corrupção" era agora pior do que durante a ditadura e que a polícia se guiava por "critérios" duvidosos. Disse que havia um risco próximo de uma "revolta incontrolável" e que só a UE impedia uma "aventura militar". E disse que tínhamos chegado à "situação mais deprimente e mais crispada" desde o "25 de Abril". Com outra brandura, Cavaco Silva declarou em Madrid que achava a política actual muito, muito pouco "atraente" e "estimulante" e até Guterres, com estranha desvergonha, a comparou a um "reality show". Por toda a parte toda a gente quer resposta a uma pergunta simples: "Como é possível que Santana e Portas governem Portugal?" E quer saber como saímos "disto". Bom ponto, esse: como saímos "disto"? Não com certeza através de Sampaio, um dos primeiros responsáveis por "isto" e hoje sem sombra de autoridade ou de prestígio. Implicitamente, Soares pede eleições e, claro, a dissolução que as deve preceder. Erro dele. Já não contando com a reviravolta de Sampaio, fatalmente favorável ao governo, seria dar a Santana o papel de vítima, em que ele exulta, e a oportunidade a Portas para levantar o fantasma da esquerda tirânica e perversa. A coligação precisa de ferver até ao fim no molho da sua própria miséria. Não vale a pena que ela acabe, se não for arrasada e, com ela, o impensável bando que a imaginou e a seguiu. Ou se limpa a casa, ou não se limpa. Ora limpar a casa exige método. Começar pelas câmaras. Pôr a seguir o prof. Cavaco em Belém (e nunca o desastroso Guterres), para devolver alguma dignidade à Presidência e para que exista uma voz superior e respeitada, e que o PSD ouça, contra a intriga e demagogia. E, no fim votar para uma maioria PS, que não é com certeza a salvação, mas que talvez traga um módico de normalidade e decência. Santana e Portas gostariam imenso de ser o centro de um melodrama nacional. Sempre viveram no melodrama e do melodrama. Mas para sairmos "disto" convém evitar qualquer espécie de messianismo à portuguesa. Basta uma oposição persistente e sólida, conduzida com inteligência e um firme desprezo. Eles tratam do resto.
Vasco Pulido Valente in Público
Publicado por Manuel 10:46:00
12 Comments:
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quando se fala de Asco Falido Poluente vem-me sempre ao nariz um dos cheiros da decomposição do Regime.
É interessante que esse ser já esteja outra vez na fase da pregação da ascensão do P.S. ao Poder:
assim,
como metáfora,
é quase como que atravessar a Vasco da Gama e sentir aquelas mudanças de vento da conveniência,
mas que trazem sempre,
de todos os quadrantes,
o mesmo cheiro a mijo de porco.
Sempre que esse ser se lembre de limpar o Regime, faça uma coisa:
pratique o
auto-autoclismo,
e carregue no botão da descarga,
Portugal agradece e a atmosfera sempre fica mais limpa.
E SÓ MAIS UMA COISA: ACHAM MESMO QUE PAULO PORTAS É UM TONTO PARA IR À MADEIRA BATER NO JARDIM ASSIM, SEM MAIS NEM MENOS???? Claro que não, faz parte da "coisa". Tal como o episódio do congresso do PSD, parte do mesmo puzzle. Mas cheira-me que VPV sabe disto tudo. E mais, claro está!!!
primo Sousa
Prévia à alternância democrática, com certeza, há que cuidar das alternativas (opções políticas de fundo)que traduzam a vontade de estabelecer um novo paradigma político, centrado nas pessoas e nos cidadãos e com metas para lá dos ciclos eleitorais e das crises conjunturais.
Questionar por exemplo: Pode Portugal produzir mais e melhor riqueza? Pode ou não distribuir-se a actual com mais equidade? Deve ou não exigir-se mais de cada um, consoante o que tem ou dispôe?
Por fim: O que é que falta ou é preciso fazer para tornar os portugueses contentes consigo próprios e com os demais?
Em suma: Terão os portugueses direito a serem felizes, trabalhando, lutando, inovando, discutindo, participando?
Claramente que sim. Não só têm esse direito, como é sua obrigação fazê-lo sem ninguém ser excluido, ou se auto-excluir.
Ass. Maria da Fonte II
em Sociologia,
chama-se "A Mulher-Alibi":
aquela que finge e pratica o estardalhaço,
como se estivesse na Oposição,
quando o seu único papel é o de ir provocando pequenas catarses locais,
que impeçam a grande sublevação,
que levasse à subversão da Ordem Vigente,
de qualquer ordem,
de qualquer vigência,
da qual "ela",
profunda e eternamente sanguessuga,
vive
e se alimenta.
Parece-me errado apontar ao VPV como faz o ilustre Arrebenta, um propósito de aconchego ao futuro ganhador. Não faz sentido em VPV. Se fosse um qualquer Delgado de trazer por casa, rasteirinho e obediente ao poder instituido, ainda se compreendia. Mas com o Pulido não se deve esperar tal coisa.
Antes pelo contrário.
que levasse à subversão da Ordem Vigente” mas de que falamos à seu Arrebenta? A insurreição operária, a revolução proletária? “:O)))))
a aurora da maturidade da Opinião Pública da Aldeia Global.
que tantos grilhões e poeira nos olhos impedem de amanhecer.
(não são do meu tempo)
tranformaram-se nos amanhojes que choram:
prefiro esperar sentado.
E quanto às "elites", tenho por elas o mesmo vómito que me desperta o Asco Falido:
não me euforizo com Coca, Pedofilia, Tráfico de Armas, Futebol, Construções Civis ou Prostituição,
e se as elites são outras,
grandes elites,
que se deixam governar pelas prateleiras atrás enunciadas...
Para quem consuma o Asco Falido, apenas um conselho: é como os cogumelos,
por detrás de cores,
que sejam prosa,
aliciantes,
reina, na maioria,
o fatal veneno típico de todos os fungos.
Ide, e comei,
este é o meu corpo,
o vosso sangue fará o resto.
- O dr. Portas é muito mais esperto (e inteligente) que a esmagadora maioria dos PPD-PSD's;
- Mantem-se em primeiro plano há vários anos, ao contrário da esmagadora maioria dos PPD-PSD's;
- Tem muitos "postos de observação" nos PPD-PSD's.
- O VPV sabe muito bem disto tudo, mas se o admitisse...
naquele dia aziago em que,
pela primeira vez,
optou por ir de louro-deneuve,
em vez da habitual cara destapada.
Que teria lucrado em não o ter feito,
escassa coisa:
dele hoje se diria,
em vez de "olha, aquele que atacava aqui de Catherine já é agora ministro!..."
ouvir-se-ia "olha, aquele que atacava aqui já é agora Ministro".
Asco Falido Poluente está apenas separado dele umas quantas quadras,
ou quarteirões.
Para quem queira saber um pouco mais,
sente-se umas quantas horas a ouvir a Lola e a sua "troupe" de travestis,
do Conde Redondo.
Dasse!...