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Finanças dão depósitos de tesouraria ao BCP


Os milhões de euros de organismos públicos passam para o BCP. Concorrência critica

O ministério das Finanças concedeu ao Millennium bcp o direito de captar depósitos dos «organismos públicos» dependentes da Direcção-Geral do Tesouro (DGT). Serão centenas de milhões de euros mobilizados em depósitos e geridos via banco tutelado por Jardim Gonçalves e que, até ontem, passavam pela Caixa Geral de Depósitos, CGD. De fora do «negócio» acordado com o Estado estão os restantes bancos privados.

Os serviços de Bagão Félix, o ministro da Finanças, confirmaram o «protocolo» com o BCP e afirmam que «muito brevemente» serão assinados protocolos semelhantes com a generalidade da banca privada. Mas esta intenção não acalma o mercado. Altos quadros da banca comercial, concorrentes do BCP, já criticam o «documento» assinado com o BCP. «Candeia que vai à frente ilumina duas vezes», afirma um quadro bancário. Ou seja, quem chega primeiro ao mercado «tem todas as vantagens para tomar o grosso do negócio». Também os funcionários da DGT criticam o «acordo» com o BCP. «Está-se a tentar centralizar a tesouraria do Estado para um banco privado», acusam.

E quanto vale o negócio? Ao certo, os montantes são desconhecidos, «mas são centenas de milhões de euros em depósitos e uma extensa lista de dezenas de novos clientes para o BCP», afirma um quadro das Finanças. Sem competidores, o banco consegue, assim, alargar a captação de depósitos. Em suma, organismos estatais com autonomia administrativa e financeira passam a abrir contas e movimentar o dinheiro via BCP. Estão nesta listagem, instituições como tribunais, governos civis, institutos e, até, museus.

Tal como sucede com a comunicação de «factos relevantes», ontem, num curto comunicado, o BCP não fazia cerimónias: sem mencionar o «protocolo» estabelecido com os serviços de Bagão Félix afirmava apenas que os «organismos públicos já podem realizar depósitos nas mais de mil sucursais do banco» e, complementava, «para crédito de uma conta central da DGT». Aliás, o título do comunicado ontem divulgado pelo Millennium bcp - «DGT vai centralizar depósitos dos organismos públicos no Millennium bcp» - foi mesmo considerado como «abusivo». A causa de tanta irritação foi a palavra «dos» em vez da preposição «de». Isto, afirmam, «já é o banco a tentar tirar todo o proveito por chegar primeiro a este mercado».

As Finanças confirmam a existência de um protocolo, mas recusam a sua divulgação (ver caixa). Garantem que o mesmo documento será estendido a «curto prazo» a outros bancos, mas alguns dirigentes da administração pública não escondem fortes criticas. Acusam o Governo de «entregar a uma entidade privada» boa parte da «centralização da tesouraria do Estado» e questionam «a eventual existência» de «comissões» por serviços prestados. «Seria compreensível que um negócio destes fosse alargado a instituições como o Montepio», afirmam, justificando o «carácter mais social dessas instituições».

no Diário de Notícias

Num País normal, o protocolo era congelado, era tudo esclarecido, e explicava-se para que serve afinal a Caixa Geral de Depósitos, mas Portugal não é um País normal, é um País de Bagões e Beatos que não tem de explicar nada a ninguém...


Publicado por Manuel 15:17:00  

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    Meu caro Manuel,

    É muito mais grave. De há uns anos para cá, já nem deveria ser através da CGD que os movimentos bancários deveriam ser feitos pelos institutos públicos (com auto. administrativa e financeira, mas sim através Banco do Tesouro, um serviço da DGT ao qual os serviços acediam através de sistema de homebanking. E o que eu lhe posso dizer é que este funciona e é muito eficaz, permintindo ao mesmo tempo à própria DGT uma aplicação eficaz de todos os excedentes de tesouraria, sem a necessidade de recurso ao crédito bancário em alturas críticas do mês.
    isto é que era uma boa gestão.
    Com esta medida, acaba-se a boa gestão, pois a relação passa a ser entre o banco e o organismo sem que a DGT tenha acesso às contas dos organismos e aos tais excedentes e deitam-se os milhares de euros que custou a aplicação ao lixo e que teve como parceiro, creio, a Anderson Consulting (e não a Compta).
    O que mais me espanta é que ninguém fale ou escreva sobre isto.
    Fica a nota.
    saudações anónimas, mas verdadeiras.

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