Paulo Maluf, Isaltino Morais, Cândida Almeida e o estranho caso das contas na Suíça...

Cândida Almeida, a coordenadora do Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP), veio hoje no DN escudar-se na falta de meios como justificação para a ausência total e absoluta de resultados nos inquéritos mais explosivos sob a sua responsabilidade. Recordo apenas dois - o affair António Preto e a questão das contas bancárias "conjuntas" de Isaltino Morais com um sobrinho seu, taxista, na Suíça. Não é preciso ser vidente para se inferir que a resolução de qualquer um destes casos contribuiria, e muito, para uma saúdavel clarificação dos meandros do poder indígena, porém, sabêmo-lo agora, faltam meios.

Tomemos pois o caso de Isaltino. O dinheiro estará na Suíça. Faltam meios, mas faltará assim tanto também a imaginação e a força de vontade? Será assim díficil consultar o Google e ver como é que a justiça brasileira levantou na Suíça, ao mesmo banco de Isaltino, a UBS, o sigilo bancário de Paulo Maluf, ex prefeito de São Paulo ? Será assim tão díficil ? Foi-o de facto para a justiça brasileira que recebeu de bónus 200 kilogramas de documentação mas, mas foi possível. Ora não consta que o Dr. Isaltino tenha melhores advogados na Suíça que Maluf (cuja conta num só dia movimentou mais de 100 milhões de dólares), se é que já terá precisado deles, pelo que se supõe que o processo esteja alegremente a decorrer... E para ele chegar a bom termo muitos mais que mais meios se calhar é só preciso mais força de vontade, ou não ?

Publicado por Manuel 15:00:00  

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    Caro Manuel
    Os amigos são para as ocasiões, não é? A sra dra Cândida Almeida passou muito tempo em Oeiras, bem como o seu digníssimo consorte, onde - dizem as más línguas -fizeram grande amizade com o sr Isaltino Morais.
    josé said...
    Não vou aqui pôr em causa a honorabilidade seja de quem for.
    Vou apenas supôr o seguinte, porque este assunto é de facto intrigante, pela inoperância que se revela:

    A notícia brasileira também traz o seguinte que permite explicar as nabices que podem ter sucedido:
    "Imediatamente, o Brasil pediu ajuda judiciária à Suíça, porém, não conseguia formular uma carta rogatória dentro das normas. Foram necessárias seis tentativas e quase dois anos, para ter a carta rogatória aceita pelas autoridades suíças."

    Não sei que investigação se fez cá em Portugal depois da história estourar no Independente.
    Não sei, aliás, como é que se faz esta investigação na PJ e no DCIAP. Sei, é que com amadorismos não se chega lá, onde é preciso e é exigível.
    Se há suspeitas, não se deve atirar para o lado, como pelo menos uma vez fez o ex-Salvado: "isso não dá nada!"
    Tão simples quanto isso!

    Neste caso, não é preciso estar com meias palavras nem com conceitos relativos, para perceber que a investigação não se pode fazer na secretária ou deixar tudo ao cuidado da PJ.

    E por isso,numa coisa estou com o venerável Manuel: é preciso , se calhar, um pouco mais de força de vontade para as coisas serem investigadas como devem ser.

    VOu até mais longe: ponham no DCIAP a Maria José Morgado! Sem desprimor para a Cândida de Almeida, julgo que estaria muito melhor no tribunal de Contas, em vez de..
    Há pessoas que fazem diferença nos lugares onde estão.
    As pessoas que estão no DCIAP, por muito bem preparadas tecnicamente que estejam, precisam de uma outra coisa que não se aprende nos livros e na rotina processual: coragem, espírito de investigação e independência total em relação a amizades, partidos e políticas.
    E mesmo assim, é preciso sorte.
    Anónimo said...
    Palpita-me que este Venerável (?) Irmão José, ou até o Pinto Nogueira, por exemplo, estariam mais bem empregues no DCIAP que a Maria José Morgado, cujo prazo de validade, nos parece, já passou... Pelo menos parecem ter não só ideias, como coragem de as por em prática, o que já não é pouco neste mundo cinzento da "justiça".
    Anónimo said...
    "Em Portugal a corrupção estará já fora de controlo" -Dra. Maria José Morgado. Não será altura de se pensar na descriminalização da corrupção e de todos os crimes económicos perante a evidente ausência de vontade intencional dos orgãos do estado para pôr a cambada na ordem ? Uma sociedade sem princípios éticos seria uma selva, mas não seria mais justa do que a agora temos com um verniz de civilidade a cobrir uma imensa podridão ? Não será que tem razão o prof. Freitas do Amaral quando fala no síndrome de fim de regime que já estaremos a viver? etc..etc..?Tou chateado pah, claro que tou chateado...

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