Jornalistas
os coscuvilheiros?
terça-feira, novembro 16, 2004
Sendo eu dos privilegiados que pode ler jornais, em me encontrando resfatelado no sofá, e apreciando um daqueles filmes muito instrutivos do actor que hoje é governador na Califórnia, forte de físico e de cérebro corpolento, encontrei num jornal, nada mais nada menos do que isto:
...o jornalista, longe de ser um curioso é, sobretudo, um coscuvilheiro, um bisbilhoteiro, um quadrilheiro, um bilhardeiro...Quer é ter uma coisa qualquer para contar (nem que seja verdade...
É claro que o narrador usava, de forma também clara, de humor e de uma ironia cortante. Atributos que, não tendo, bem aprecio e invejo saudavelmente.
Na dúvida, sabe-se lá?!, dei-me a consultar a lei de imprensa, o estatuto dos jornalista e respectiva carta deontológica...
Nada disso. O jornalismo é, como todas as profissões, uma profissão séria, sem coscuvilhices e sem ser servida de malfeitores.
O que não obsta a que, algumas vezes, o mercado dita, se esqueçam certos princípios e se analise com a mesma profundidade ou ligeireza um acidente de viação, como a crise da guerra no Iraque.
Mas como o narrador dizia, e eu não sabia, o jornalismo é a segunda mais antiga profissão do mundo e foi ele quem descobriu a primeira. Por bisbilhotice, por maledicência. Às vezes parece.
Não será importante para a história dos USA aquela bronca vexatória a que submeteram Bil Clinton ?
Certo que se tratava da vida privada do presidente, mas não é indiferente, na História, conhecer o presidente pela sua vida privada. Sem aqueles exageros puritanos que os norte-americanos tanto apreciam. Sem entrar naquele puritanismo bacoco a que Gabriel Garcia Marquez chamava de
...vício insaciável que se alimenta da sua própria merda...
Vemos, no quotidiano fastidioso que nos impingem, que a comunicação social resplandece, mau grado as tentativas rupestres para a dominar, comprar, atar a boca, a caneta e deletar o computador.
Certo que, no apontar do dedo acusador, a comunicação social está aí sempre pronta, de garras afiadas, como animal felino em busca da presa.
Mas, bem vistas as coisas, que seria de nós sem ela, mesmo com as limitações que o governo democrático para salvaguarda da moral pública e nosso descanso e de nossos filhos vá cumprindo as suas obrigações de novo censor, não agora de lápis azul, mas de proprietário de grandes empresas jornalísticas?
Pois a comunicação social tem, sem dúvidas, muitos defeitos. É sectária, ligeira, superficial e bisbilhoteira. Mas, caramba, e as virtudes? Da informação, da crítica, da pedagogia e outras, não as tem? Quem as tem só, sem ser prendado pelos primeiros?
Pois o tal narrador que citei de inicício veio dizer que 53 (cinquenta e três) jornalistas estavam a ser investigados criminalmente por violação do segredo de justiça. Penso eu que com fundamento num processo só.
Bolas, é crime a mais e segredo a menos. Onde vamos?
Será que os jornalistas são mesmo "quadrilheiros? De quadrilha?.
Alberto Pinto Nogueira
Publicado por josé 10:06:00
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Gabriela Arez