White House'04
Bush vs Kerry (XXII)
quinta-feira, outubro 21, 2004
A corrida eleitoral norte-americana entrou na sua recta final: já só faltam 13 dias para fecharem as urnas e já se vota em 31 dos 51 campos eleitorais. São os chamados «early votes» e embora sejam uma percentagem muito pequena, a verdade é que numa disputa tão apertada, pode ser que estes votos venham a ser decisivos.
Depois de um mês de Setembro muito favorável a Bush, John Kerry precisava de ter um Outubro em grande nível para sonhar com a eleição. O senador democrata fez o pleno dos debates —venceu claramente o primeiro e o último e obteve uma vitória à tangente no segundo.
No entanto, não é totalmente líquido que os debates venham a ter um papel tão decisivo nesta eleição - é que apesar de os números favorecerem Kerry no que toca aos debates, as sondagens que surgiram imediatamente a seguir ao segundo e ao terceiro debates não mostraram grandes melhorias para o senador pelo Massachussets.
O primeiro, sim, interferiu na corrida: deu um bounce a Kerry de seis/sete pontos, colocando a eleição ao nível em que esta se encontrava no final de Julho, quando da Convenção Democrata - empate técnico.
As últimas sondagens a nível nacional dão resultados tão próximos entre Bush e Kerry que não é possível falar num favorito neste momento.
Vejamos…
- RASMUSSEN REPORTS
- Bush 48,3
- Kerry 46,9
- Outros 2,1
- Indecisos 2,8
- ZOGBY
- Kerry 46
- Bush 46
- Indecisos 6
- HARRIS
- Bush 48
- Kerry 46
- Nader 1
- NBC
- Bush 48
- Kerry 48
- Nader 1
- CBS
- Bush 47
- Kerry 45
- Nader 2
- TIME
- Bush 48
- Kerry 47
- Nader 3
- ABC
- Bush 50
- Kerry 47
- Nader 1
- PEW RESEARCH CENTER
- Kerry 47
- Bush 47
- Nader 1
- TIPP
- Bush 47
- Kerry 46
- Outros 2
- DEMOCRATIC CORPS
- Kerry 50
- Bush 47
- Outros 1
- NEWSWEEK
- Bush 50
- Kerry 44
- Nader 1
Resumo - Bush lidera oito estudos, Kerry surge à frente em três, mas só num deles tem uma vantagem superior a um por cento. No entanto, as diferenças de todas as sondagens são tão pequenas que se situam sempre dentro da margem de erro, com a única excepção do estudo da Newsweek (que dá seis pontos de avanço ao Presidente).
A evolução dos números a nível nacional tem sido tão constante desde os debates que é muito provável que esta tendência se mantenha até 2 de Novembro: um empate técnico, com uma ligeiríssima vantagem — de 1 a 2 pontos — para Bush, se fizermos a média de todas as sondagens.
Ora, as características muito especiais da eleição presidencial norte-americana faz com que uma diferença de um, dois ou mesmo três por cento nas sondagens não seja significativa.
Há quatro anos, as sondagens davam um avanço a Bush de dez pontos sobre Gore, até ao dia da eleição, e foi o candidato democrata o mais votado. A campanha de Kerry tem pegado neste exemplo para subir o moral das tropas.
Mary Beth Cahill, directora de campanha de John Kerry, afirmou ao «Washington Post»: «Se as sondagens mostrarem um avanço de Bush de dois pontos até à eleição, Kerry vencerá com quase toda a certeza».
Como é que isto se explica? Há várias formas de o fazer - parece que estas sondagens, por muito estratificadas que sejam, nunca conseguem amostras que contemplem os novos eleitores (teoricamente mais inclinados para Kerry); não conseguem prever a afluência de minorias que têm níveis de participação muito variáveis (numa eleição tão renhida, é possível que haja uma maior participação dos negros, das mulheres de classe social desfavorecida e dos hispânicos, sendo que estes três grupos darão uma vantagem a Kerry na ordem dos 70/30 no somatório destes três segmentos).
A grande audiência dos três debates televisivos (63 milhões o primeiro, perto de 45 milhões cada um dos restantes) faz indicar uma maior participação eleitoral do que é costume. A taxa de abstenção nas presidenciais norte-americanas costuma flutuar entre os 55 e os 60 por cento, mas há quatro anos foi só de 50 por cento, um reflexo do grande equilíbrio nos resultados.
A maior participação não estava contemplada nas sondagens e daí se explica que Al Gore tenha tido um resultado bem melhor do que os números mostravam — as sondagens não lhe davam mais do que 43/45 por cento, acabou por ter 48,38 por cento.
A propósito, aqui vão os resultados totais da eleição de 2000..
- VOTO POPULAR
- Al Gore 48,38% (50.999.837 votos)
- George Bush 47,87% (50.456.002 votos)
- COLÉGIO ELEITORAL
- George Bush 271 Grandes Eleitores
- Al Gore 266 Grandes Eleitores
A Grande Loja está a preparar uma nova projecção — a quarta — sobre o resultado no Colégio Eleitoral. Dentro de dois dias, publicaremos esse estudo. Recorde-se que no último que realizámos, Kerry aparece à frente, com 290 Grandes Eleitores, mais 20 dos que são necessários para se ser eleito Presidente.
Mas a corrida está em aberto. Vejamos as médias das últimas sondagens em alguns dos estados cruciais para esta eleição...
- OHIO (21 VOTOS): Kerry 47,6/ Bush 47,2
- FLORIDA (27): Bush 47,5/ Kerry 46,5
- PENNSYLVANIA (20): Kerry 48,8/ Bush 46,0
- WISCONSIN (10): Kerry 47,2 /Bush 45,8
- IOWA (7): Kerry 47,5 /Bush 46,8
- NOVO MÉXICO (5): Kerry 47,0/ Bush 46,3
- COLORADO (9): Bush 50,0/ Kerry 43,7
- NEW HAMPSHIRE (4): Kerry 46,5/Bush 45,8
Nos oito estados analisados, Kerry vai à frente em seis, Bush lidera em dois. Mas as margens continuam demasiado estreitas para que algum deles cante vitória.
O número de estados indecisos mantém-se entre os 12 e os 15, mas a constância de alguns sinais faz-nos identificar certos estados fundamentais para cada um dos candidatos.
Assim, Bush parece ter a Florida e o Colorado como «estados obrigatórios», se não vencer nestes dois, quase de certeza perderá.
Para Kerry, o mesmo sucede com o Ohio e a Pennsylvania - dificilmente vencerá se falhar algum deles. Pelo menos, vê-se na obrigação de arrecadar um dos dois.
As dúvidas levantadas nas últimas semanas em dois estados tradicionalmente democratas — Nova Jérsia e New Hampshire — parecem ser agora um pouco menores - Kerry voltou a estar à frente nos estudos em dois estados que, se porventura perder, praticamente poderão comprometer a sua corrida.
Publicado por André 08:02:00
primo Sousa
- o New Hampshire é um Estado tradicionalmente Republicano. Aliás, foi ganho por W. há 4 anos.
- o Colorado deve ser dos poucos Estados em que o Republicano ganhou sempre nos últimos 25 anos. O interesse neste Estado está noutra votação, a ter lugar no próprio dia da elição: haverá um referendo sobre a alteração do regime de atribuição de Grandes Eleitores (Amendment 35, salvo erro), do sistema winner-takes-all para um sistema proporcional. Se a proposta for aprovada, torna-se efectiva já para esta eleição.
Ou seja, o Colorado até pode ser ganho por Kerry, mas é, no minimo, muito improvável. Mas Kerry pode, apesar disso, ficar com 4 grandes eleitores que, tradicionalmente, iriam para W..
Só uma última nota: há uma discrepância não explicada por ninguém nos últimos dias: enquanto Kerry recua nas sondagens nacionais, ganha no Colégio Eleitoral, uma vez que, nos Estados indecisos, as sondagens têm-lhe sido muito mais favoráveis.
Vislumbro duas explicações para o problema, mas confesso a minha ignorância quanto ao assunto:
- por um lado, os eleitores nos Estados indecisos estão mais atentos à campanha, já que o seu voto é, claramente, mais importante que o voto de alguém num Estado onde o resultado está estabelecido á partida;
- uma diferença de datas, ou públicos-alvo, entre as sondagens estaduais e as federais/nacionais.
- o New Hampshire é um Estado tradicionalmente Republicano. Aliás, foi ganho por W. há 4 anos.
- o Colorado deve ser dos poucos Estados em que o Republicano ganhou sempre nos últimos 25 anos. O interesse neste Estado está noutra votação, a ter lugar no próprio dia da elição: haverá um referendo sobre a alteração do regime de atribuição de Grandes Eleitores (Amendment 35, salvo erro), do sistema winner-takes-all para um sistema proporcional. Se a proposta for aprovada, torna-se efectiva já para esta eleição.
Ou seja, o Colorado até pode ser ganho por Kerry, mas é, no minimo, muito improvável. Mas Kerry pode, apesar disso, ficar com 4 grandes eleitores que, tradicionalmente, iriam para W..
Só uma última nota: há uma discrepância não explicada por ninguém nos últimos dias: enquanto Kerry recua nas sondagens nacionais, ganha no Colégio Eleitoral, uma vez que, nos Estados indecisos, as sondagens têm-lhe sido muito mais favoráveis.
Vislumbro duas explicações para o problema, mas confesso a minha ignorância quanto ao assunto:
- por um lado, os eleitores nos Estados indecisos estão mais atentos à campanha, já que o seu voto é, claramente, mais importante que o voto de alguém num Estado onde o resultado está estabelecido á partida;
- uma diferença de datas, ou públicos-alvo, entre as sondagens estaduais e as federais/nacionais.