Quero uma alternativa real ao bloco central! (I)

Convido-vos a ler este pequeno manifesto pessoal.


Quase tudo funciona por ciclos, a vida das pessoas, das organizações, das instituições.

No espectro político português e no nosso actual regime vai-me cheirando a fim de ciclo o que não quer dizer que saiba exactamente o que isso pode significar, o que nos espera além. Talvez o ciclo que finda seja apenas o “meu fim de ciclo” face ao que vejo e ao que espero. Não consegui renovar a esperança no meu partido de eleição com o seu novel secretário geral e após algum esforço, uma derradeira tentativa de pagar para ver, resolvo-me a valorizar um pouco mais os meus instintos e a abandonar reservas mentais. Talvez porque seja ainda muito novo para conviver com elas ou muito velho, não sei.

Se viver muitos anos como sugerem as médias ainda terei muitas reservas mentais a fazer pela frente, talvez valha a pena tentar perceber o que é que eu verdadeiramente sou capaz de pensar, de perceber, de sugerir de melhor, de construir.

Vejo os partidos a envelhecer e a confundirem esse envelhecimento e amorfismo com “profissionalismo”, quando profissionalismo na política me parece uma outra coisa.

Vejo-nos cada vez mais desesperados aceitando um mal menor cada vez menos estimulante e respeitador da nossa inteligência.

Tudo se tenta amalgamar e nós caímos na amalgama, muitas vezes promovendo a confusão, a “harmonização negativa”. Afastando-nos de nós próprios.

Sou um tipo que teve, tem a "má sina" de sempre ligar à política. De querer valorizar o exercício do poder contribuindo para o emprestar à democracia. De achar que é e deve ser das mais nobres actividades humanas. Demasiado importante para ser “vivida” com total distracção.

Incluo-me num grupo social que tem dificuldades em se rever no poder político que temos.
Vejo por lá os meus “primos” de geração, mas demasiados deles surgem armados em espertos que se dizem presentes para estender a mão, desprezando por completo pruridos de uma qualquer consciência e favor... Preservando-se, sobrevivendo de acordo com os seus sonhos egocêntricos, sejam eles quais forem. E objectivamente lixando a minha vida e a de muitos outros.

Vejo-me a querer alguém que tenha coragem, honestidade e dedicação para que possa nessa pessoa depositar o meu voto, a minha esperança e o meu apoio activo. Vejo também muitos a partilhar este meu lamento e a manterem-se de braços cruzados.

Não consigo viver só, e só para mim, sem olhar para o lado, mas ao mesmo tempo tenho muito boa consciência de mim próprio, do que sou e de como mereço ser considerado.

Vejo políticos que não falam para mim. Podem falar para muita gente mas muito raramente falam para mim. E eu vou aceitando, porque sou de uma minoria, porque tenho que lhes entender razões que me sirvam, porque tenho de compreender o compromisso das massas. Demasiadas vezes dizem e fazem o oposto dos interesses que defendo para mim e para os outros.


Outros com um discurso próximo, em tese, à satisfação deste desencanto atiram-me com Blocos, com micro causas, algumas muito louváveis e meritórias mas sempre incapazes de irem além da marginalidade da política. Causas que disfarçam o cerne e que não o substituem, sendo o cerne absolutamente insustentável para o ideário que tenho e que por aqui – neste blogue - tem ficado, em parte, expresso.

Talvez seja tempo de tentar fazer qualquer coisa. De me surpreender seguindo o caminho das pedras. Com ou sem romantismo, com ou sem quixotismo, perseguindo sempre a valorização do respeito mais básico do homem pelo homem. Gerar algum ruído criador sem receio de ser sincero, sem ter de estar sempre a apregoar “toda a sinceridade” ou a usurpar as heranças de líderes falecidos. Procurando uma síntese pragmática entre o equilíbrio de liberdades.

Construir, talvez arduamente, qualquer coisa útil, que me ajude a respirar melhor neste pedaço de Terra onde tenho raízes e onde arranjo sustento para mim e para os meus.

Tenho 29 anos acabados de fazer, sou licenciado em economia, vou amestrando um outro canudo, venho de uma classe média (sub)-urbana com raizes na Beira Baixa, trabalho há cerca de oito anos e por agora vou-em dedicando a um instituto público. Acho que este país é incapaz de perceber quão tem mudado para melhor desde que eu nasci, mesmo em termos políticos – confusos? eu depois explico – e, contudo, acho que está na hora da primeira geração criada, também, pela televisão, dizer mais qualquer coisa além do que se vê.

A verdade é que vou seguindo um conjunto de ideais que julgava difusos mas que a cada dia que passa mais me valem para conservar a sanidade e a dignidade de ser livre num país que quero democrático.

A verdade é que o fazer política, depende das pessoas, depende de nós. Enquanto actores mais ou menos passivos. O resto é conversa.

Se ninguém se indignar com nada, nada é indigno. Se ninguém de mexe, “alguém” se mexe.


Quase nada se faz sozinho, e fazer só aquilo que se quer para todos é mais do mesmo, olhando para os muitos castos e pios ditadores que nos ofereceram as suas vidas.

Um dos caminhos naturais para quem não se livra do bichinho da política é ingressar num partido. Hoje, o que vejo à minha volta desilude-me, desmotiva-me. Ir para um partido não é reforçar o ânimo que trago, é diluir-me em “aparelhos” dominados pelo “inimigo” em variadas acepções – que me perdoem os amigos que por lá tenho mas o libelo de “castrado” é demasiado forte e muito fracamente justificado com a “responsabilização” e as muito estranhas “lealdades”.

O que será mais quixotesco, entrar de cabeça ou montar uma tenda à porta procurando com que alimentar a lanterna que quero pôr à entrada?

É por isso que o desabafo e apelo do Nuno Peralta, amigo de outras andanças por terras do ISEG se calhar tão desencantado com o PSD como eu com o PS me dá ganas de dizer, vamos a isso?

Vamos aproveitar o meio e tentar passar palavra e palavras. Queremos discutir e criar um movimento e convidamos quem a nós se queira juntar para fazer um pouco mais do que trocar umas ideias sobre o assunto. Para já somos dois, talvez quatro, quem sabe cinco?

Quero uma alternativa real ao bloco central!

P.S. Mais daqui a pouco convido-vos a passar pelo blogue do Nuno Peralta

E-Mail de contacto: fogueiralusa[arroba]yahoo[ponto]com

(.)

Publicado por Rui MCB 23:15:00  

3 Comments:

  1. Anónimo said...
    Vamos a isso.
    Mike
    Anónimo said...
    Meu Deus quem é que não quer alterantivas aos chamados partidos clássicos da forma como estão hoje na política?!
    Vamos a isso!
    Se se conseguir fazer alguma coisa sugiro que se faça numa primeira abordagem de forma suprapartidária.
    Só desta forma se conseguirá mobilizar as pessoas para a intervenção cívica~.
    Falo desta forma pois quando foi o bloqueio da ponte 25 de abril e a posterior "marcha lenta" as vontades uniram-se (desde o potente bmw, ao velhinho austin, todos se manifestaram...) até que um partido se aproveitou da situação e as gentes sentiram-se manipuladas.
    Primeiro há que provocar o desejo de participação cívica e depois "ponham-se" os partidos em "limpeza higiénica" como dizia o MST.
    Rui MCB said...
    Obrigado pelas sugestões.
    O convite permanece.

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