F U T E B O L
Como é ?


Afinal, como é?

Habituamo-nos, ou habituam-nos, a tudo. Ao barulho ensurdecedor de uma denúncia pública. Desde que venha nos jornais e se veja e oiça nos telejornais. Ao silêncio de medo que logo se segue.

Há uns tempos, por Abril/Maio, a comunicação social e a blogosfera anunciavam, de modo estridente, algo que parecia reprovável.

Sabemos hoje que parecia. E só parecia porque tudo entrou, a breve trecho, no esquecimento dos gabinetes.

Somos cada vez mais um povo de brandos costumes, com cada vez mais sintomas de tristeza e depressão colectiva. Desistimos. Denunciamos em jeito de foguetório, com o ruído próprio de S.João.
Logo apanhamos as canas, curamos a ressaca e partimos pra outra, sem cuidar de curar a anterior.

Exigimos inquéritos, esperamos pareceres de iluminados, tudo resta no marasmo. As instituições nem se depuram, nem se revitalizam, nem se clarificam.

Os responsáveis fazem de conta, a menos que nos atrevamos a botar umas "bocas" nos jornais.

Falo de Futeobl nas magistraturas, ou antes, das magistraturas no Futebol.

É falso o que me acusam. De que desgosto de futebol. Bem aprecio os malabarismos de Ronaldo, os dribles de Figo, o pontapé canhão e certeiro de Beckham.

No sofá, frente à caixa a cores que nos invadiu a privacidade há dezenas de anos.

Para o bem e para o mal. Como tudo.

O pano que se ergueu naqueles meses foi outro. A legalidade e ética e demais consequências de magistrados de uma e outra das magistraturas integrarem organismos dirigentes dessa actividade.

Não se discutia, nem se discute, a liberdade de associação, embora se estranhe que quem se queixa de falta de tempo dirija associações desportivas de exigências enormes.
Não cito clubes para evitar especulações, mas podia fazê-lo, os jornais anunciaram-no e ninguém o negou.

O que se questionou, e deve continuar-se a questionar-se, é o modo como os magistrados se passeiam e integram nessa actividade.

Mas o euro 2004, coma força de "desígnio nacional" e transmudando o país numa enorme repartição pública em dia de feriado nacional, ou feriado de ponto, erguendo bandeirinhas que nos conduziram honrosamente à final, tudo fez esquecer. Tudo. A depressão económica, o défice, o desemprego, o ataque às liberdades públicas e também aquelas ilegalidadezinhas de somenos.

Os inquéritos anunciados devem estar a aguardar a produção de melhor prova. Os pareceres devem esperar que melhor catedrático de Coimbra venha justificar alongadamente o injustificável.

Muito bem, Sr.Órgãos Competentes, o que se pretende é saber:

  • É ou não é legal que juízes e procuradores integrem com regularidade os organismos dirigentes do futebol profissional?
  • É ou não legal que, pertencendo a tais organismos, sejam aí remunerados, de modo encapotado e através de viagens, estadias em hóteis de cinco estrelas e senhas de presença ("...remunerações simbólicas" de 1.200 euros mensais ) ?
  • Interpelaram os Senhores os organismos do Futebol no sentido de saberem quem e quanto receberam os magistrados, se receberam?
  • Onde estão os resultados das V. investigações e pareceres?

Ponto final.
Parágrafo, por hoje...

Alberto Pinto Nogueira

Publicado por josé 10:00:00  

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