É bom saber como o dinheiro dos contribuintes é bem gasto. Inês Dentinho (assessora política do Primeiro-Ministro, e juro que não estou a gozar) assina no DN (finalmente com um site que parece funcionar, vá lá) um artigo de opinião. A coisa já de si é estranha mas mais estranho é ainda o texto que se inícia assim...


Caríssimo leitor,

Se ler este texto, faça-o até à última linha.

Não o vou reproduzir, o original está aqui, mas sempre vou dizendo que Inês Dentinho revela uma indigência que mete dó. Não pelo que escreveu, a ideia não foi seguramente dela, mas por não ser capaz de medir o alcance daquilo que escreveu. É que sem querer - só pode - Inês Dentinho prestou serviço público. Comprovou aquilo qude muitos pensavam e tinham medo de dizer, a sério. É que ao alegar que as críticas que certa imprensa desfere agora a esta troupe santanista são afinal iguais às que foram feitas logo no início do governo de Barroso pelos mesmos, a autora consegue uma mão cheia de conclusões de que se calhar não estava à espera - a mais óbvia de todas é que sendo comunemente aceite que este governo é pior que o de Durão (e é-o, não porque o de Durão fosse excelente mas porque entre o Inferno e o Purgatório se prefere sempre o Purgatório) então se as críticas são iguais, e estão ao mesmo nível das proferidas em 2002, Santana Lopes está mesmo em estado de graça. É que este governo é pior, PIOR com as letras todas. O muito obrigado pois a Inês Dentinho por nos recordar que o Dr. Lopes ainda não foi fustigado o suficiente, até porque se o fosse talvez os seus assessores políticos como ela se preocupassem mais a auxiliá-lo na real resolução de problemas do país do que a consultar arquivos de imprensa.

Uma última nota para o passeio de António Mexia na RTP na grande entrevista com Judite de Sousa. Formalmente impecável, do melhor que se viu deste XVI Governo. Claro que sem contraditório que se visse e a debitar banalidades e generalidades de cor o que impressiona sempre a plebe particularmente a que nunca estudou um dossier a sério na vida e já acha muito sacríficio decorar meia dúzia de coisas. Porque no que falou em concreto enterrou-se. E sem autopsiar a entrevista enterrou-se em dois temas fulcrais - Ota e TGV. É que por muito que diga, por muito charme que inspire (?), daqui a 10 anos não vai haver aeroporto da Ota para discutir porque os espanhois - muito antes - já terão decidido por nós. Uma questão estratégica, simplesmente, até porque há um terminal internacional que sem ele pouco ou nenhum sentido faz, e que Espanha não quer que faça nunca... O TGV claro faz todo o sentido do mundo, para quem o construir obviamente... Detalhes num governo que depois de se ter lembrado de colocar professores a assessorar juizes quer quiçá afundar de novo as gravuras de Foz Côa, construir centrais nucleares ou quem sabe, uma semana destas colocar um português no espaço...

Publicado por Manuel 03:41:00  

3 Comments:

  1. Luís Novaes Tito said...
    Conforme digo no Tugir, António Mexia representa a nova classe dos Liberais Públicos.
    Tem graça, esta gente!
    Afonso Azevedo Neves said...
    Caro Manuel,

    Qto ao Mexia não vou entrar em divergências consigo embora as respostas sobre a OTA e TGV não satisfaçam sempre tenho opinião diferente.

    Quanto a Foz Côa e energia nuclear, o facto foi já desmentido até porque em CM as duas questões foram unanimemente postas de lado, pelo que suponho que ficamos pelas questões dos professores a assessorar juízes. Neste caso, não vejo onde está o prurido dos professores em trabalhar com os Mmºs Juizes e nem estes com os professores.

    Um abraço
    Zu said...
    Caro Afonso,
    Talvez o problema esteja em que essa não é a tarefa dos professores, e que antes de se pensar numa reconversão profissional tirada da cartola de repente pelo nosso inefável PM valerá a pena pensar em racionalizar a distribuição de professores pelas escolas, etc, etc, etc. A mágica ideia do PM só mostra que ele não faz a menor ideia do que significa ser professor com horário zero ou que soluções existem, no ensino, para essa particular situação.

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