As coisas que eles sabem!...
quinta-feira, outubro 07, 2004
Bebendo um pouco de sabedoria bloguística nas páginas d’O Insubmisso” do meu amigo David Dinis, aquele que ao lado de Barroso fazia, pela sua qualidade de assessor de comunicação, pensar que as coisas não estavam tão más (mas estavam, David, estavam, estavam...) descobri que uma das matérias que porventura mais atarefou o diligente Nuno (desalinhado inicialmente e alinhado à força do amor ao Poder agora...) foi a de mandar recolher todos os exemplares disponíveis d’A Bola de hoje.
Então não é que esses jornalistas desportivos, tão fartos em fontes – com os milhares de pontapeadores de bola hoje em Portugal cada um deles é uma fonte credível – mandaram o futebol às urtigas e resolveram passar-se para a antecipação política?
Não é caso raro n’A Bola. Desde os tempos de antanho (eles aprenderam Carlos Pinhão) que A Bola se meteu pelos caminhos ínvios e ateus da política, de braço dado com o partido comunista – que a censura dizia não poder ser citada nos jornais porque não existia...
Vai-se a ver, é como agora. Os jornalistas bem se esforçaram para obter declarações à saída do Conselho de Ministros mas... para quê? Vai-se a ver e o Marcelo não existe...
Governo diz não haver explicações a dar a Sampaio
O ministro de Estado e da Presidência, Nuno Morais Sarmento, defendeu, esta quinta-feira, em conferência de imprensa após o Conselho de Ministros, não existirem quaisquer esclarecimentos a prestar ao Presidente da República, relativamente à saída do comentador de política Marcelo Rebelo de Sousa da TVI, por supostas pressões do Governo (Diário Digital)
Ele não será mais do que uma invenção da Televisão Independente para liderar as audiências, agora que a porca da quinta já pariu e quer é dormir e, como se sabe, dormir (a não ser que seja o Zé Maria com as galinhas) não traz audiências.
Depois... quem sabe mais que o Carlos Magno, insuspeito (mas Maquiavel) para apresentar-se na RTP a garantir que não, não senhor, o Marcelo não foi pressionado, quis foi dar o salto para se candidatar à liderança do partido e, quiçá, a Presidente da República?
Com um bocado de sorte, informados como eles andam, fazedores de opinião por tuta e meia, assessores especialistas (nunca houve tantos se bem que pela minha parte sempre compreendi essa missão que dá mais bago que adjunto) vão arranjar maneira do professor voltar já no domingo (o Zé Eduardo Moniz diz que sim) e inventar uma zanga como aquela que opôs o Herman à tia lili que fez disparar audiências e fazer perder de riso toda a plateia que assistia, ao vivo, ao programa na Valentim de Carvalho...
É isso. Isto foi uma inventona para aumentar audiências...
O Rui Gomes da Silva é das pessoas mais competentes do Governo , mas discreta, e, advogado exímio, só viu a sua discrição ligeiramente abalada quando há uns meses atrás alguém se lembrou de dizer que aquela cidadã funcionária da Procuradoria detida para averiguações na sequência de um processo de tráfico de influências, tinha sido apresentada pelo agora ministro às pessoas a quem pediu dinheiro emprestado – não se sabe, ainda, se por troca de algo mais. O Rui é um bem intencionado. Até quis ajudar a senhora desinteressadamente...
Aliás, sempre foi desinteressadamente que esteve ao lado do PSL (sabiam que o homem na caixa de mensagens do telemóvel tinha essa mensagem?: “PSL. Deixe mensagem” – que era coisa que dava para o seu nome mas também dava para (ah, narciso, narciso) Partido Social Liberal.) Ele, ruizinho, com tantas saudades da barra, lembrou-se do princípio do contraditório. Que bom que vai ser, a partir de agora, numa altura em que os mortos se levantam da AACS (pelo menos garante-lhes mais uns meses de vida, não é PSL), ver, o contraditório no seu máximo esplendor nas televisões portuguesas.
Assim, quando falar o patrão dos patrões, que venha o operário mais rude da Lisnave espetar-lhe com o contraditório pela frente;
E que delícia vai ser o Padre João Seabra a falar das virtudes do celibato ante matrimónio e , do outro lado, o Sá Leão, produtor pornográfico, agarrado a uma febra disponível...
E quando aparecer o Saldanha Sanches, espete-se-lhe com a Dra. Celeste Cardona . Não para contraditar... mais para contrariar.
E já agora, quando aparecer o PSL (esse aparece muito) a dizer que o Governo tem condições para ir por aí adiante, espete-se-lhe com o contraditório. Vá a correr-se a Belém chamar o Presidente da República.
Se há contraditório, comam todos !
Il Assessore
Publicado por Manuel 16:58:00