White House'04
Bush vs Kerry (VII)
quarta-feira, setembro 22, 2004
Em mais um capítulo da cobertura exaustiva às eleições americanas de 2 de Novembro, a Grande Loja começa hoje um breve perfil dos quatro candidatos que formam as duas duplas potencialmente vencedoras: George Bush/Dick Cheney pelos republicanos; John Kerry/John Edwards pelos democratas.
No primeiro post sobre este tema, falaremos um pouco da dupla republicana, que procura a sua reeleição e, neste momento, tem uma pequena vantagem nas sondagens.
George Walker Bush, 58 anos, é Presidente dos EUA. Nasceu a 6 de Julho de 1946 em New Haven, Connecticut, mas o seu estado por excelência é o Texas, do que foi governador, antes de chegar à Casa Branca, e onde passou a maior parte da sua vida.
Tem uma carreira política curta, com cerca de uma década. Foi o 46.º governador do Texas, entre 1994 e 2000, tendo sido eleito para a Casa Branca em Novembro de 2000, tomando posse no cargo a 20 de Janeiro de 2001.
Muitos criticam a sua falta de cultura geral (sobretudo no que se refere à política internacional) — falha que já o levou a dizer grandes gaffes em público —, mas esta está longe de ser a sua única característica enquanto político. Gosta de se definir como «um conservador com compaixão» e enquanto governador ficou famoso por gostar de partilhar responsabilidades com a oposição democrata. Na Casa Branca, tudo foi diferente. Os democratas retiraram-lhe o benefício da dúvida em poucos meses e geriu uma Administração amplamente contestada no Capitólio.
Tirou o bacharelato na Universidade de Yale, em 1968, e mais tarde o mestrado em Administração de Empresas em Harvard, em 1975, mas só conseguiu entrar em Harvard por ser filho de um antigo aluno de mérito da prestigiada universidade.
Foi dono de uma equipa de basebol, teve problemas alcoólicos até aos 40 anos, mas mudou radicalmente de vida mais ou menos na mesma altura em que o seu pai concorreu à Casa Branca.
É casado com Laura Welch Bush, uma antiga professora liceal e bibliotecário, e tem duas filhas gémeas: Barbara e Jenna. Ah, e claro: é filho de George H. Bush, Presidente dos EUA entre 88 e 92 e vice-presidente entre 80 e 88, e é irmão de Jeb Bush, o actual governador da Florida.
Richard B. (Dick) Cheney, 63 anos, é vice-presidente dos EUA. Nasceu em Lincoln, Nebraska, a 30 de Janeiro de 1941 e cresceu em Casper, Wyoming. Tem uma carreira polícia em Washington de mais de três décadas. Serviu em várias administrações, foi assessor de Nixon e secretário da Defesa de George Bush-pai, entre 1988 e 1992.
É casado, há 40 anos, com Lynne Ann Vincent e tem duas filhas (Elisabeth e Mary). Uma delas é lésbica assumida. Cheney, que é de uma ala bastante à direita no Partido Republicano, não tentou esconder o facto e até se mostrou mais permissivo neste tipo de temas após ter sido divulgada a orientação sexual da sua filha — um facto que gerou grande perplexidade, dadas as posições bastante conservadoras do Vice-Presidente.
É, de longe, o menos popular entre os quatro candidatos dos dois grandes partidos do sistema: Bush e Kerry são respeitados, apesar de algo cinzentos, Edwards tem um forte carisma e transpira confiança e jovialidade, mas Cheney não goza de quaisquer virtudes que levam um candidato a subir nas sondagens.
Mesmo assim, a sua influência na Administração Bush é muito grande. A falta de experiência política do Presidente é compensada pelo traquejo e o profundo conhecimento dos sinuosos meandros da política americano que tem Cheney. Os analistas explicam que ele é o «vice» ideal: quase nunca fala à Imprensa, não coloca o líder em risco e defende-o até à última. Dizem mesmo que é ele que faz grande parte do «dirty job» de que os republicanos têm sido peritos nesta campanha.
É tido como o líder da Linha Dura desta Administração, aquele em que também se enquadram nomes influentes como Donald Rumsfeld (secretário da Defesa), Paul Wolfovitz (sub-secretário da Defesa e apontado como o verdadeiro mentor da Doutrina Bush de intervenções bélicas preventivas) e mesmo Condoleeza Rice (a ambígua Conselheira Nacional de Segurança), contrastando com o secretário de Estado, Colin Powell, que tem uma visão mais moderada e que, ao longo destes quatro anos, foi perdendo grande parte do peso político que tinha no início do mandato de Bush.
Neste quadro, a repetição de Cheney como escolha de Bush para seu vice, tida como improvável até há poucos meses, aparece como um claro sinal de que a política de Bush pode, inclusivamente, endurecer, se houver um segundo mandato desta Administração.
No próximo post, falaremos de John Kerry e do seu candidato a vice, John Edwards, a dupla que o Partido Democrata investiu como candidatos a destronarem Bush.
Publicado por André 04:18:00