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terça-feira, setembro 21, 2004
A personalidade que encarecidamente exerce - não executivamente - o cargo de primeiro-ministro aparece num poético anúncio como chamariz de um fórum de promotores imobiliários, "fórum ideal para se conhecer pessoas de quem se ouve falar e com quem dificilmente se conseguiria falar ao telefone", e só me vêm à cabeça maus pensamentos. Entretanto, a coordenação governamental é a que se sabe, sendo que os mais coordenados são, sem dúvida, os gabinetes de Morais Sarmento e Santana Lopes, o que não deixa de ser emblemático. Para quem ainda não percebeu, é da natureza das coisas que se se tiver de escolher entre a Compta e a ministra da Educação, escolhe-se a Compta, da mesma forma que a ministra, entre falar claro e jogar roleta russa, preferiu objectiva e conscientemente esta última modalidade, com os resultados que se conhecem "para já". O dr. Portas afirma inocentemente não querer o CDS/PP à sombra do governo, dias depois de o secretário-geral do PSD ter tido de elogiar Luis Nobre Guedes para aplacar a coisa. Cunha Rodrigues regressou momentaneamente do Além (bom timing), Não há governo. Não há - nem bom nem mau - desde que Barroso se pirou. É triste dizer isto, mas entre o inferno e o purgatório prefiro claramente o purgatório. Outubro está a chegar.
Publicado por Manuel 16:10:00
Luís Nazaré:
"Fontes bem informadas, ligadas ao sector das Tecnologias de Informação, garantem-me que a história do flop na colocação de professores é outra. Há largos anos que o suporte lógico era assegurado por uma empresa externa e por um "grupo de ligação" constituído por cinco professores do norte do país. Era uma equipa fortemente experimentada e conhecedora das subtilezas e particularidades técnicas do exercício, anualmente revisto e actualizado para incorporar novas disposições regulamentares. Essa curva de experiência, tão importante nas aplicações "pesadas", permitiu anos sucessivos de eficácia e transparência na colocação dos professores do ensino público pré-universitário.
Já todos nos tínhamos habituado ao início a tempo e horas das aulas quando, surgida da sombra, uma voz influente de uma empresa "amiga" do PSD convence o ministro Justino e o seu secretário de estado (a ordem é arbitrária) a "mudar de software", trocando-o por um mais "moderno" e por uma relação contratual privilegiada. Adjudicada a obra, o velho "grupo de ligação", que tão bem tinha funcionado anos a fio, é desfeito sem explicações. Entretanto, surgem fortes dúvidas no interior da máquina interna do ministério quanto à razoabilidade da mudança. De dúvidas, transformam-se em angústias e em certezas quando, em Maio, são divulgados os primeiros resultados. Um flop total. Alguns dirigentes do ME pressentem que o governo teria fatalmente de encontrar um ou dois bons bodes expiatórios para o sucedido. O falhanço era demasiado grande para passar despercebido e os motivos demasiado gordurosos para poderem ser explicados. O desenlace foi hoje anunciado pelo Expresso. Venceu a incompetência e a irresponsabilidade do Governo, perderam dois dirigentes públicos que se encontravam no lugar errado à hora errada."
E Vital Moreira:
"De que está a oposição à espera para:
a) Exigir um inquérito público e transparente sobre o negócio da escolha da empresa que elaborou o programa informático (?) para a colocação de professores (cujos contornos suspeitos já aqui foram referidos por Luís Nazaré)?
b) Desencadear na AR uma interpelação parlamentar ou mesmo uma moção de censura sobre a inenarrável incompetência e irresponsabilidade governamental nesta questão?
Será que a oposição quer tornar-se cúmplice, por inércia, desta endrómina sem paralelo nos anais democráticos?
Inserido por VM 21.9.04 "