"Quase de nada místico"


Não, não deve ser nada este pulsar
de dentro: só um lento desejo
de dançar. E nem deve ter grande
significado este vapor dourado,

e invisível a olhares alheios:
só um pólen a meio, como de abelha
à espera de voar. E não é com certeza
relevante este brilhante aqui:

poeira de diamante que encontrei
pelo verso e por acaso, poema
muito breve e muito raso,
que (aproveitando) trago para ti.

Ana Luísa Amaral, in Às Vezes o Paraíso

Publicado por Manuel 05:20:00  

4 Comments:

  1. Anónimo said...
    Este blogue devia mudar de nome e passar a chamar-se "A Grande Loja da Má Poesia". Para colocarem aqui poemas destes, mais valia estarem quietos. :p
    Anónimo said...
    sobre o apreço à poesia dos outros:

    Numa entrevista à TV5, ouvi o formidável Matta dizer, há poucos anos, que a única poesia que importa é a que nós mesmos somos capazes de fazer.
    MJ
    zazie said...
    estavamos bem arranjados...
    Anónimo said...
    Arranjar-se com

    Efectivamente estaríamos bem arranjados se a poesia que importasse mais a cada um fosse a sua própria, aquela com que se conseguisse “arranjar”, no sentido em que Gadamer* aplica “arranjar-se com":

    “ todas as compreensões se reduzem, finalmente, ao eixo comum de um ‘sei como hei-de arranjar-me’ (...) a defesa de uma ‘causa’ significa necessariamente que a façamos nossa, que a ‘compreendamos’ ao ponto de não nos sentirmos aflitos diante de nenhum argumento que a parte adversa poderia avançar”
    * Gadamer, Hans George, “O Problema da Consciência Histórica”, (Seuil, 1996), ed. estratégias criativas 1998, pp 47-48

    MJ

Post a Comment