"Ninguém aprende nada"


Que o PP manifeste, com pompa e circunstância, o seu enorme regozijo com a decisão do Tribunal Administrativo de Coimbra (TAC) não surpreende ninguém.

De igual modo, não surpreende ninguém que o BE manifeste profunda revolta. Yin e yang...

O que constitui uma grande surpresa é que o PSD (por intermédio da sua vice-presidente, Helena Lopes da Silva) se deixe arrastar pelo seu parceiro de coligação e embarque em manifestações de regozijo político com decisões de foro judicial.

Infelizmente parece que ninguém aprendeu nada com aquilo que se passou com o PS.

O que o PSD está a fazer é politicizar - erradamente - uma decisão judicial.

Mandaria o bom senso político que o PSD mantivesse uma posição de recato e que não comentasse decisões do foro judicial.

Por duas razões. Em primeiro lugar, por uma questão de prudência. A decisão do TAC não é final, o que quer dizer que, teoricamente, depois de "felicitar", o PSD ainda pode vir a "lamentar" uma decisão judicial posterior. Em segundo lugar, por uma questão de separação de águas. Os intervenientes da justiça não têm que comentar decisões de foro político e os actores políticos não têm que tecer comentários sobre decisões judiciais.

As decisões judiciais não são a "favor" ou "contra" o PSD. Helena Lopes da Silva devia saber isto.

Infelizmente, os actores políticos não se sabem manter nos seus lugares e é lamentável que assim seja.

Paulo Gorjão

Publicado por Manuel 22:00:00  

3 Comments:

  1. Zé Pedro Silva said...
    Presumo que cite Paulo Gorjão por concordar com ele. No entanto as palavras de Paulo Gorjão são um pedaço da demagogia em que todos nós caímos quando defendemos uma causa. Obviamente que uma decisão judicial é a "favor" ou "contra" alguém. A Dona Helena (com quem não vou à bola) não deixa de ter razão quando diz que a decisão é favorável ao PSD. Os políticos podem, DEPOIS DA DECISÃO TOMADA, comentá-la como favorável ou desfavorável, não podem é DURANTE.
    Depois Paulo Gorjão comete outro erro, miseravelmente arrogante, de tratar o PP como se fosse um porco e o PSD uma Senhora Lavadinha: "O que constitui uma grande surpresa é que o PSD (por intermédio da sua vice-presidente, Helena Lopes da Silva) se deixe arrastar pelo seu parceiro de coligação e embarque em manifestações de regozijo político" e mais à frente:
    "Mandaria o bom senso político que o PSD mantivesse uma posição de recato e que não comentasse decisões do foro judicial."
    Claro... uma posição de recato... Tão elegante Paulo...
    Se a decisão do Tribunal fosse desfavorável não deixava de ser JUSTA. O que a coligação pode dizer que é que a decisão de hoje prova a ideia que tinham de que, pela lei, o barco não poderia entrar em águas portuguesas. Esta é uma decisão favorável. Não é?
    Manuel said...
    Eu não formularia a questão como o Paulo Gorjão a colocou, mas subscrevo o espirito. Este Governo transformou no cado do Borndiep o mero cumprir da Lei num espectáculo de circo voluntaria e conscientemente. Continua pois a ser lamentável ver "espectacularizar" uma mera decisão judicial sendo que se se estava assim tão certo da justeza da posição tomada (e eu critico a forma e o espalhafato, não a substância) para quê tanto "champagne" ?
    Anónimo said...
    Para ciar mais Spin. Um "spinómetro" daria agora resultados fantásticos.
    Sejamos bem-vindos à actualidade da política mediatizada. Vazia, feita de castelos no ar. Depois deste folhetim, outro virá ocupar espaço na agenda mediática, deixando de fora o que interessa deixar, ou reduzindo o seu espaço a um ínfimo do potencialmente mediatizável.
    João

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