"Maçonaria homenageia presidente do TC na igreja"


O presidente do Tribunal Constitucional, Luís Nunes de Almeida, que morreu segunda-feira vítima de ataque cardíaco, em Espanha, recebeu ontem exéquias maçónicas na Basílica da Estrela. O caso não é inédito, mas desde a morte do antigo primeiro-ministro da monarquia, António Rodrigues Sampaio, em 1882, que não se realizava uma cerimónia deste género num templo da Igreja Católica. Surgiram surpresas e até protestos junto do Patriarcado, mas o grão-mestre do Grande Oriente Lusitano (GOL), António Arnaut, desdramatizou: «A Maçonaria não tem hoje nenhum conflito com a Igreja Católica.» E mais: «Tratou-se de uma cerimónia sagrada, num local sagrado, da homenagem de homens bons a outro homem bom», frisou ao DN.

Mas o grão-mestre também não nega os factos históricos e fala das incompatibilidades com a Igreja, com o Estado e com a monarquia. Mas isso são tempos que já lá vão: «Hoje não temos conflitos com ninguém, trabalhamos em paz.» De resto, fez questão de explicar que a a homenagem do GOL (a maior obediência maçónica em Portugal ) a Luís Nunes de Almeida se realizou no respeito pela vontade expressa em vida pelo presidente do TC - um dia quando morresse queria ficar em câmara ardente no palácio maçónico, ao Bairro Alto, em Lisboa.

Acontece que Luís Nunes de Almeida era o presidente do TC em exercício, logo a quarta figura do Estado. E o seu funeral também exige honras formais. A Maçonaria, a Presidência da República e a família consideraram então que se o corpo ficasse em câmara ardente na Basílica da Estrela seria possível a prestação das honras de Estado e a homenagem maçónica.



O cónego Horácio Correia, prior da Basílica da Estrela, esclareceu entretanto que a cerimónia não teve lugar na capela-mor, mas numa capela mortuária. E acrescentou que aconteceu sem a sua autorização ou conhecimento. Um esclarecimento que surgiu depois de o Patriarcado ter recebido protestos de fiéis, insurgindo-se contra o facto de a cerimónia maçónica se ter realizado na capela-mor. Segundo responsáveis do GOL, não houve contacto directo com a Igreja, mas a ausência de reacção da hierarquia foi interpretada como um consentimento tácito. De acordo com a Lusa, houve ainda maçons que se recusaram a usar as insígnias no templo católico.

António Arnaut reafirmou, contudo, o sentido prático desta opção. E voltou a afastar qualquer espécie de relutância, tanto mais que não se tratou de uma cerimónia realizada no espaço reservado ao culto. «Sendo uma cerimónia sagrada, para honrar uma grande figura, dignificou o templo cristão», preferiu salientar.

E garantiu que a Maçonaria tem muito respeito por todas as religiões. «Vivemos em democracia e respeitamo-nos mutuamente.»

O colectivo de juízes do Tribunal Constitucional acompanhou o corpo de Luís Nunes de Almeida até à Basílica da Estrela, onde foi recebido por cerca de meia centena de membros do GOL. O ritual fúnebre maçónico durou cerca de 30 minutos e foi reservado, contudo, aos maçons e aos familiares do presidente do TC.

O funeral de Nunes de Almeida, de 58 anos, realiza-se hoje às 11. 30 para o cemitério da Costa de Caparica. Antes disso, o Presidente da República, Jorge Sampaio - amigo pessoal do Presidente do TC e antigo deputado socialista -, bem como seis ministros e figuras ligadas à justiça, assistem à cerimónia fúnebre presidida pelo padre Vítor Melícias.

in DN



nisto tudo sobressaem os detalhes, e só os infímos detalhes. Longe vão pois os tempos em que as galinhas não tinham dentes...


Publicado por Manuel 10:39:00  

1 Comment:

  1. Anónimo said...
    Estes "irmãos" queijeiros parece que gostam mesmo de brincar com o FOGO. Não me parece que fosse público, ou deva sequer ser, o estatuto e grau do Venerável Irmão prematuramente falecido. Depois que não se queixem.

Post a Comment