um epitáfio fúnebre, o primeiro de muitos...

Adelino Salvado não é Director Nacional da Polícia Judiciária. Em bom rigor nunca o deveria ter sido, mas era-o, para o bem e para o mal. Tecnicamente Adelino Salvado não foi demitido, demitiu-se. Tecnicamente.

Porque na prática não houve nem a coragem política de aguentar Salvado até que as coisas se clarificassem nem a delicadeza de lhe encurtar a triste figura que resultou num comunicado patético. Foi preferido um método velho de séculos, queimar em lume brando, dar dicas anónimas à imprensa, fazer desenhos, dar sinais...

A decisão de aceitar a demissão
- conjunta (!) do Ministro da Justiça e do Primeiro Ministro - não augura nada de bom. Porque Salvado não foi demitido por causa do que disse ou deixou de dizer nas tais gravações, porque Salvado não caiu por ser inconstante e incontinente, Salvado foi deixado - de uma forma desastrosa e descoordenada registe-se - cair porque se tornou simplesmente um impecilho, um escolho, uma pedra no sapato, foi portanto uma decisão estritamente política, não de princípio, não de consciência mas de oportunidade e conveniência imediata.

Por estas bandas não se chora uma lágrima pela queda de Salvado, mas a incontinência verbal do homem (que, diga-se em abono do personagem, não equivale automática e necessariamente a violação objectiva do segredo de justiça porque não resulta de todo líquido que o homem tivesse acesso directo e priveligiado à informação que abundantemente comentava - o homem até nem "sabia" mais para se proteger (!)) será assim causa de tanto espanto e indignação ? Não fala toda a gente de toda a gente, mesmo sem saber ao certo do que fala ? Não é geral o concubinato entre (agentes) politicos e jornalistas ? Salvado caiu não pelo que fez, porque acreditem já fez infinitamente pior - basta ter acompanhado o desenrolar do folhetim Apito Dourado, mas pura e simplesmente porque foi "apanhado ".

Quiseram que fosse apanhado. E o drama é que quem quis para todos os efeitos não tem cara, não tem rosto, embora tenha objectivos bem claros... Por muito que os Germanos Marques da Silva e Van Kriekens deste mundo afirmem o contrário os fins nunca justificam os meios...

Salvado, o mau da fita, caiu por todas as razões erradas. Eles já estão a ganhar...

P.S. Mais logo, ocorrerá ao que parece uma reunião a três que merece ser seguida com toda a atenção... Salvado foi a cenoura veremos quem mais virá ainda a levar com o pau...

Publicado por Manuel 00:01:00  

18 Comments:

  1. Kamikaze (L.P.) said...
    E continuam os mistérios e insinuação de cabalas por parte dos detentores de informação priveligida da GLQL.
    O cidadão que por aqui anda a ver se percebe um pouco mais do que aquilo que lhe dão "a comer" na comunicação social fica mais baralhado e com a sensação que andam a brincar com ele, não só os do costume mas agora também aqui na GLQL.
    Manuel, sinceramente, concordo com R MCB - se não pode divulgar o que sabe, nem sequer dar pistas, NÃO INSINUE que nem o que insinua se percebe, caramba! Assim é pior a emenda que o soneto.
    Kamikaze (L.P.) said...
    Referia-me às segts. afirmações do post:
    "Quiseram que fosse apanhado. E o drama é que quem quis para todos os efeitos não tem cara, não tem rosto, embora tenha objectivos bem claros... "
    "Salvado, o mau da fita, caiu por todas as razões erradas. Eles já estão a ganhar..."

    "P.S. Mais logo, ocorrerá ao que parece uma reunião a três que merece ser seguida com toda a atenção... Salvado foi a cenoura veremos quem mais virá ainda a levar com o pau..." (bem, esta sempre dá para descodificar no essencial, penso eu de que)
    Anónimo said...
    Este Manuel tem o drama dos intriguistas incontinentes: q
    Anónimo said...
    Este Manuel tem o drama dos intriguistas incontinentes: q
    Anónimo said...
    O Director Nacional da Polícia Judiciária já deveria ter sido exonerado praticamente desde que tomou posse.
    Não só pelo caso agora aflorado, mas por todos os outros que despoletou ao longo da sua inconsistente travessia nos destinos da Polícia Judiciária.
    Ele, o Homem, a Referência, deixou a P.J. de rastos devido a um incumprimento manifesto das obrigações legais a que está acometido no que concerne aos pagamentos de trabalho extraordinário.
    Mas não só ele, como parte do staff, que sendo magistrados também não cumpriam com a lei... naquilo que não lhes convinha, obviamente. A lei era usada como uma espécie de recomendação a utilizar a bel prazer, o que fez com que os responsáveis pelos Departamentos de Investigação Criminal alinhassem pelo mesmo diapasão e dessem continuidade às injustiças, estando acima da lei com a conivência do Sr. Director Nacional e Directores Nacionais Adjuntos. Por exemplo, no Departamento de Investigação Criminal mais frio e distante do Litoral, compra-se mobiliário, cortinados, sapateiras, fazem-se obras em casa, pagam-se piquetes fictícios, em suma, gastam-se milhares de euros e, como diz o Coordenador de Investigação Criminal responsável nesse D.I.C., com o beneplácito do Sr. Director... embora não haja dinheiro para ajudas de custo, o que impede de fazer diligências processuais nas comarcas da competência territorial, chegando ao ponto de se sugerir cartas precatórias para uma comarca a 20 Km de distância. Isto já para não falar em recursos humanos da investigação criminal afectos a diligências sobre decoração de interiores do novo edifício. Enfim, com a tão propalada falta de pessoal, ainda surgem estas sumidades em actos de gestão e organização(e não só)... com a benção do Director Nacional.
    Espero que os nomeados por outros factores que não a competência e o empenho em transformar a Polícia Judiciária numa polícia de investigação criminal do Séc. XXI, saibam honradamente pôr o lugar à disposição e dar lugar a muito bons e excelentes quadros da Polícia que tiveram o azar de não caírem em graça.
    Anónimo said...
    Este Manuel tem o drama dos intriguistas incontinentes: quando nada sabe, inventa. Inventa tsnto, que a certa altura nem ele sabe bem do que fala ou escreve. O divertido é que enquanto ele escreve cretinices, nós (todos) é que lhe pagamos o serviço no Ministério...
    Kamikaze (L.P.) said...
    Óbvio:

    (Salvado) " foi deixado cair porque se tornou simplesmente um impecilho, um escolho, uma pedra no sapato, foi portanto uma decisão estritamente política, não de princípio, não de consciência mas de oportunidade e conveniência imediata."

    Não é sempre assim?:

    "Salvado caiu não pelo que fez, porque acreditem já fez infinitamente pior - basta ter acompanhado o desenrolar do folhetim Apito Dourado, mas pura e simplesmente porque foi "apanhado ".

    (obs. - como saberemos nós, comunss mortais, se o que AS fez agora - melhor,ao longo do último ano - foi tão mau ou pior do que fez com o Apito Dourado? Lendo o Manuel, claro!)
    Manuel said...
    Kamikaze, consulte a sua caixa de correio, e releia este e outros posts devagarinho...
    josé said...
    Caro anónimo ( e presumível membro da PJ):

    Quem lhe parece ser a pessoa indicada para o lugar a gora em aberto?! Quer dar o seu palpite, mesmo anónimo?
    Não é preciso um nome se o não tiver. Basta que se pronuncie sobre a hipótese de poder ser um não magistrado...

    Venha de lá essa coragem!
    Kamikaze (L.P.) said...
    Nós todos pagamos o serviço do Manel no Ministério(?)??? ah ah ah, essa é boa e se fosse verdade era mal pago, apesar da mania das cabalas, pois não deve receber horas extraordinárias e escreve sobretudo de noite...
    Kamikaze (L.P.) said...
    O anónimo da Pj também não se safa nada mal a fazer insinuaações... à atenção da Tânia Laranjo.

    José, tem andado muito sumido...é pena.
    Manuel said...
    Kamikaze,

    Um boa "cabala" é como uma boa mentira, 99% tem quer ser perfeitamente "natural". Cada um acredita no que quer, e vê o que quer ver, até pode escolher - se durante se só depois...
    Kamikaze (L.P.) said...
    Ilações da informação disponível ao comum mortal na K7 pirata.
    josé said...
    Pois, cara Kamikaze, isto de escrever em blogs pode também tornar-se um hábito que nos agarra o querer. E eu não gosto muito disso. A liberdade de poder ligar e escrever, se apetecer, deve sobrelvar a tirania do estar aqui sempre a espreitar. Além disso, há vida lá fora...e cá dentro também. São cerca de três e meia da manhã e estou ainda aqui a teclar. É insano, parece-me.

    No início, costumava olhar para isto como um puro divertimento e um exercício de escrita. Ainda continuo a pensar assim e a não dar muita importância ao que escrevo ( e também ao que outros escrevem...). Há algumas excepções que se podem apanhar e aqui e ali. Um post; um comentário; uma observação que vale a pena ler ou reflectir. E é por isso que mantenho a ligação.

    Sobre esta Loja fiquei impressionado com os posts do Irmão António sobre a Galp Energia e vi que os blogs podem passar além do divertimento.
    Sobre o processo Casa Pia, continuo a achar que não sei o suficiente para poder pronunciar-me de cátedra. Aguardo o que virá. Algumas coisas pôem-me perplexo; outras nem tanto.
    COmo me considero um diletanto, mesmo em direito, vou alinhavando ideias em forma de posts para exercitar a escrita e dar uso ao acervo de documentos que tenho a mania de guardar. Até isso vai ficando démodé, com o Google. Há pouco, andei aqui a desencantar joranis e revistas antigas sobre o caso Watergate. Depois disso, fui ao Google: estava lá tudo o que precisava! Who needs more?! É esta a maravilha da tecnologia: aceder em segundos a material que nem sabemos que existe! Por isso, o que mes resta é Exorcizar velhas ideias; receber outras em troca e só gostaria que quem me lesse pusesse sempre um "grano salis" para calibrar disparates que por vezes saiem. Assim fico mais tranquilo.
    Aqui fica o statement, cheio de sono...
    Rui MCB said...
    Caro Carteiro,
    Essa causalidade também carece de prova: os blogues a corromper os até agora cavalheirescos media tradicionais?!
    Anónimo said...
    Um bom nome para a Direcção Nacional da Polícia Judiciária seria, por exemplo, o Sub-Director Nacional Adjunto na Directoria de Coimbra, Dr. Almeida Rodrigues.
    É um homem notável, tecnicamente irrepreensível, muito humano e conhece bem os meandros da casa. Não trabalha "para a fotografia", embora apareça várias vezes na comunicação social... Pelo menos sabe falar, tem propriedade nos termos e não anda sempre a sorrir dizendo atoardas como alguns outros o fazem, lá mais para o alto e frio... chegando, por exemplo, ao ponto de estar uma investigação em curso e já estar o Coordenador do D.I.C. a ligar para o local a inteirar-se dos pormenores para ceder gentilmente aos jornalistas. Aliás, dá-se até o desplante de ser determinado superiormente pelo Coordenador o contacto imediato com várias fontes da comunicação social para se dirigirem ao D.I.C. a fim de se inteirarem de todos os pormenores, os sórdidos e os outros... Cuidado, qualquer dia também são gravados.
    Por fim, não poderia deixar de sugerir um outro nome, o Dr. Daniel Proença de Carvalho ou, apesar de ser magistrada do Ministério Público, a Dra. Maria José Morgado que tem provas dadas no combate à criminalidade mais elaborada e complexa... entre mais alguns nomes que poderão os eminentes blogistas sugerir.

    Vox Populi
    Manuel said...
    Caro anónimo registamos o humor negro e as sugestões (nomeadamente do Proença), mas como suspeito que sabe muito bem publicitar nomes neste "virulento" blog não é a capaz de ser a forma de marketing mais eficaz...
    Anónimo said...
    Meu caro Manuel,

    Não estou - nem nunca o faria - a publicitar quem quer que seja e sou alheio a quaisquer credos ou cor política.
    Referi, apenas, pessoas que me parecem bastante válidas para o desempenho de uma função em que a separação de poderes não pode ser um fábula... tem que ser real.
    Tenho-o por perspicaz e já deve ter percebido que tudo o que aqui escrevo são desabafos e opiniões a título meramente particular. Não concebo, por uma questão de princípios, que existam escolhas condicionadas pelos mass media e não posso sequer pensar que um Director Nacional, seja ele quem for, seja um acólito do poder político vigente ou de qualquer outro poder. As funções requerem isenção e o eleito tem que ser alguém que saiba dar "um murro na mesa" e se mantenha afastado de lobbies, corporativismos ou sociedades secretas.
    Não estou a fazer campanha por ninguém, mas poder-lhe-ia ainda referir mais alguns nomes como o Director Nacional Adjunto na DCCB, Dr. Ferreira Leite ou, porque não, alguém com o perfil do Dr. Rogério Alves, candidato a bastonário da OA?
    O que, de facto, me move é a instituição e não as pessoas, embora estas últimas não se possam dissociar... Não obstante, e para finalizar, temos é que nos deixar de escolhas por compadrio, por favores políticos ou institucionais, por aparências e, sim, dar prevalência ao profissionalismo sério e idóneo dos escolhidos para desempenhar cargos na alta administração em obediência ao ordenamento jurídico.
    Espero, portanto, que veja isto apenas como um "grito de Ipiranga" de um anónimo e não como qualquer campanha subversiva ou de eleição.

    O meu muito obrigado

    Fiat lux

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