"Poema da morte aparente"
domingo, agosto 22, 2004
Nos tempos em que acontecia o que está acontecendo agora,
e os homens pasmavam de isso ainda acontecer no tempo deles,
parecia-lhes a vida podre e reles
e suspiravam por viver agora.
A suspirar e a protestar morreram.
E agora, quando se abrem as covas,
encontram-se às vezes os dentes com que rangeram,
tão brancos como se as dentaduras fossem novas.
António Gedeão, “Linhas de Força”, 1967.
Publicado por Gomez 17:58:00
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