As rãs que pediam um rei
terça-feira, agosto 24, 2004
O artigo do jurista José Manuel Meirim, no Público de hoje, já se encontra transcrito, abaixo.
Meirim, José Manuel é homónimo de Meirim, Joaquim, um dos míticos treinadores do futebol português dos anos setenta. Tal como o Meirim da bola, também o Meirim jurista escreveu para A Bola, sobre assuntos de bola, antes e depois das SAD´s. Sempre numa perspectiva de técnico de juridicidades que dominará como poucos, atento o seu curriculum pouco comum, na área da teoria do desporto.
Sendo assim, não será de estranhar que no Público de hoje, José Manuel Meirim se dedique a driblar José Adriano Souto Moura, seu antigo colega no Conselho Consultivo da PGR e seu superior na PGR, enquanto o jurista Meirim se manteve por lá, como assessor do Gabinete do PGR, cargo que assegurou, certamente com competência e eficácia, desde 1988!
Que diz J.M. Meirim, no seu drible, perdão... artigo, no Público de hoje?
Além do mais, ao seguinte...
Para quem como eu, trabalhou na PGR durante um quarto de século ( 25 anos?!! Assim tanto?! Isso significa que andou pela PGR desde, pelo menos, o final dos anos setenta! ) , é muito triste constatar a progressiva deterioração dessa casa e, por via disso, consequentemente do Ministério Público, não obstante – estou certo disso- o esforço de muitos funcionários e magistrados.
Há, portanto, segundo o jurista J. M. Meirim, um descalabro na casa da PGR! A quem se deve a desgraça, segundo J. M. Meirim? Ele o diz...
O Ministério Público, por seu turno, está – todos o dizem em surdina e também todos o sabem – há muito tempo órfão de liderança.
É isso, então! Falta de liderança! Um líder precisa-se, para a PGR, segundo J. M. Meirim!
Para J. M. Meirim é claro que Souto Moura...
não tem- nem nunca teve - perfil para liderar uma instituição e um magistratura com tão importantes incumbências constitucionais e legais.
Este drible parece mais do estilo treinado por Mourinho do que pelo antigo homónimo. Para quem se lembra, este dedicava mais tempo à preparação psicológica dos jogadores e mandava-os treinar para o pinhal de Leiria, dar marradas aos pinheiros.
Porém, o drible de J. M. Meirim, parece-me, neste caso, mais uma rasteira ou até uma canelada!
Quem passa 25 (!!) anos na PGR a dar consultas a outrém, mormente ao Governo e a assessorar o gabinete de outrém, mormente o de um antigo colega, a meu ver devia dedicar-se mais à bola - teorizando sobre SAD´s ou ensinando teorias sobre a violência no desporto porque é isso que aparentemente sabe fazer. E deixar as caneladas e anti-jogo para os inimigos. Com amigos destes, ninguém precisa de inimigos.
E para fundamentar tal opinião, passemos num breve flashback, o episódio da queda do seu antigo patrão - Cunha Rodrigues que passou os anos 90 em sucessivas guerrilhas pela conquista de poder e de um lugar ao sol para o MP. O balanço de Cunha Rodrigues, já aqui o escrevi, a par com violentas críticas que também fiz, é globalmente positivo.
Mas não é preciso vir agora comparar e estabelecer paralelos como se esse fosse o paradigma a seguir. Não me parece. Os estilo de actuação entre o antigo e actual PGR são muito diferentes e prefiro abertamente o do actual, por motivos que me escuso agora de elencar detalhadamente.
Todos se lembram, certamente, do que foi dito e escrito sobre o antigo PGR, em 1999/2000, no rescaldo da investigação do Caso Moderna.
Cunha Rodrigues, muito mais do que o actual PGR Souto Moura, foi crucificado em directo, nos jornais e medias em geral, por motivos circunstanciais. Saiu por cima, mas ainda assim, pela esquerda baixa, para o Tribunal de Justiça das Comunidades.
Em 11 de Dezembro de 1998, o jornal O Independente, em artigo assinado por Pedro Guerra (sabem quem é, não sabem?!), titulava assim um artigo de página (2) inteira - "A Teia de Cunha" E subtitulava...
São os homens de Cunha Rodrigues. Espalhados por todos os departamentos do Estado, fazem parte da rede montada pelo procurador nos últimos catorze anos. Permitem-lhe saber tudo o que se passa.
Em 15 de Abril de 2000, o Público, em artigo assinado por E. D. (Eduardo Dâmaso ?), titulava... PGR vai até ao fim. E em subbtítulo - "Cunha Rodrigues cauciona actuação da PJ e do MP”.
Também nessa altura, os oráculos do costume anunciavam a morte prematura em directo e em serviço do então PGR, por motivos relacionados com “ilegalidades” e “derrota pessoal” de Cunha Rodrigues no Caso Moderna. Tal derrota, ter-se-ia ficado a dever ao facto de uma qualquer juiza do TIC ter “chumbado” as “pretensões” do MP quanto à prisão preventiva dos arguidos no processo Moderna.
Então, como hoje, as circunstâncias de ocasião serviam para as Cassandras do costume carpirem as mágoas habituais.
No mesmo artigo do Público, Cunha Rodrigues é citado como tendo dito, a esse propósito...
C. R. terá mesmo considerado chocante toda a agitação que se vive de cada vez que um caso toca a alguém de um estrato socio-económico elevado, sublinhando que, por força da conjugação de vários factores , não há um único processo relativo a personalidades poderosas que chegue ao fim.
Ora esta é que me parece ser A QUESTÃO.
Aqui é que seria importante ver e ler escribas que não se limitassem ao drible fácil e sempre para o mesmo lado, mesmo que seja de um Figo da escrita ou da Academia. Preferia mais ver um Zidane do MP a defender o que deve e tem de ser defendido - o princípio da igualdade de todos perante a lei!
E neste campo relvado e marcado a preceito, o melhor treinador ainda tem sido o actual PGR. É certo que não mudou a equipa- e devia ter mudado. É certo que não contratou jogadores – e devia ter contratado. É certo que não mudou sequer a táctica de jogo- e se calhar devia tê-lo feito.
Mas a verdade é que não interfere no jogo! Confia na equipa que tem e tem-na escolhido para os jogos que vai defrontando, contra equipas cada vez mais fortes e com treinadores sofisticados e a quem não faltam meios, até na comunicação social. As equipas são fraquinhas? Pois se o são, não culpem o treinador do MP. Olhem mais para o equipamento e para os campos de treino.
Atirem aos 25 anos (tantos quantos os que lá terá passado o articulista) de modorra e marasmo no MP, fruto combinado da acção e omissão de outros responsáveis – e que aparentemente nunca incomodou o antigo assessor do PGR Cunha Rodrigues e antes membro distinto do Conselho Consultivo da PGR.
Vir agora, na senda dos chacais, atirar ao índio cercado e ainda por cima com o argumento fraco de que o líder do MP tem de ser forte, obriga-me a citar Eduardo Maia Costa , um outro representante do MP e um artigo que este subscreveu no Público de 7/8/1995, intitulado “Nem justiceiros nem salvadores: apenas magistrados”
A dado ponto, escrevia...
Várias são, aliás, as ciladas que têm sido montadas para atrair e derrubar os magistrados mais activos. Uma das mais correntes é a de os envolver na acção político-partidária, tentando assim aproveitar o seu prestígio , por um lado, e desarmá-los completamente, por outro.
O caso do juiz espanhol Baltazar Garzón é exmplar, mas outros exemplos existem e não só em Espanha. Quando um magistrado se salienta, há que descobrir-lhe conotações político-partidárias, ambições políticas ou então convidá-lo para ingressar abertamente na vida político-partidária. Assim se manietará um elemento perigoso e se ganhará um trunfo ou um troféu no jogo político-partidário. Duma ou de outra forma desacredita-se o seu trabalho como magistrado e, por extensão, o papel do próprio poder judicial. O que os cidadãos podem esperar de melhor dos magistrados e do poder judicial é que cumpram, com rigor e eficácia , a função de garantes da legalidade que constitucionalmente lhes cabe.
Desafiam-se juristas e não-juristas, leitores ou não d' A Bola, dribladores de ocasião, a dizer ou escrever se o actual PGR Souto Moura tem algo que se lhe aponte, neste domínio.
A resposta, por mim, está dada há muito - Tem tido um comportamento exemplar! E raro!
Esse comportamento desculpa as demais deficiências, mormente aquela que agora lhe é apontada circunstancialmente - a falta de capacidade de liderança!
A este propósito, julgo curial e interessante reflectir nos ensinamentos da fábula de Esopo, "As rãs que pediam um rei”...
As rãs andavam muito amoladas porque viviam sem lei, por isso pediam a Zeus que arranjasse um rei para elas. Zeus percebeu a ingenuidade das rãs e jogou um toco de árvore no lago. No começo as rãs ficaram apavoradas com o barulho da água quando caiu o toco e mergulharam bem para o fundo. Um pouco depois, vendo que o toco não se mexia, subiram para a superfície e escalaram o toco. Aquele rei não prestava, pensaram, e lá se foram pedir outro rei a Zeus. Mas Zeus já tinha perdido a paciência e mandou-lhes uma cegonha, que num instante as devorou a todas.
Zeus queira...
Publicado por josé 16:24:00
e que vão dar marradas aos pinheiros ":O)))
Este José Manuel é alguma coisa ao Joaquim?
Sobre o Meirim, pouco sei. Sobre o outro Meirim, menos ainda.
Como pessoas, nada me interessam. Mas ao que escrevem, já ligo.
O Meirim da bola foi um bluff e durou duas épocas, "se bem me lembro". Este, de agora, é lente na Lusíada.
Mas andei à procura na net e achei esta anedota espantosa que até faz ricochete:
"Um clássico. Na chegada de Eusébio a Portugal, para ingressar no Benfica foi lhe posta a seguinte pergunta...
- " Eusébio, qual o seu marisco preferido ?"
À qual Eusébio vivamente responde...
- " TremoÇos!!!..."
Não sendo um campo onde eu tenho particular predilecção em colocar este debate, mas aproveitando a analogia com o universo futebolístico e reconhecendo-me eu como benfiquista, sempre tive, a título de exemplo, por Toni um reconhecimento de honesto e irrepreensível benfiquismo mas nunca o considerei, por isso, um grande treinador. Sempre achei que devia ter algo mais substancial, que apontasse caminhos e não se ficasse pela inquestionável integridade.
E quantos treinadores honestos e bem intencionados não acabam afastados por não gerirem a contento as insuficiências dos jogadores e da equipa, que têm que representar a sua imagem porque necessariamente da sua responsabilidade...
Muitas vezes por não saberem quando devem tomar o pulso.
No resto, um texto desmontado com observância pertinente.
Observador Divertido
Creio que era Meirim que punha os jogadores na pré-época pelo pinhal de Leiria, ali para os lados de São Pedro de Muel, nus a correr a subir a árvores. Meirim era um teórcio da psicologia, melhor ainda do que António Medeiros (quando o União chegar a Tomar todos os peixes do Nabão se urvarão perante ele!") ou Fernando Cabrita ("vamos a eles que nem tarzões!" e "deambulem!").
Há uns anos tive ocasião de rever Meirim como comentador na RTP. Mantinha o seu estilo e teorias inolvidáveis. Ao pé de Meirim, Gabriel Alves é um aprendiz.
Mas a verdade é que não interfere no jogo!"
Isto é um elogio? Ah ganda PGR!... É, na opinião do José, assim a modos que um homem-estátua. E isto é bom? E se ele também fosse invisível (e mudo...)?
Uma estátua é algo inanimado, quieto e mudo- nem um Fídias a põe a mexer- e as melhores são talhadas na pedra mármore, que é dura e perdura!
Um PGR estatui quando deve.
E este estatuiu logo no início que a investigação do processo da Casa Pia, era da competência exclusiva do MP e era orientada directamente por uma equipa que ele escolheu. A partir daí, a equipa jogou o jogo, sem atropelos e sem interferências, parece-me bem, do treinador. Continua a jogar e a entrar em campos adversários muito perigosos e com os jogadores confiantes de que não vão ser substituidos a meio do jogo.
Das bancadas assobiam e há uma claque que grita desalmadamente para mudarem os jogadores. Definitivamente, certos elementos da claque não gostam da equipa.
É essa a diferença nas estatuições de agora e das anteriores. Uma diferença muito grande e que só não entende quem não quer...
Souto Moura poderá não corresponder ao perfil "ideal" de um PGR para os tempos que vivemos (existirá um tal semi-Deus?). Porém, a sua idoneidade, seriedade e imunidade às pressões políticas e outras, são qualidades raras e absolutamente imprescindíveis ao exercício do cargo, muito particularmente num momento em que os poderes fácticos cavalgam o Estado dito de Direito e em que o lodaçal da morte da ética alastra, não poupando sequer as magistraturas.
Neste cenário, as insuficiências e inabilidades que agora se apontam ao actual PGR, serão claramente males menores, que podem até eventualmente ser supridos e que não põem em causa o cabal exercício das suas funções - como até aqui não puseram.
Pedir o seu afastamento, neste momento e pelos fundamentos que se alegam, serve apenas e só - objectivamente - a estratégia dos que querem desestabilizar e enfraquecer a PGR - cuja actual isenção preocupa muita gente... - ou dos que querem empossar um novo PGR, mais "político" e permeável à conciliação com os interesses que nos querem continuar a governar.
Se, pelo tipo de "gaffes" ou insuficiências que agora se imputam a Souto Moura, devessem rolar as cabeças dos mais altos responsáveis da res publica, nenhum dos actuais estaria em funções, a começar por Sua Exa. o PR...
beijinhos ";O)
As insuficiências e inabilidades não são males menores, são males. E devem ser reconhecidos como tal. Não há outra saída. É aqui que assenta a fragilidade da vossa pugna, por mais legítima e compreensível, pela dignificação da Justiça.
Caso contrário, cai-se no erro irrecuperável de começar a pesar comparativamente erros benignos com erros perniciosos, como se essa balança resolvesse a única qualidade que poderá resgatar o papel fundamental a desempenhar pela instituição judicial. A excelência.
Por outras palavras, a PGR não se coaduna a presonalidades que não lhe emprestem a força indispensável ainda que virtuosas na "idoneidade, seriedade e imunidade às pressões políticas e outras".
Se nos contentarmos com menos estaremos a ser cúmplices num apodrecimento contemplativo, encurralado numa angústia irresolúvel, não vos parece?
Observador Divertido
No caso e nos "males" a que concretamente nos temos referido, a m/ resposta é muito clara: não! Mas vejo com naturalidade que pense de outra forma. E daqui já não sairemos não é verdade?
Já a frenquentei, aprazivelmente, porventura antes de se ter inscrito.
Observador Divertido
Mr Vibrating I've told you once.
Man No you haven't.
Mr Vibrating Yes I have.
Man When?
Mr Vibrating Just now!
Man No you didn't.
Mr Vibrating Yes I did!
Man Didn't.
Mr Vibrating Did.
Man Didn't.
Mr Vibrating I'm telling you I did!
":O)))