os neo-marxistas de direita ou o liberalismo "cientifico"...

O marxismo, ou o socialismo cientifico, pode ser muito bonito no papel, mas se há coisa que a história nos ensinou é que as implementações práticas foram autênticos desastres, sem excepção. Com efeito a teoria - social, económica ou política - é de todo muito bonita mas não pode ser dissociada da realidade prática, concreta e factual.

Os diferentes escribas do Blasfémias assumem-se como o último estertor blogosférico do liberalismo puro e duro. Já em tempos afirmei aqui numa saúdavel polémica com o eclipsado Carlos Abreu Amorim que eu não era liberal, mas numa pose mais papista que o papa, os ilustres liberais daquelas bandas tem andado, por estes dias, a prestar um enorme desserviço à causa que dizem professar.

Vejamos o caso dos incêndios:

Questiona-se João Miranda...


Pergunta do dia
Se 88% das florestas portuguesas pertencem a privados, porque é que o estado é que é responsabilizado pelo combate aos incêndios?

De novo João Miranda...



Estatismo entranhado

O estatismo é uma coisa tão entranhada na sociedade portuguesa que a minha pergunta anterior chega a ser ofensiva. Afinal porque é que o estado tem que ser responsável pelo combate aos incêndios?

A estocada final de AAA...


Contra a cegueira do estatismo entranhado
Rural/Metro Corporation

As the nation's leading private sector fire protection provider, Rural/Metro is in the forefront of demonstrating how the public and private sectors can come together to provide top notch services for less cost through correctly administered emergency services.

Rural/Metro currently provides fire protection services to more than 25 communities, and responds to more than 60,000 calls annually. Studies have shown that Rural/Metro's fire protection provides residents with a higher degree of safety, while featuring comparatively lower costs. Rural/Metro's emphasis on fire prevention has resulted in an incidence of structure fires that is more than 300% lower than the national average.

In addition to community fire protection, Rural/Metro provides wildland, industrial and aircraft rescue and firefighting (ARFF) services.

Seguindo o mesmíssimo racicínio, e abusando da lógica agit-prop à João Miranda, reduzam-se já os papeis das polícias, ministério público e tribunais... Afinal numa boa parte dos crimes os lesados não são o Estado pelo que as vitimas que se amanhem... Talvez, quiçá, com uma miliciazitas populares ou privadas...

Depois é muito fácil dar exemplos do espaço exterior, de realidadade que não são comparáveis, muito fácil mesmo. Fácil, absolutamente irresponsável, para não dizer demagógico. Também eu quero um Estado mais leve, também eu quero um Estado mais flexível, mais regulador e árbitro que actor, também eu acho que num cenário ideal muita coisa que é feita pelo Estado deva ser feita por privados mas sejamos sérios - para isso é preciso um Estado transparente, um Estado que funcione, um Estado que fiscalize, um Estado que se dê ao respeito, tudo, mas tudo detalhes que o nosso Estado não é. Há alguma entidade reguladora que funcione decentemente em Portugal ? Por acaso o Estado cumpre os seus papeis de árbitro e fiscal ? Por acaso existe qualquer tipo de accountabbility por parte dos privados e do próprio Estado ? Não, a resposta é não, claro que não. E como a resposta é não parem por favor de demagogicamente pedirem para as coisas ficarem ainda piores do que já estão! O Estado que faça outsourcing à vontade mas primeiro que se defina e muito bem o que é core-business, do Estado, e o que não é, quais as regras, quais as obrigações e qual o preço, sim, o preço porque um verdadeiro liberal sabe muito bem que não há almoços grátis...


Publicado por Manuel 13:45:00  

5 Comments:

  1. josé said...
    Haverá algo de mais privado do que um grande escritório de advocacia " de negócios", como é a PLMJ, AM Pereira Sáragga LEal, Oliveira Martins & Associados , ou a Vieira de Almeida & Associados ou até a Morais Leitão, Galvão Teles, Soares da SIlva & Associados?!

    Pois bem! Na Visão de 6 de Maio de 2004, vem um interessante estudo sobreeste universo algo desconhecido. Entre outras afirmações: "(...) os advogados não se podem dar ao luxo de ter um mau relacionamento com a política", ou seja, com o estado-governo-partidos políticos.
    Não há liberalismo grátis. E o estado( nós todos), é quem paga a quota de leão, na maior parte dos negõcios em que intervêm esse alfobre liberal.

    A análise política não é um exercício simples. Tem muitas varáveis e muitas cambiantes e - parece-me- alguns paradoxos.

    O ultra-liberalismo do João Miranda afunda-se a si mesmo em contradições, digo que eu que me considero um diletante nestas coisas.
    zazie said...
    já no ano passado esta discussão com o maradona (que fez uma análise magnífcia) tinha mostrado como o irrealismo teórico pode ser tão pernicioso como qualquer outro pensamento quando se torna doutrina.

    Decepcionou-me muito esta discussão.
    Em última instância, a imposição da competição liberal em nome de tudo- incluindo de árvores que demoram 30 ou 40 anos a desenvolverem-se, parece-me tão perniciosa como a ideia de industrialização comunista. Para eles também valia tudo, independentemente das consquências e tinham como objectivo a mesma ideia de interesse colectivo.
    O grande problema é que não se joga na bolsa com interesses paisagísticos...
    zazie said...
    E estou de acordo com o pertinente título do post.
    è por estas e por outras que o realismo faz tanta falta... ";O)
    Carlos Loureiro said...
    Caro Manuel,

    Posso deduzir das suas palavras que se o Estado é mau árbitro, mais vale deixá-lo jogar?
    zazie said...
    o problema não é deixar o Estado jogar, é deixar-se jogar com ele. E joga-se sempre, como bem disse o José. A independência é uma coisa muito engraçada mas quem joga parada alta não é com isso que se preocupa ";O))

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