CSM - (mais) outro tiro no pé...


O Conselho Superior da Magistratura (CSM) esclareceu hoje que os critérios de acesso ao Supremo Tribunal de Justiça (STJ) estão fixados na lei e que "num universo de 84 opositores à graduação ao STJ foram apresentados sete recursos".

Este esclarecimento surge na sequência da notícia publicada hoje no "Diário de Notícias" em que o desembargador Américo Marcelino denuncia a existência de "abusos de poder", "favorecimento pessoal" e "nepotismo" no interior do Conselho, referindo que, "dos 63 juízes desembargadores mais antigos, nenhum ficou em lugar susceptível de promoção ao mais alto tribunal judicial".

Num breve comunicado, o CSM - órgão de gestão, disciplina e administração dos juízes - enfatiza que "os recursos são o meio próprio de impugnação" ou de "discordância decisória".

Quanto às críticas à composição do CSM, aquele órgão sublinha que esta é fixada na Constituição e na lei, "as quais, num Estado de Direito Democrático, radicam a sua legitimidade na cidadania".

Por último, o CSM reserva-se "o direito de reagir, nos termos e local adequados, a imputações que considera, a benefício de muita contenção, indignas e insultuosas".

O CSM é presidido, por inerência, pelo presidente do STJ, Aragão Seia, tendo como vice-presidente o conselheiro Santos Bernardino, eleito há poucos meses para suceder no cargo a Noronha do Nascimento.



Se dúvidas ainda houvesse de que de facto se passam fenómenos estranhos, pelo menos ao nível de mentalidades, para as bandas do Conselho Superior de Magistratura, o texto que acima se citou encarrega-se de as dissipar na plenitude. A lógica e o arrazoado evocados pelo Conselho Superior de
Magistratura são simplesmente de um estalinismo formal de fazer corar de inveja os velhos sovietes
.

Começam por recordar que "" existiram sete recursos, "meio próprio de impugnação" ou de "discordância decisória, para a seguir en passant mencionar - na prática - da inoportunidade da "discordância" dada a possibilidade d'"o direito de reagir, nos termos e local adequados, a imputações que considera, a benefício de muita contenção, indignas e insultuosas" i.e. a qualquer duvidazinha abstracta sobre os tais "critérios". Depois de ler o comunicado o motivo de espanto é mesmo terem havido tantos recursos - sete!

Publicado por Manuel 18:23:00  

3 Comments:

  1. Anónimo said...
    Foram os Sete Magníficos...
    josé said...
    Mano Pedro:

    Tu sabes concerteza a história daquele iconoclasta mor da antiguidade grega, chamado Diógenes.
    Em Atenas, na Ágora e arredores, andou com uma candeia à procura de uma pessoa digna, um Homem com H.

    Há concerteza alguns, no STJ e até no CSM. Serão os que mandam?! Tenho as minhas dúvidas, quando penso no modo como lidaram com a entrevista que o Alberto Pinto Nogueira deu recentemente. Triste. Triste reacção de quem se divorciou das noções básicas do mais básico que a democracia tem: a liberdade de pensamento e expressão.

    Aquelas almas que para lá estão, não admitem críticas. Nenhumas! De ninguém! Não estão habituados a ouvi-las e a lê-las e reagem assarapantados quando deparam com elas em letra de forma. Fizeram-no agora outra vez, ao lerem a primeira página do DN, receosos das imputações que lhes sáo feitas de abuso de poder e nepotismo.

    Serão justas?! Não sei.

    Sei que as pessoas em geral, têm o direito de saber quem são os elementos do terceiro poder do Estado. Têm o direito de saber quem são; de onde vêm e para onde querem ir.

    E eles têm o dever de prestar contas, não se encerrando na torre de marfim.
    É assim a democracia, onde os órgãos de informação também têm lugar de sindicantes da vida democrática.

    Não é admissível que elementos do CSM façam pressões para calar este ou aquele, seja através de inspecções, seja através de recados a quem as pode fazer.

    O meio judiciário é pequeno e tudo se sabe de todos, se nisso houver vontade.
    josé said...
    E a propósito disto, se o CSM quiser mostrar maior transparência, porque não mostrar na tv ou nos jornais, como se avaliou uma ou duas das candidaturas ( ou opositores...) ao concurso.

    Eu, pela minha parte, sugeria a análise da candidatura de um deles. Podia ser, por exemplo, o de um inspector que passou de um modesto sexagésimo e tal lugar para um seguríssimo 2º ou terceiro lugar na lista e que fará dele um juiz supremo dentro de pouco tempo...

    O nome? É ver a lista.

Post a Comment