as regras do jogo (I)
domingo, julho 04, 2004
Há quase 2000 anos Pilatos questionava-se sobre o que era a Verdade; Hoje, neste cantinho à beira mar plantado a Verdade é, na prática, o que menos interessa.
Habituamo-nos a ver mentir e a ser enganados. Espantamo-nos quando é alguém é sincero ou fala a verdade. De políticos a dirigentes desportivos espera-se tudo, que ganhem, que apresentem resultados mas ninguém acredita que falem e nos digam verdade.
Falar verdade é a excepção, não a regra, porque os fins justificam os meios. E o meio é ganhar a todo o custo.
Anteontem ficamos a saber que Rui Calafate, uns dos inúmeros spinners de Santana, presume-se que ainda a expensas da Câmara Municipal de Lisboa, espalhou deliberadamente falsidades objectivas sobre o que disse Ferreira Leite no último Conselho Nacional, ontem ainda ficamos a saber que esse jornal paladino da ética e da Verdade dirigido por Inês Serra Lopes, mentiu descaradamente e conscientemente quando proclamou um alegado apoio de Cavaco a Santana que o próprio veio a terreiro desmentir... Mas ninguém se espanta porque é normal.
É normal estes políticos mentirem porque nós próprios já não aguentamos a Verdade. Temos uma visão tão má do sistema, e da sociedade em geral, em que estamos inseridos que nos declaramos impotentes para fazer seja o que for, e por isso que venham os mentirosos patológicos...
... E no entanto a Verdade anda por aí, nas mais estranhas formas. Ainda há gente honesta, gente pura, gente que sonha, gente que acredita, gente que ama, não é preciso ir longe, basta dar uma volta por aí, pela blogosfera. Ainda não chegaram à política mas andam por aí.
E se a política não vem ter com esta gente - que aliás despreza - talvez seja afinal esta a altura de agregar forças e vontades e lutar abertamente por uma nova Política, com novos políticos, com uma ética e uma esperança renovadas.
Afinal não merecerá Portugal mais, e muito melhor, do que a cambada que se amanha por detrás de Ferro e Santana ?
Publicado por Manuel 04:45:00
Falta a informação acerca da identidade dos membros das ditas. Porque preferem o secretisno à transparência?! É um segredo, mas este de polichinelo: o poder que querem ter, numa aspiração legítima de quem quer influenciar outros, depende dos arrajinhos entre eles! Assim, preferem conquistar lugares de influência, supondo que a eficácia será tanto maior quanto o desconhecimento que os outros possam ter desses arranjos e amiguismos de clube.
O problema disto é que em Portugal, as escolhas de pessoas para os postos de chefias, nos departamentos do Estado, no alto funcionalismo e nos lugares de decisão públicos, aparentemente, são feitas por critérios obscuros.
Em princípio, toda a gente concorda que um director de Polícia, por exemplo, possa ser escolhido tendo em conta a sua competência específica para o cargo. Mas os critérios para aferir essa competência é que já não são pacíficos e dependem de quem escolhe. E assim sucessivamente, na cadeia hierárquica.
Os clubes maçónicos congregam pessoas que se reunem e tratam de assuntos de interesse comum. Se esses assuntos também forem de Estado, como por exemplo a feitura de leis e regulamentos, discutidos nesses locais em vez das comissões ou do COnselho de Ministros, a porca começa a torcer o rabo.
Se as pessoas que se escolhem para aqui ou ali, começam a ter um perfil comum a determinadas fidelidades, porque no vértice da pirâmide se encontra um qualquer venerável ou sapiente mestre ( Maçonaria, Opus, ACP ou de outro clube qualquer), isso é um problema para o país, porque a transparência dos actos legislativos e governativos é irremediavelmente afectada. AS leis querem-se gerais e abstractas e as decisões públicas em prol do bem comum que é definido politicamente em programas abertos e aprovados na AR.
Se a execuçã concreta dos programas passa a ser orientada pelo Oriente Lusitano ou pela Fénix ou pela Obra Sagrada, temos problema à vista.
Este problema será tanto mais grave se o espírito de clube secreto assentar arraiais nos titulares do Poder Judicial: cada decisão de um tribunal é uma decisão de um órgão de soberania. Uma decisão irrecorrível, como são as do STJ ou do Tribunal COnstitucional, deste modo, não pode e não deve ser tomada por quem pertença a ordens secretas e por isso é influenciado. Pura e simplesmente, perde a independência e a isenção. Quem não tem feitio para ser independente, que seja almocreve toda a vida. Mas ao menos não prejudique a vida da comunidade, cometendo injustiças e iniquidades, em nome de um interesse que é espúrio à própria ideia de justiça, embora pretenda identificar-se com ela.
Sobre a Maçonaria, aqui fica um excerto do ideário de uma das LOjas- a Respeitável Loja de S.João, Honra e Dignidade, com o nº509 do Grande Oriente Lusitano, a Oriente de Lisboa.
"A forma da Loja é discreta e secreta, pois é essa a forma que a tradição, o uso e o costume sempre conferiram às lojas maçónicas.O conteúdo da Loja é um Segredo. Um Segredo, que é transmitido desde sempre entre maçons e que só o evento da iniciação pode despoletar o seu desvelamento.Os maçons de todo o mundo dedicam-se ao trabalho da edificação de uma Catedral, para que ao fechar da cúpula se veja a Cidade justa e perfeita. Esta página, deseja ser uma pedra da construção desse edifício, pois vemos que a Cidade se completa, de uma forma muito longe do ideal maçónico. A construção da Cidade é razão dos maçons, que dela fazem seu respirar, cultivando os princípios que fundam a Maçonaria."
Se se dedicassem à pesca...