reflexões breves sobre a banhada...

  • O PCTP/MRPP de Garcia Pereira vale mais eleitoralmente que a Nova Democracia de Manuel Monteiro. A ND cumpriu a sua irónica missão histórica que foi a de forçar a coligação PSD/PP nestas Europeias e assim salvou Portas de um resultado humilhante caso o PP tivesse de concorrer a solo. Quanto a Monteiro kaput.

  • Numa altura em que se questionam e discute a reformulaçao dos métodos de comunicação com os eleitores a mais virtual de todas as forças políticas - o BE - praticamente sem bases, sem aparelho e com uma existência quase só e apenas mediática tem um resultado notável conseguindo confortavelmente eleger Miguel Portas

  • O PC, fruto porventura de uma maior abstenção, aguentou-se estoicamente retendo o núcleo duro do seu eleitorado tradicional.

  • Como previsto sem qualquer surpresa o PS venceu. Ferro pode continuar a sonhar - e sonhar apenas - que o poder lhe caia no regaço enquanto não tornar a haver surpresas um dias destes numa qualquer esquina.

  • Quanto ao PSD, que teve hoje uma das piores gestões de noites eleitorais de que há memória naquele Partido, os verdadeiros problemas vão agora começar.

    A desculpa da herança socialista já não cola mais, se é que ainda colava, muito por via dos insultos a Sousa Franco que, com todos os seus defeitos, foi de longe o melhor Ministro das Finanças de Guterres.

    Para quem ainda dúvidas podesse ter ficou hoje demonstrado que uma coligação com PP não é uma mais valia para o PSD. Hoje foi pois o primeiro dia do resta da vida desta coligação. Portas e Durão são intrinsecamente dois cínicos e calculistas a partir de hoje com interesses próprios mutuamente exclusivos.

    Portas e o PP controlam presentemente a Defesa, a Segurança Social e a Justiça e metem o nariz q.b. na Administração Interna. Qualquer remodelação - que é inevitável - obrigará a renegociar a quota do PP neste Governo, quase invariavelmente em prejuízo do PP.

    A perda da pasta Justiça por parte do PP é inevitável e as almejadas pastas da Administração Interna ou da Economia parecem inatingíveis pelo que a Portas, que também tem a sua quota parte de contingências no seu Ministério, e ao PP interessa acima de tudo adiar a remodelação o mais possível.

    Portas sabe que quanto mais tarde ocorrer a remodelação maior desgaste sofrerá o PSD em futuros embates eleitorais, até porque da retoma nem sinais, um desgaste assimétrico já que o seu PP pode facilmente voltar ao seu papel anterior de partido de nicho logo menos sujeito a um voto de protesto que a maioria centrará como contra Barroso e o PSD. Portas sabe também que nas próximas autárquicas o PSD pode vir a precisar dele pelo menos em autarquias chave como Lisboa ou Porto...

    Depois temos Barroso, e o PSD, a quem interessaria - partindo do pressuposto de que há réstias de lucidez naquelas cabeças - uma remodelação a sério a curto prazo. Se por um lado isso, como vimos atrás, não interessa manifestamente ao PP, por outro lado vai ser observar curioso que caras novas é que Barroso consegue captar para o seu Governo, se é que as consegue, ou se vai, ter que, optar de novo por recuperar relíquias de segunda linha do cavaquismo. Sendo que o Primeiro Ministro será sempre Durão Barroso com as virtualidades que se lhe desconhecem.

    Outro motivo de preocupação para Barroso vai ser o aumento exponencial do grau de intriga interna no seio do PSD. Luis Filipe Menezes foi o primeiro a saír da casca mas não vai ser certamente o último. Barroso ainda se vai arrepender dessa chico-espertice monumental que foi marcar o Congresso antes das Europeias... E ainda há o dossier presidenciais...

    Em suma, e como diz o povo, continua(re)mos entregues à bicharada...

Publicado por Manuel 23:23:00  

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