Memória
sexta-feira, junho 11, 2004
Muito pouco há a dizer. A morte entrou-me pelo telemóvel pouco passava das 10 da manhã e pouco mais há a dizer sobre as razões, o que se passou ou que se deixou de passar. Deixo o caciquismo local para sede própria porque nestas coisas há uma razão mais forte que me obriga a conter-me em palavras - o respeito.
Várias vezes aqui critiquei os governos PS dos quais Sousa Franco fez parte. Uma vez disse que ele foi o melhor ministro das finanças que o PS conheceu, se exceptuarmos Medina Carreira.
Independentemente dos erros políticos, não tive o prazer de o conhecer pessoalmente, limitei-me a criticar ou a elogiar as suas medidas, os seus dicursos, os seus eventuais lapsos ou erros enquanto político. Hoje elogio o seu comportamento como Homem, o seu percurso académico que muitos elogiam. Mantenho tudo o que disse sobre ele. Todos os erros que na minha óptica terá mantido enquanto ministro das finanças.
Para mim, esta é a melhor forma de o homenagear. Manter vivas as suas memórias, as suas vitórias políticas, os seus erros económicos. Por não ter sido de facto um político vulgar, mas sim um político com coerência, que não se coibiu de criticar quando devia criticar ou de se remeter ao silêncio quando achou necessário.
Seria do maior despudor democrático, estar aqui a justificar a atitude de outros. Nestas coisas, como Paulo Pinto Mascarenhas diz, cada um sabe de si e Deus sabe de todos. É pena, que nem sempre, nesse mesmo blog, esse lema não seja seguido. Ou melhor seja seguido apenas para dar lições de moral quando os papeis estão invertidos.
Na vida como na política, caro Paulo Pinto Mascarenhas, as desculpas não se pedem... evitam-se.
Que Sousa Franco descanse em paz.
Nota 1. - Saíram ontem resultados do primeiro trimestre da nossa economia. Por natural respeito à memória de Sousa Franco, guardo a análise para segunda-feira.
Nota 2. - Uma nota triste, igualmente, para o óbito do deputado Lino de Carvalho. Importante na luta anti-fascista, serviu durante 17 anos o Parlamento Português. Faleceu ontem. Que a sua memória perdure para sempre e que a sua alma descanse em paz.
Publicado por António Duarte 18:50:00