Eu peão me confesso... jogo do lado da Vontade

Se as notícias de que Durão Barroso será o próximo presidente da Comissão Europeia podem deixar alguns portugueses cheios de orgulho, a verdade é que muitos dos que hoje sentem orgulho são os mesmos que ontem diziam que ele Durão Barroso, era um péssimo primeiro-ministro, que não possuía sentido de responsabilidade e que o poder lhe tinha caído nas mãos, fruto do abandono ou fuga em frente de António Guterres.

Na altura, todo o país criticou o sentido de irresponsabilidade que Guterres teve ao abandonar o barco, como consequência de um mau resultado do partido nas autárquicas e nas eleições seguintes o eleitorado decidiu “premiar” o PSD com a vitória. Durão Barroso era para alguns o homem errado no lugar certo, com a agravante da hora ser a errada.

Passados, quase dois anos e meio, de uma política muitas vezes contraditória, de reflexos feitos à custa de golpes e contra golpes, de várias crises internas no governo, mas à custa de uma coligação que manteve várias vezes, vários ministros, que nunca lá deveriam ter posto os pés. Não foram poucas as vezes que o ouvimos falar em sacrifício, “apertar o cinto”. A verdade é que por culpa de uma política económica contraccionista, que afectou o investimento privado e a procura interna, o país mergulhou numa recessão. Durão pediu calma, e disse várias vezes para confiarmos na sua política e no seu Governo, pois ao meio da legislatura as coisas mudariam.

A verdade é que dois anos e meio depois, Durão, e na primeira oportunidade, abandonou o país. Como se não bastasse abandonar o país, deixou o mesmo a mercê de quem nunca esteve, não está e nunca estará preparado para tomar o pulso ao país.

Não partilho, e ainda que se possa pensar, que ser presidente da comissão europeia (PCE) seja automaticamente um prestígio para Portugal, apenas pelo simples facto de o seu presidente ser português. Pura mediocridade no pensamento. O facto de Durão ser PCE, apenas será prestigiante para o país se o seu trabalho à frente do mesmo o deixar com créditos suficientes para tal. Não é a pessoa que engrandece os actos mas sim os actos que engrandecem as pessoas e os cargos que elas representam. <>Nesta lógica a Jorge Sampaio terá restado o papel figurado de besta.

Besta porque ou matava o sonho de Barroso ou ficava na história como cúmplice de um governo sombra, que mete medo à própria sombra.

E se Durão abandonou, tal e qual Guterres, o País, ao país pergunta-se agora o seguinte.

Será preferível um português medíocre à frente de uma Comissão Europeia ou um conceituado e astuto comissário de uma pasta como a defesa ou as relações internacionais que por acaso nasceu em Portugal?

Se usarmos o argumento ainda que medíocre do "prestígio", obviamente que Durão terá trilhado o caminho certo, para esses medíocres. Se usarmos a cabeça, e pensarmos não no prestígio, mas naquilo que efectivamente poderemos fazer, e que alguém poderá fazer por Portugal, então e instintivamente escolheríamos a segunda via.

O problema, é que aqui também há terceira via. Deveria ter desconfiado que algo se passava quando numa conferência sobre "ética", promovida pela Maçonaria (!), Santana Lopes fez referências ao Pacto de Estabilidade e Crescimento. Ele que nunca falou de economia. Santana pode ter experiência de autarquia mas ainda assim e pela forma como geriu o túnel do Marques e a Figueira deixa-me apreensivo.

O problema aqui não é Santana mas sim a sua ingerência. O problema aqui não é Durão ter abandonado mas sim o país ter-se, durante dois anos, colocado economicamente no vermelho, tudo em nome da consolidação orçamental e tudo em nome do PEC. Ao contrário de Santana Lopes, várias vezes defendi aqui o propósito de cumprirmos os 3,00% de limite. Ao contrário de Durão, discordei muitas vezes da forma como isso estava a tentar ser conseguido. A verdade é que não foi com a consolidação orçamental que Durão ganhou prestígio em Portugal. Simplesmente porque não o conseguiu.

Mas pior abandona no meio da legislatura o seu “projecto”, tudo em nome, do "prestígio do país. Na lógica acima referida, Durão embarcou pela mediocridade. Nada que nos surpreenda.

O pior de tudo isto é que o próximo governo foi decidido “Na Sacramento à Lapa”, com várias ingerências e conquistas. O famoso calculismo de um certo PSD, onde muitos ainda à espera ou simplesmente à margem, por terem uma ideia diferente do que se perspectiva ser este governo. Tudo em nome do "prestígio".

Ninguém certamente me responderá, mas a verdade é que não me sinto conformado com a situação. Não me conformo que os poucos resultados de rigor de Manuela Ferreira Leite, sejam, hoje abandonados à custa do facilitismo. Não me conformo que tenham sido dois anos perdidos e onde todos os sacrifícios foram em vão.

Decididamente quero acreditar que neste país, existem pessoas capazes de se soltar das amarras e enfrentar o “animal”. Isso sim seria prestigiante. Não em termos de conquista individual mas sim em nome do futuro de um Portugal responsável, economicamente e socialmente mais rico.

E se a coragem depender das forças das tropas aos generais que estão “encasernados” lembrem-se de um lado está a mediocridade e irresponsabilidade. Do outro está a vontade e o querer um futuro para Portugal, diferente do que infelizmente temos assistido.

Agora, caros "generais" é só escolher por que tabuleiro jogar.

N. A. O processo Galp Energia está emperrado na Comissão Europeia. A mesma tem dúvidas quanto ao papel da Iberdrola neste processo e no futuro papel da EDP Gás. António Mexia já é falado para Ministro da Economia...

Publicado por António Duarte 04:02:00  

2 Comments:

  1. zazie said...
    mas o cozinhado não foi só a 2, foi com todos ";O)
    António Duarte said...
    Caro H

    Nao se trata de concordar ou não com a ida de Durão Barroso para Bruxelas. Para começar todos sabemos que para o cargo de PCE é escolhido alguém que não consiga sobrepor-se aos países ricos. Foi assim,com Delors, Santer e Prodi. Acontece que Delors inverteu logo no primeiro dia todo o parlamento. Santer e Prodi não.

    Todos sabem que Vitorino membro do PS, chegou inclusivé a ser falado como candidato pelo PPE. Quer mais garantias que uma pasta estava à partida garantida ?

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