estórias de um portugal menor - parte II

A notícia sobre o túnel secreto que Carmona Rodrigues pretende erigir debaixo do rio Tejo, e já aqui comentada, mereceu do próprio, aquando da apresentação do projecto no jantar do Harvard Portugal Club, o adjectivo de faraónico.

Entre muitas coisas que aqui já foram ditas, sobre o assunto, existem duas, que merecem naturalmente a nossa reflexão, e tiro daqui a devida vénia a Luís Miguel Viana no Diário Económico de hoje...


A falta de coragem política de sucessivos governos tem vindo a perpetuar um regime de portagens baratas na Ponte 25 de Abril, acarretando para os cofre do Estado uma dupla despesa : Dezenas de Milhões que o Governo paga em título de compensação à lusoponte para não cobrar aos automóveis portagens idênticas à Vasco da Gama, e as dezenas de Milhões de Euros que se pagam à Fertagus por o comboio não transportar os passageiros mínimos contratualizados aquando da entrega da exploração


Perante isto, parece-me a mim, óbvio, que gastar 1500 mil milhões de euros, reafirmo, tratando-se de um país com enormes dificuldades, e concerteza com outras prioridades, só poderá ser uma autêntica heresia de Carmona. É óbvio e salta à vista de todos que os movimentos pendulares diários entre Lisboa e a Margem Sul dispõem de oferta superior à procura...

  • Os tradicionais cacilheiros

  • O comboio na Ponte

  • Os autocarros que param quer no Marques, quer na Praça de Espanha, com as devidas conexões em metro

Quando estiver concluído o metro ligeiro de superfície, da margem sul, esta irá dispor de uma estrutura ligeira de transporte, com interface em Cacilhas – consequente ligação via marítima a Lisboa – e no Pragal – ligação ao comboio.

O problema, meus caros, é que por razões que agora não vem ao caso, mas que estão certamente relacionadas com a necessidade de manter o nível de consumo de combustíveis elevados, os governos tem e volto a citar...

incentivado o transporte automóvel unipessoal entre as duas margens, e sem alterar esta premissa, não faz sentido em vir melhorar agora o transporte público em Lisboa.

Ora e sobretudo num governo com dificuldades nas finanças públicas, ainda que a contra a senso, esteja a pensar, em impor portagens nas auto estradas do interior, alegando ... situação das finanças públicas deficitária e o por mim defendido princípio do utilizador-pagador. Esta medida é contraditória.

O problema, caro ministro, é que esse princípio, tradicionalmente e economicamente à direita, deve ter sempre associado um outro que se chama o custo de oportunidade e se quiser ser mais preciso - a utilidade marginal do mesmo.

E aqui, perdoe-me a lição de economia acima, ao introduzir o metro no Tejo, para além de mandar os cacilheiros dar uma volta, os carros continuarão a entrar em Lisboa de uma forma massiva porque, como acima se disse, falta coragem para assumir um conjunto de premissas que todos já vimos e que todos suportamos diariamente nas compensações pagas à Lusoponte e à Fertagus.

Publicado por António Duarte 17:33:00  

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