A estirpe moral de Ataíde das Neves e Adelino Salvado

Ataíde das Neves, novo responsável da Directoria da Polícia Judiciária do Porto, e certamente involuntariamente demonstrou hoje na sua primeira conferência de imprensa no exercício das suas novas funções porque é que não tem qualquer condição objectiva ou subjectiva para exercer o cargo e, tal como Adelino Salvado, para permanecer na Polícia Judiciária, uma instituição que se quer séria e credivel.

Com a maior das canduras Ataíde das Neves veio confirmar aquilo de que já se suspeitava - Desmentindo, e na prática chamando-lhe mentiroso, Adelino Salvado ficamos a saber que afinal não foi a detenção para interrogatório do pai e irmão de Artur Oliveira, ex-director da PJ do Porto, que desencadeou a decapitação na maior directoria da Judiciária.

Ataide das Neves afirmou hoje, aos jornalistas, que foi contactado por Adelino Salvado e fez a sua própria equipa bem antes de Artur Oliveira se ter demitido logo antes da detenção dos familiares deste ter ocorrido.

Mas Ataíde diz mais - afirma inequivocamente que a decapitação dita de remodelação era inevitável, quer Artur Oliveira se demitisse ou não. Depois, e num exercício de deslealdade extrema para com membros de uma instituição ,que ao contrário dele já não precisam de provar nada, e desmentindo de novo Adelino Salvado, Ataíde não se inibiu de afirmar que não conservou os dois subdirectores - Teófilo Santiago e João Massano - da equipa do director cessante, Artur Oliveira, "por não ter confiança neles". "Não me ofereciam as garantias de solidariedade pessoal que considero essenciais para estas funções", disse.

Hoje, ficamos a saber, na primeira pessoa, que na PJ, e em Portugal, quando se quer demitir alguém não se tem uma conversa franca e leal, antes se detém para interrogatório uns familiares.

Hoje, 30 anos passados sobre o 25 de Abril ficamos a saber que há na PJ quem aja segundo timings que nada tem a ver com o rigoroso e estrito cumprimento da Lei.

Hoje, ficamos a saber, graças a Ataíde das Neves a quem o País deve estar grato, que o que o Director Nacional da Polícia Judiciária diz não é para levar a sério.

Ora, o País não se pode dar ao luxo de ter uma PJ em que o seu Director Nacional é caracterizado objectiva e factualmente por um seu subordinado como alguém que falta compulsivamente à verdade.

A PJ é, deve ser, o orgão de polícia criminal e não um qualquer instrumento ao serviço de interesses inconfessáveis.

Publicado por Manuel 19:08:00  

3 Comments:

  1. josé said...
    Acabei de ver da RTP 1: incrível!
    Incrível! Estes tipos perderam o tino?
    Alexandre said...
    este tipo é mesmo lapuz... fez-me lembrar o ratinho, com aquela agitação toda.
    Luís Bonifácio said...
    A intervenção de Ataíde das Neves teve pelo menos um ponto positivo. O Homem não se pôs a declamar poemas

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