Especial Euro 2004 (I)

Quilos de frustração mas uma réstia de esperança

Confirmando uma estranhíssima tentação para a desgraça, a selecção nacional começou da pior maneira a sua campanha no Euro 2004. No dia de arranque do "maior acontecimento alguma vez ocorrido em Portugal", esta Venerável Grande Loja começa aqui um especial que se prolongará até ao final do torneio.

Não necessariamente todos os dias, mas com uma grande regularidade, acompanharemos o desenrolar da prova, com análises ao desempenho de cada uma das 16 selecções presentes. Cada jogo merecerá também notas, de modo a determinarmos, no final, a selecção que melhor se comportou (não será forçosamente a vencedora...)

A frustração é o sentimento que neste momento domina, de forma incontornável, os adeptos portugueses. A equipa de Scolari esteve abaixo do que lhe era exigido mas convém referir, logo de início, que o balanço não nos parece ser tão negativo como o resultado deixa antever.

Claro que lá voltamos a estar reféns dos últimos jogos, das contas de máquina calculadora na mão e, malfadada sina lusa, proibidos de cometer deslizes na recta final. Mas a verdade é que se houve jogo em que Portugal teve azar, muito azar, foi neste com a Grécia.

A equipa das quinas criou, sobretudo nos últimos 25 minutos de jogo, oportunidades mais do que suficientes para sair vencedora. Mas nunca pôde jogar de forma serena e tranquila. Começou o encontro nervosíssima, foi vítima de um erro infantil (inexplicável?) de Paulo Ferreira - logo ele, que quase nunca erra - e quando começou a desenvolver o futebol de que mais gosta, já estava a perder por 0-1.

E não nos podemos esquecer que do outro lado estava uma Grécia muito forte, muito organizada, que pode surgir como a grande surpresa deste grupo A. Os gregos aproveitaram ao milímetro quadrado as falhas portuguesas e mostraram ser um conjunto muito pragmático, com uma defesa consistente (Seitaridis fez um grande jogo, o FC Porto, de facto, não dorme...) e um contra-ataque venenoso.

Sem qualquer ponta de patriotismo, ou mau perder, julgo que o empate seria mais justo. Mas quando falo de um balanço não totalmente negativo falo, sobretudo, das seguintes três ideias fortes:


  • O impressionante ambiente em torno da selecção. Confesso que pensei que este entusiasmo esmoreceria depois do primeiro falhanço, mas parece que fui eu que me enganei: o público no estádio e os adeptos nas ruas deram o benefício da dúvida à sua equipa e acabaram - com excepções como é óbvio - o jogo desta tarde a aplaudir a equipa e o seleccionador.



  • Scolari, que já tive a oportunidade de criticar veementemente nesta Venerável Loja, não me parece ter, desta vez, grandes culpas no insucesso - foi corajoso a lançar Ronaldo e Deco logo no início da segunda parte e estes mostraram-se as melhores unidades potuguesas nessa metade. O seleccionador não teve medo de mudar o sistema a meio do jogo e foi com dois pontas-de-lança que Portugal se mostrou mais perigoso.

  • O golo obtido no fechar do pano traz uma réstia de esperança. Não nos deu qualquer ponto, mas num grupo tão equilibrado como este, quem sabe se não nos será útil nas contas finais a fazer dia 20...


Tudo somado, neste Portugal, 1-Grécia, 2, e numa escala de 0 a 20, a Grande Loja14 a Portugal e 18 à Grécia

No outro jogo do dia de estreia, a Espanha, com um Raul em baixo de forma, mas beneficiando de vários trunfos alternativos (como Valeron, que saiu do banco e marcou na primeira vez que tocou na bola...), bateu a Rússia por um muito sofrido 1-0.



Antes do golo sofrido os russos ainda acreditaram noutro resultado. A < b>Espanha recebe um 16, a Rússia um 14.

Publicado por André 02:46:00  

1 Comment:

  1. zazie said...
    ó André pois a mim ainda ontem me garantiam que o Scolari é um idiota e que com ele a esquipa já era... ":O?

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