bruxo...


Nestes casos desencadeados pelo "Apito Dourado" e, agora, pela acusação do processo de Felgueiras, as novidades, como já aqui se disse em relação aos dois inquéritos, são outras. A mais grave, no imediato, tem sido o lamentável espectáculo dado por sectores da Polícia Judiciária, incluindo o seu director nacional, e do Ministério Público, que exibem em surdina ou através de outras vozes, a raiva quase incontida de estes serem processos que lhes passaram praticamente à margem, ou seja, não foram por eles controlados.

O processo de Felgueiras, aliás, é um verdadeiro caso de estudo, tal como o "Apito Dourado" ameaça ser. O "saco azul" foi investigado quase contra tudo e contra todos. Com escassos meios humanos e periciais, desbloqueados a ferros, este inquérito só foi mesmo investigado porque andou sempre bem longe de todo o tipo de hierarquias policiais e judiciais. O "Apito Dourado" resultou da plena autonomia da Polícia Judiciária do Porto e só faltava mesmo era que agora viessem dizer que, afinal, só estragou um "processo maior", certamente mergulhado há uns bons anos na opacidade, no mistério, no cinzentismo dos muitos depósitos deste país para processos que aguardam prescrição... Só faltava, também, que os magistrados e os polícias que nele trabalham levassem agora uns processos disciplinares por não terem avisado ao que iam na execução dos mandados de busca e detenção. Em Portugal é assim: quem trabalha só incomoda...

Eduardo Dâmaso in Público - 1 de Maio de 2004


Publicado por Manuel 00:48:00  

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