"Anda Barqueiro"!

Adelino Salvado disse, na cerimónia de tomada de posse das novas directorias, do Porto e de Coimbra, da PJ que


não tem que estar na defensiva

A notícia do acontecimento, respigada da TSF é do seguinte teor...

Adelino Salvado, que deu hoje posse ao novo director (Ataíde das Neves) e subdirectores (José Jorge Reis Martins e João Dias da Silva) da Polícia Judiciária do Porto, mostrou-se desagradado com a pergunta dos jornalistas, sobre a relação destas alterações e as investigações ao caso «Apito Dourado».

Anteriormente, o director nacional da PJ já tinha enfantizado que a PJ é imune a quaisquer pressões, insistindo na ideia de que «a lei é igual para Todos».

«Nenhuma» relação, «não tem nada a ver», foram as frases utilizadas por Adelino Salvado que, a dado momento, lembrou que é juiz de Direito há 30 anos e se alguém insinua que fez uma «deriva política» que o diga «quando e como», pois «não tem esses padrões de comportamento».

O director nacional da PJ explicou que os subdirectores substituídos (Teófilo Santiago e João Massano) colocaram o lugar à disposição, após a saída de Artur Oliveira, na sequência da detenção do pai e de um irmão deste último, no âmbito de uma investigação da PJ de Coimbra.

Estas explicações são tão convincentes que o PS e o PCP querem ouvir de viva voz o director nacional, mais uma vez na AR, a explicar o que se passou.

Não é a primeira vez que o director A. Salvado tem de ir à AR dar explicações quanto a demissões.

Desde a demissão rocambolesca de Maria José Morgado, de directora adjunta da PJ, com os contornos que se podem ler nas actas da comissão que então correu na AR que a prestação de Adelino Salvado à frente da PJ tem sido questionada, aqui e ali, precisamente por causa de suspeitas daquilo que agora o próprio nega, reafirmando-se imune a pressões e assegurando que ...

a lei é igual para todos

  • Lei igual para todos ?!

  • Imune a pressões ?

Pois então, vamos lá a mostrar isso na prática!

O director geral Adelino Salvado nunca teve tão boa oportunidade, na sua vida profissional, para o demonstrar e dar a ver aos portugueses, a quem deve lealdade, que o juramento que fez na tomada de posse do cargo que ocupa, foi um acto sério, antes dos abraços de felicitações.

Neste momento, em Portugal, há uma série de Inquéritos onde se investigam certos tipos de criminalidade económica e financeira. Há investigações que envolvem directa e indirectamente o financiamento dos maiores partidos políticos que aliás, fizeram e aprovaram as leis que proíbem as práticas sob suspeita.

investigações de pessoas ligadas a esses partidos e que são suspeitas de crimes relacionados, como corrupção, tráfico de influências e peculato.

Esses crimes que dantes se chamavam “de colarinho branco”, por razões óbvias e em Portugal, até há pouco tempo, eram estatisticamente raros, tornaram-se assunto de abertura de telejornal.

A opinião pública que dantes apenas desconfiava do enriquecimento súbito de alguns notáveis, passou a ter a noção de que “não há almoços grátis” e de que os favores se pagam - em notas ou em espécie. Por enquanto as suspeitas estão seladas nos processos em segredo de justiça e o que se vai sabendo, transpira depois das detenções, dos interrogatórios e das prisões, como é inevitável.

Mas já é suficiente para se ter a noção de que algo está a mudar, no habitual panorama português de “brandos costumes” e de corrupção estatística pontual e isolada e que contraria a noção desajustada no tempo que alguns responsáveis ainda vão dando, mostrando, ao mesmo tempo, uma grande incapacidade de compreensão do fenómeno.

Como surgiu “isto”?

Aparentemente, de forma anódina, através de um trabalho profícuo, de meses de investigação policial-judiciária, sob a direcção efectiva do MP. Exactamente como diz a lei e precisamente num timing controlado pelos responsáveis directos pela investigação.

Esta operação a que foi dado o nome de “Apito Dourado, por causa do sítio e do motivo, abalou as estruturas da investigação criminal em Portugal, mesmo que ainda não se queira reconhecer tal facto.

Abalou a direcção nacional da PJ, e abalou a direcção do DCIAP do MP, que ficaram ambas a ver navios e tentaram esconder a vergonha e o eventual despeito, a posteriori, em entrevistas contraditórias e já desfasadas.

Surpreendente e singular, que não haja qualquer dúvida!

Quem são os responsáveis por esta mutação paradigmática? Muito poucas pessoas! Dois magistrados - uma juiza e um procurador-adjunto do MP - e alguns polícias da Polícia Judiciária do Porto.

Tendo em conta a investigação criminal complexa que se desenrolou, aparentemente seria de esperar o apoio entusiástico de quem tem o primordial dever de a conduzir, neste caso a direcção nacional de uma polícia judiciária e superestrutura dirigente do MP.

Esperava-se a presença desses responsáveis nas TV´s, nos jornais e nas rádios, a explicar ao público o que tinha acontecido e o que estava em causa.

Essa atitude impunha-se, além do mais, por dois motivos:

  • Para explicar porque tinha sido realizada a operação e quais os resultados, mostrando-se assim à população em geral que os valores que as leis consubstaciam ainda não se transformaram en anti-valores.

  • E ainda para mostrar que as entidades que têm por missão específica a investigação criminal, actuam em harmonia e são profissionais competentes que merecem o aplauso de quem lhes paga o vencimento.


Foi isso que sucedeu?! É escusado responder à pergunta que já contém a resposta em si mesma.

E é por isso que o discurso do director da Polícia Judiciária, merece ser explicado no Parlamento. Parece que vai ser.

À semelhança do afirmado no Incursões, também aqui se partilha da ideia de que talvez fosse preferível a sua demissão, antes de mais uma vergonha anunciada.

Vergonha para o povo que elege, claro.

Publicado por josé 00:23:00  

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